É a adaptação cada vez mais comum a uma imagem a que o público reage bem. Mas o FIAT Tipo Cross vai além da sugestão do carro aberto para o lazer com a motorização 1.0 turbo de três cilindros e 100 cv. Consegue um preço de combate (cerca de 23 000) na conjugação com uma aposta marcada por esse objetivo, através de outros pormenores, mesmo que bem disfarçados.
A imagem Cross é assegurada pelos plásticos, a bordadura negra a toda a volta associada às “proteções” prateadas à frente e atrás e, sobretudo, os 4cm a mais na altura da suspensão, conseguidos, sublinhe-se, sem que o hatchback da família – foi a versão escolhida – ganhe aquele aspeto dos “calças arregaçadas” ligados aos primórdios destas adaptações ao estilo crossover. Estreando a inscrição FIAT em vez do emblema no centro da grelha, este Tipo não merece ser penalizado do ponto de vista da imagem.
No interior manda o plástico, duro e frio, amenizado pela pele sintética usada na cobertura do tablier (e em parte das portas), suave ao toque, e que, não fosse o objetivo do melhor preço possível, poderia ter utilização mais alargada, contribuindo para outra qualidade e conforto do ambiente. Caía bem, até porque o desenho e a conceção, mesmo simples, têm aquele toque italiano que nunca desagrada. Mas não há milagres…
Proposta interessante o FIAT Tipo Cross com esta motorização 1.0 Turbo de três cilindros e 100 cv, que propõe uma imagem de moda, espaço adequado à oferta e equipamento razoável. Prestações e consumo vulgares, preço de combate
Volante multifunções simples com boas dimensões e pega, painel de instrumentos digital com duas escolhas gráficas, uma delas sem ponteiros (não resulta…), ecrã central tátil tipo tablet apenso no tablier, dotado da última geração de infotainemente da FIAT (550€), ar condicionado automático com comandos físicos, consola simples com o seletor de velocidades bem à mão, travão de parque convencional, bancos em tecido, de apoio razoável e com a inscrição Cross gravada o Tipo Cross prova aquilo que reforçamos – a marca de Turim sabe fazer!
Em termos de espaço, uma oferta ao nível do segmento, suficientemente confortável na dianteira, honesto atrás, mesmo que convenha pensar em duas pessoas para falar de comodidade, o que nem surpreende. Tal como à frente, não falta o apoio de braços central nem uma tomada USB.
A bagageira não compromete com os seus 440 litros de capacidade, que, rebatendo os bancos (60×40) oferece o suficiente para resolver eventuais problemas com transporte de cargas.
Motor voluntarioso mas pouco geniquento
O três cilindros 1.0 Turbo de 100 cv é voluntarioso, esforçado e, sem surpresa, limitado. Não integra aquela geração de motores geniquentos – os 12,2 segundos para acelerar de 0 a 100 dão uma ideia. Precisa de rotações para se expressar e quando elas “caem” revela alguma “preguiça” e é preciso exigir-se-lhe esforço dos 190 Nm de binário máximo para o despertar e se atingirem patamares que nunca sugerem a capacidade para um ritmo elevado. O peso além dos 1400 quilos não ajuda nem a resposta da caixa de cinco velocidades. É pouco italiano…
Já em termos de resposta em curva, a resposta é convincente, mais ainda dado o facto de a suspensão elevada não revelar indicios comprometedores. Frente bem mandada é mesmo daqueles que deixam balancear-se e permitem procurar uma ajuda da traseira que pode tornar a condução divertida. E sem riscos, pois o ESP intervém a contento quando necessário.
A direção continua a evoluir, não compromete, mas o grau de assistência ainda é elevado. Quase dispensava o modo City para facilitar a condução em cidade, especialmente nas manobras de parque.
O Tipo Cross evidencia uma boa relação entre a eficácia em curva e o conforto, mesmo que a suspensão revele firmeza. Também a insonorização merece uma palavra, ruídos bem filtrados e insignificantes os silvos aerodinâmicos vulgares em autoestrada.
No que respeita a consumos, como acontece com a generalidade destes motores com três cilindros os resultados não surpreenderam. Com quatro adultos a bordo, num percurso de 180 quilómetros que teve de tudo um pouco e em ritmo normal de passeio, o computador de bordo registou 7,3 litros aos 100; em autoestrada, cruise control nos 120 km/h marcou 6,2.
Face ao preço e ao posicionamento, o nível de equipamento é simpático: painel de instrumentos digital, ar condicionado automático, sensores de chuva, luz e estacionamento, cruise control adaptativo, aviso de transposição de faixa, retrovisores elétricos, vidros traseiros escurecidos, jantes de 17 polegadas. Entre os extras da versão ensaiada, contava-se o ecrã central com o sistema Uconnect (550€), câmara de estacionamento com guias (400€), banco do passageiro regulável em altura (100€). A cor laranja metalizada custa 550€.
Uma proposta interessante o FIAT Tipo Cross com esta motorização 1.0 Turbo de três cilindros e 100 cv, que propõe uma imagem de moda, espaço adequado à oferta e equipamento razoável. Prestações e consumo vulgares, preço de combate.
FICHA TÉCNICA
FIAT Tipo Cross 1.0 GSE
Motor: 999 cc, três cilindros, turbo, gasolina
Potência: 100 cv/5 000 rpm
Binário máximo: 190 Nm/1 500 rpm
Transmissão: caixa manual de cinco velocidades
Aceleração 0-100: 12, 2 segundos
Velocidade máxima: 183 km/h
Consumo: misto – 5,8 L/100 km
Emissões CO2: 131 g/km
Dimensões: c/l/a – 4 386/1 802/ 1556 mm
Peso: 1 410 kg
Bagageira: 440 litros
Preço: 22 912€, versão ensaiada (4 000€ na campanha de retoma)