Os números dizem que perdeu potência e rapidez no arranque, mas a prática revela que o renovado Suzuki Sport 1.4 Boosterjet, agora um mild-hybrid de 48 volts, é um automóvel capaz de surpreender os menos avisados. Ora aí está um compacto cheio de vida e agilidade que se tornou mais económico e continua a ter ume relação preço equipamento tão tentadora que pode começar nos 22 222€.

Entre os pioneiros dos mild-hybrid, a Suzuki replica no Swift uma solução que prima pela eficácia, já usada no Vitara e S-Cross O três cilindros 1.4 Boosterjet, agora com 129 cv em vez de 140, é apoiado por um sistema composto por um motor/gerador elétrico, uma bateria de iões de lítio de e um conversor – conjunto que pesa 45 kg! O resultado é um incremento na capacidade de assistência do motor elétrico e a entrega adicional de binário.

Proposta honesta este Suzuki Swift Sport que explora bem a tecnologia mild-hybrid de 48V, tanto no apoio ao motor de 129 cv como em termos de consumos. Vivo e despachado, ágil, está bem equipado, tem bom preço e… muito plástico

Ora, com isto ganha a aceleração, não se sente qualquer retardamento na entrada em ação do turbocompressor e, com a ajuda do peso reduzido, 1020 quilos, este Swift Sport como que proporciona um divertimento “à antiga”. Muito solto, muito vivo, caixa mais curta faz esquecer o segundo que perde para a versão anterior nos 0-100 (agora 9,1 segundos) e vai devorando rotações a um ritmo que chega a surpreender e só para nos 210 km/h…

Valores de consumo interessantes

Verdade que podemos encontrar mais rápido na concorrência, mas não por este preço nem com a capacidade para consumos muito razoáveis. Eu sei que foi sem pisar o risco, mas 5,5 em autoestrada a 120 km/h e 5 litros redondos no percurso suburbano são valores a ter em conta para aqueles que fazem contas, mesmo sabendo que os prazeres têm outro preço.

A dinâmica corresponde às expetativas. O dia da prova-dos-nove não foi o melhor, com piso molhado e escorregadio. Mas deu para ver a galhardia do Swift Sport em curva e perceber, sem surpresa, que o acelerador basta para dominar a fogosidade da dianteira, o temperamento subvirante próprio de um tudo à frente. Bem comportado, divertido e seguro.

Poderá haver quem entenda que devia exigir-se mais da direção, mas parece-me bem medida para a potência. Como gostei da caixa de velocidades, com aquele toque próprio da marca que também produz motos… Um compromisso interessante sobre uma plataforma que deixa perceber que pode muito mais, talvez penalizando o equilíbrio entre a eficácia e o conforto, mesmo num modelo com designação Sport.

Ambiente desportivo e muito plástico

A propósito registem-se as excelentes bacquets, o volante bem dimensionado e com boa pega, a posição de condução envolvente. O ambiente é de filosofia desportiva, mas não é o mais conseguido naquele festival de plásticos – e nenhum almofadado – que marca o interior. Salva-se a “pontinha” de tecido na zona do apoio de braços nas portas. E a decoração com inserções ao estilo da fibra de carbono, num tablier de design simples e nas portas. A consola foi bem aproveitada, mas dispensa apoio de braços.

O painel de instrumentos, marcado pelos dois grandes mostradores redondos é colorido e vistoso (fundo vermelho no conta rotações, cinzento no velocímetro), mas analógico e ainda persistem os dois grandes “espigões” para o conta quilómetros parcial e o computador de bordo, solução hoje incompreensível e que nem dá jeito. O ecrã digital está reduzido à expressão mais simples, mas não dispensa a navegação. Enfim, a verdade é que custa pedir mais!

O espaço à frente está na média do segmento e a largura não impede o conflito de cotovelos. Já atrás, o espaço é generoso para as pernas e em altura, mas a largura, apesar do túnel baixo, não garante conforto para três adultos, o que nem pode surpreender. Os bancos são curtos e não há apoio de braços central.

Quanto à bagageira, capacidade limitada (265 litros), base muito alta e um grande “buraco” entre a moldura da quinta porta e o fundo, a dificultar, sobretudo, a retirada de cargas mais pesadas.

Formas simpáticas e bom equipamento

O Swift mantém um estilo conhecido, mais apurado e sem grandes floreados, mais 5 cm de comprimento, e o toque desportivo com a grelha dianteira e os para-choques específicos, saias laterais, spoiler traseiro, duplo escape, com saídas encaixadas no pára-choques , pilares A e B em preto e puxadores das portas na cor da carroçaria. Proporções equilibradas, boa postura continua a ser um automóvel com formas consensuais.

O equipamento está em bom plano, com projectores automáticos, luzes diurnas e traseiras, tudo em LED, faróis de nevoeiro, arranque sem chave, bancos desportivos aquecidos, ar condicionado automático, volante em pele multifunções, ecrã tátil com Bluetooth, navegação e câmara traseira, cruise-control adaptativo e limitador de velocidade, retrovisores rebatíveis eletricamente e aquecidos com piscas incluídos, vidros escurecidos, jantes de 17” com superfície polida.

Proposta honesta este Suzuki Swift Sport que explora bem a tecnologia mild-hybrid de 48 V, tanto no apoio ao motor de 129 cv como em termos de consumos. Vivo e despachado, ágil, está bem equipado, tem bom preço e… muito plástico.

FICHA TÉCNICA

Suzuki Swift Sport 1.4T Hybrid 48V*

Motor: 1373 cc, gasolina, turbo, injeção direta, mild-Hybrid 48 V, start-stop

Potência: 129 cv/5500 rpm

Binário máximo: 235 Nm/2000-3000 rpm

Motor elétrico: síncrono, 13,6 Cv/3000 rpm

Binário máximo: 53 Nm/500 rpm

Bateria: iões de lítio

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-10: 9,1 segundos

Velocidade máxima: 210 km/h

Consumos: combinado WLTP –  5,6 L/100 Km

Emissões CO2:  WLTP – 127 g/km

Dimensões: (C/L/A) – 3 890/1 735/1 495 mm

Bagageira: 265/947 litros

Preço: versão ensaiada, 25 222€; 22 222€ com campanha de financiamento

*Concorrente ao Carro do Ano e à categoria de melhor desportivo