Interessante, no mínimo, esta solução de híbrido diferente e especial que a Suzuki propõe no novo Swift com o três cilindros 1.0 turbo. Honesto nas prestações, comportamento saudável, espaçoso q.b. para as dimensões (tem 3,84 m), surpreende quando nos brinda com um consumo de 5,1 litros/100 em autoestrada com quatro pessoas a bordo! Não é vulgar e ainda tem preço muito competitivo para um equipamento rico na versão topo de gama: 16 949 euros.

Adepto confesso dos tricilíndricos, reconheço que, ma maioria dos casos, a vivacidade destes motores nem sempre parece justificar o “downsizing” e fica aquém das expetativas em termos de consumo. Eu sei que há exceções e tenho aqui falado delas. Agora acrescento à lista este Swift que começou por ser o SHVS (Smart Hybrid Vehicle by Suzuki) e que agora ostenta mesmo a designação Hybrid. Um casamento original e feliz.

A oferta assenta numa solução tão engenhosa quanto simples: um pequeno motor elétrico de 3 cv, no fundo um gerador, e uma pequena bateria de iões de lítio de 12 volts e apenas com 0,4 Kwh de capacidade. O sistema, mais barato e menos sofisticado que os híbridos conhecidos, é o suficiente para, no arranque e em recuperação, dar a ajudinha necessária para que o motor a combustão seja mais eficiente em termos de consumo e nas emissões. É o SHVS que assegura também uma notável suavidade na resposta do sistema start/stop, para mim ao nível dos melhores.

Opção a ter em conta por aqueles que pretendem um pequeno automóvel a  gasolina, económico a ponto de desafiar os diesel, equilibrado, bem equipado e dotado de uma tecnologia original que lhe permite pagar apenas 60% do Imposto sobre Veículos (ISV) como qualquer híbrido

A bateria está colocada sob o lado esquerdo do banco traseiro e o motor gerador à frente. A recarga da bateria faz-se também através de regeneração por travagem ou na desaceleração e o funcionamento do sistema pode ser acompanhado num gráfico simples no ecrã do completo computador de bordo.

Economia não perdoa exageros

Já tinha conduzido este Swift e não tinha ficado tão impressionado. É que aos 5,1 l/100 em autoestrada juntei 6 litros redondos num percurso suburbano com alguma cidade e cheguei mesmo a baixar deste valor, reconheço que a um ritmo diferente do habitual para mim, mas muito comum nas cidades e nas estradas nacionais.

É claro que se quisermos fazer jus às caraterísticas que em tempos tornaram o Swift num automóvel conhecido entre os automobilistas mais jovens e às prestações interessantes deste 1.0 Boosterjet de 111 cv (10,6 segundos na aceleração 0-100 e 196 km/h em velocidade de ponta), o consumo dispara e o exagero pode mesmo levar à casa dos dois dígitos. A experiência serve para provar as qualidades dinâmicas do Swift, suspensão firme e seca, ligeira tendência subvirante, nada que obste a uma grande agilidade nas zonas sinuosas e a resposta afirmativa nas curvas longas e rápidas que exigem mais apoio, onde ele se porta estoicamente.

O três cilindros, razoavelmente insonorizado e bem resolvido no que respeita a vibrações é interessante ainda pela naturalidade com que aceita a marcha a baixa rotação. Seja ou não importante a ajuda do sistema SHVS e os 170 Nm de binário (nada de extraordinário) a verdade é que a condução se mostra agradável e a resposta é interessante, mesmo sem recorrer constantemente à caixa de velocidades com aquele toque especial dos japoneses, agradável de manobrar, precisa e bem escalonada. As recuperações estão longe de ser retumbantes, às vezes até se esperava mais “agitação” no ponteiro do conta-rotações, mas, provavelmente, seria exagero pedir tanto.

Direção e travões, talvez mais aquela do que estes, estão à altura de automóvel do segmento, com um estilo sempre muito personalizado, evolução constante de um conceito elogiado desde a primeira hora. Agora há uma vistosa onda abaixo da cintura que culmina nas dominadoras óticas traseiras. Um perfil feliz para um carro que continua “sorridente” e tem uma traseira bem composta.

Muito plástico e espaço q.b.

No interior, o estilo é melhor do que o resto. Jovial, bem apresentado, justificava materiais, leia-se plásticos (frios e pouco dúcteis), de outra qualidade, ainda que o acabamento seja convincente. Tecido só nos apoios de braços das portas… além dos bancos. No fundo, nada que surpreenda, sobretudo quando se atende ao segmento e ao preço.

Em matéria de espaço, habitabilidade muito razoável atrás (para quatro, obviamente), e o desafogo suficiente à frente. Quanto a conforto, nível razoável, mas as características da suspensão fazem-se sentir no banco traseiro. Quanto a bagageira, com os seus 265 litros é reduzida, além de ser elevado o plano de carga e grande o desnível para o fundo, sob o qual encontramos o kit de reparação de pneus e o mais que ele impõe.

A posição de condução (rebaixada nesta geração, como todos os bancos o que melhorou a habitabilidade) assegura uma excelente relação com o volante multifunções de boas dimensões e talvez a pedir um pouco mais de pega. Os bancos são generosos na sustentação e no apoio.

No que respeita a equipamento, quase um fartote, pacote apetecível para a receita. Não faltam os faróis LED automáticos e as luzes diurnas e traseiras na mesma tecnologia, faróis de nevoeiro, cruise-control adaptativo, botão de arranque sem chave, ar condicionado automático, ecrã tátil de sete polegadas, integrando rádio (seis altifalantes), bluetooth e câmara traseira, bancos aquecidos à frente, vidros escurecidos, retrovisores exteriores rebatíveis eletricamente, jantes de 16 polegadas.

Uma opção a ter em conta por aqueles que pretendem um pequeno automóvel a gasolina, económico a ponto de desafiar os diesel, equilibrado, bem equipado e dotado de uma tecnologia original que lhe permite pagar apenas 60% do Imposto sobre Veículos (ISV) como qualquer híbrido.

FICHA TÉCNICA

Suzuki Swift 1.0 Boosterjet SHVS GLX*

Motor:  três cilindros, 998 cc, turbo, injeção direta, start/stop

Motor elétrico: 3 cv

Bateria: 12 v (0,4 kWh)

Potência: 111 cv/6000 rpm

Binário máximo: 170 Nm/2000-3820 rpm

Transmissão: caixa manual de cinco velocidades

Aceleração 0-100: 10,6 s

Velocidade máxima: 196 km/h

Consumos: média – 4,3 litros/100; estrada – 4; urbano – 4,8

Emissões CO2:  97 g/km

Bagageira: 265/947 litros

Preço: versão ensaiada/GLX – 16 949 euros; GLE, desde  15 602 euros (valores com campanha)

*Veículo concorrente aos Global Mobi Awards