Quem gosta de limusinas não fica indiferente ao três volumes do Mercedes Classe A. À força da estrelinha junta o pedigree de uma tradição de formas em que a marca alemã está à vontade. Mas, como de costume, é muito mais do que imagem o carro que guiei na versão 180d. Submotorizado nos seus 116 cv? Creio suficiente para a grande maioria daqueles  que podem pagar o preço da diferença feita classe. Os preços começam nos 29 800 euros, valor que é mesmo indicativo…

Projetar o sucesso de um hatchback num três volumes, nem sempre é fácil e bem feito. A Mercedes está na sua praia quando se fala de limusinas e neste caso, o resultado é tão expressivo que este Classe A se apresenta como referencial em termos de aerodinâmica.

Imagem desportiva, formas bem trabalhadas para o aumento de 13 cm no comprimento (4,55 m), baixo e bem “agarrado” ao chão, o Classe A Limousine potencia aquilo que é próprio de um três volumes e falta ao hatcback: melhor habitabilidade traseira, mesmo que não surpreenda e a altura do túnel central e a dureza das costas do lugar central, que “esconde” o apoio de braços, penalizem o transporte de cinco passageiros. Tornou-se comum – e não apenas neste segmento. Há lugar atrás para os pés, talvez as costas dos bancos pudessem ser trabalhadas no sentido de dar mais espaço para os joelhos.

Este é um Mercedes para os adeptos dos familiares convencionais, daqueles que ainda não prescindem do Diesel, privilegiam o rolar de um bom estradista aos repentismos, gostam de um automóvel despachado q.b. e convincente a curvar, seguro. É uma estrela mais modesta mas que não perde brilho. Eles sabem fazer!

Bem diferente é a bagageira, com 420 litros de capacidade, aumento considerável (+50 litros do que hatchback), permite outro à vontade para uma viagem de férias ou de fim de semana em família. Claro que a modularidade e a versatilidade são outras e ninguém compra um três volumes para fazer mudanças…

No que respeita ao espaço à frente, pouco a dizer, afina pelo que é norma nos melhores do segmento e oferece uma grande caixa sob o apoio de braços, daqueles que não incomodam nem interferem na condução.

Exercício de rigor e qualidade no interior

O ambiente a bordo é decalcado do Classe A, vistoso, exercício de rigor na design e na ostentação da qualidade própria de um premium, através da conjugação de materiais que fazem a diferença e regalam os olhos. Alumínio, pele perfurada, piano black um contraste bem conseguido naquele tablier em três níveis dominado pelo espetacular painel digital que “cola” a instrumentação ao ecrã digital – o smartphone da Mercedes como um dia disse o “velho” presidente da marca. Painel que associamos ao “Olá, Mercedes” e oferece uma panóplia de serviços e facilidades, também ela à medida das necessidades e das possibilidades de cada um.

Neste particular, na bela consola, em que pontificam os comandos do sistema de infoentretenimento, só não gosto do suporte para usar como rato de computador no ecrã. Embirração minha, que até os dispenso no laptop… Deve ser geracional.

Já que se fala de comandos, como bom Mercedes, o travão de mão eletrónico tem de estar em lugar especial, neste caso à esquerda do volante entre um conjunto de interruptores; a caixa de sete velocidades automáticas de dupla embraiagem (7G-DCT) é gerida por um braço tradicional, à direita do volante, no qual não faltam as patilhas para o comando manual.

Despachado quanto baste

E  a máquina? Ora o 180d recorre ainda ao 1.5 turbodiesel de origem Renault com 116 cv não pode ser uma máquina. Os valores da aceleração deixam isso claro – 10,6 segundos de 0 a 100. Falta-lhe explosão, verdade, mas despacha-se com mais naturalidade do que seria de esperar, até porque a caixa automática faz uma gestão muito equilibrada das capacidades deste Mercedes.

O comportamento em curva, esse dispensa críticas, o chassis deste Classe A está bem afinado, o carro é assertivo em curva e aceita sem queixumes andamentos vivos, com a curiosidade de a traseira mais longa dar-nos a sensação de o podermos balancear ao sabor dos percursos mais sinuosos. Bem interessante e fácil de guiar.

O conforto está ao nível do que se espera de um Mercedes, e combina muito bem com a eficácia, um compromisso muito alemão que inspira confiança e nos faz sentir seguros. E à frente, a qualidade dos bancos ajuda.

Quanto a consumos, o melhor que consegui foram 5,3 litros num combinado de autoestrada e percurso suburbano. Em autoestrada, a 120 km/h, cruise control ligado, o computador de bordo assinalou 5,8.

Este é um Mercedes para os adeptos dos familiares convencionais, daqueles que ainda não prescindem do Diesel, privilegiam o rolar de um bom estradista aos repentismos, gostam de um automóvel despachado q.b. e convincente a curvar, seguro. É uma estrela mais modesta mas que não perde brilho. Eles sabem fazer!

Em termos de equipamento, o Limousine A não é exactamente um carro “pobre”, ainda assim, a versão que guiei, tinha 12 mil euros de equipamento. Destaque para o pack Premium (4 100 euro), linha AMG (2 250), caixa automática (2 250), teto de abrir (1 200), jantes 19” (750), vidros escurecidos (400), pintura metalizada (750) e integração de smartphone (350). São de série, entre outros, câmara de marcha atrás, assistente de faixa, assistência à travagem ativa, sensores de luz e chuva, navegação, faróis em LED, bancos desportivos, acesso mãos livres, Dynamic Select, volante multifunções em pele.

FICHA TÉCNICA

Mercedes Classe A 180d Limousine

Motor: 1461 cc, turbodiesel, injeção direta, start/stop

Potência: 116 cv/ 4 000 rpm

Binário máximo: 260 Nm/1750-2750 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades

Aceleração 0-100 km/h: 10,6  s

Velocidade máxima: 206 km/h

Consumos: misto – 4/3,8 litros/100

Emissões CO2: 105-100 g/km

Bagageira: 420 litros

Preço: versão ensaiada, 43 915 euros; desde 29800 euros