Olha-se e não se desdenha. Tem corpo e presença. Abre-se a porta e fica a dúvida: latino ou germânico? Sóbrio, qualidade percebida em alta, robusto, espaçoso, o SEAT Tarraco convence. Verdade que os 150 cv do 2.0 litros Diesel podem saber a pouco, mas o peso conta. Mas quem compra um grande SUV de sete lugares e deste nível não vai fazer corridas. Os consumos podiam ser mais contidos. O preço arranca nos 41 300 euros. Honesto.

As dimensões marcam, as formas e as proporções dão-lhe o equilíbrio que, raramente, pontua menos pelo estilo do que pelo peso da imagem. Conseguido, pode não surpreender mas, com certeza, merece  a admiração pela nova maneira de ser SEAT. E assenta muito bem nas jantes de 20 polegadas – um extra – que reforçam a expressão do retrato, aparentado com o Skoda Kodiac e vindo da mesma fábrica.

Por dento, é um exercício de simplicidade e sobriedade no design, mais germânico do que latino, imagem de robustez e qualidade adequada, na combinação do plástico (de mais para o meu gosto, ainda que bom) com o tecido e umas aplicações de pele sintética e alcantara. Sentimo-nos bem neste ambiente em que a tecnologia dá um toque de modernidade, com o digital no painel de instrumentos de grafismo mutável, e no ecrã central, ao estilo do tablet assente no tablier.

Em termos globais, este é um grande SUV que garante o espaço e conforto associados à receita, equipamento razoável, bem comportado na dinâmica, motor adequado ao familiar para quem não procura grandes prestações. Os consumos não surpreendem

Conduzimos no “primeiro andar”, aliás, nem podia ser de outra forma, bem sentados e a posição ao volante até se revela adequada. E, se não falta espaço na dianteira, atrás ele é quase de sobra… Uma oferta que garante enorme desafogo a dois adultos  – e quem experimenta assinala o conforto. Há lugar para acomodar três, mas, já se sabe, não é a mesma coisa.

A questão (extra) dos sete lugares

Verdade se diga que também se mostra desnecessário, afinal estamos num SUV com sete lugares – outro extra –, só possível pelos 2,79 de distância entre eixos. Na terceira fila, à qual o acesso nunca é exercício fácil, a comodidade é relativa. É o costume, as crianças podem achar graça, um adulto, leva os joelhos acima da cintura.

A bagageira depende da configuração utilizada na exploração da modularidade que estas soluções permitem. Com os bancos da terceira fila armados – bancos que encaixam no fundo da mala – a capacidade de carga fica reduzida a 230 litros; utilizando os cinco lugares, aumenta para uns consideráveis 700 litros e há um fundo falso; rebatendo o banco central, para aquelas operações de transportes especiais, dispomos de 1775 litros capazes de receber objetos bem grandes.

Motor na perspetiva familiar

Quanto à máquina, um motor que assenta bem na perspetiva da utilização familiar. Recupera bem, apenas se queixa se deixarmos a segunda perder muitas rotações. A caixa manual de seis velocidades é de bom manuseamento, como a direção, que contribui para uma condução envolvente e mais fácil do que se espera em automóveis destas dimensões – e no caso são uns respeitáveis 4,73 de comprimento e 1,65 de altura. As prestações são razoáveis.

A curvar, o Tarraco cumpre. Ligeiro acamamento, menos até do que se espera. Resistência considerável às transferências de massas nas zonas sinuosas, fruto de uma suspensão firme e algo seca, a qual, por vezes, até se faz ouvir nos maus pisos. Bem resolvida, neste caso, a relação entre o peso e a altura.

No que diz respeito a consumos, com quatro pessoas a bordo, numa viagem em ritmo de passeio, com autoestrada pelo meio, o computador de bordo registou entre 6,9 e 7,1 litros aos 100. A média para 300 quilómetros foi de 7,6 e o acumulado para quase dois mil quilómetros com utilização variada, estava nos 8,4. São números muito distantes dos prometidos 5,7/6,4 e que ficam aquém das expectativas quando se fala num Diesel. Mas 1700 quilos é peso considerável…

Equipamento razoável e muitas opções

Guiei a versão Xcellence, a oferta de topo que faz a diferença pela direção progressiva, volante multifunções em pele, botão driving experience (quatro modos de condução), portão elétrico, acesso mãos-livres, vidros escurecidos atrás, cruise control com assistente de travagem, função ECO, câmara traseira, ar condicionado automático trizona, bancos desportivos, portas com iluminação LED e estribos iluminados. Além disto, como o resto da gama, tabuleiro retrátil nas costas dos bancos dianteiros, banco do passageiro rebatível para a frente (ajuda no transporte de objectos mais compridos), retrovisor antiencandeamento, apoio de braço dianteiro.

A versão ensaiada acrescentava os sete lugares (709 euros) e, entre outros, câmara de visão de 360 graus, tejadilho panorâmico elétrico (975 euros), navegação (980 euros) e assistente de máximos e pacote e segurança – assistente de travagem em cidade, assistente de faixa de rodagem, deteção de ângulo morto, alerta de trânsito cruzado à retaguarda (443 euros) –, jantes de 20 polegadas (660 euros).

Em termos globais, este é um grande SUV que garante o espaço e conforto associados à receita, equipamento razoável, bem comportado na dinâmica, motor adequado ao familiar para quem não procura grandes prestações. Os consumos não surpreendem.

A SEAT tem uma garantia geral de 2+2 anos ou 80 mil quilómetros. Os intervalos de manutenção são de dois anos ou a cada 30 mil quilómetros.

FICHA TÉCNICA

SEAT Tarraco 2.0 TDI CR Xcellence S&S

Motor: 1968 cc, turbodiesel,injeção common-rail, start/stop

Potência: 150 cv / 3500-4000 rpm

Binário máximo: 340 Nm/1750-3000 rpm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 9,8 s

Velocidade máxima: 202 km/h

Consumos: intervalo combinado – 5,7/6,4

Emissões CO2: 148/167 g/km

Mala: 230/700/1775 litros

Preço: 44 763 euros; versão ensaiada, 49 420 euros