Os SUV de sete lugares são compromisso com adeptos entre quem conta família numerosa. A oferta é limitada e uma das escolhas é o VW Tiguan Allspace, mais um palmo de automóvel que, apesar de haver sempre um  “mas” associado à solução, faz toda a diferença no espaço. Guiei o 2.0TDI de 150 cv e confirmei a qualidade do costume e o conforto alemão, num carro que cumpre sem deslumbrar.

Esta opção continua a ser para mim escolha muito especial e para pessoas especiais. O Tiguan Allspace, como todos os “iguais”, enquanto sete lugares tem as limitações do costume. A terceira fila de bancos reduz a bagageira ao mínimo (230 litros!) e os dois bancos suplementares deixam muito a desejar em matéria de conforto. Duas crianças podem divertir-se, dois adultos, mesmo de estatura média, acharão pouca graça ao facto de estarem sentados com os joelhos bem acima da cintura, e sem o espaço exigível para viagem minimamente agradável. Daí, para gente grande, pouco mais do que solução de recurso numa pequena deslocação.

Mas há mais, entre os “mas”… Apesar da segunda fila de bancos poder avançar 18 cm no sentido longitudinal, o acesso aos lugares traseiros obriga a ginástica significativa que nem o facto de as portas serem maiores ameniza, pois o espaço de entrada é pouco e há um degrau que supera os 20 cm a vencer antes de nos encaixarmos de forma a entrar e virarmo-nos para tomar o lugar… E é melhor fazê-lo pelo lado direito, aquele onda as costas do banco central rebatem a 60 por cento… Já agora, para acabar com as dificuldades, quem for ao meio na segunda fila, terá, como de costume, um recosto menos cómodo porque o lugar central comporta o apoio de braços central.

Entre os defeitos e as vantagens dos SUV com sete lugares, o VW Tiguan Allspace parece-me proposta capaz para os adeptos desta solução. Bem feito, qualidade indiscutível cumpre com o diesel 2.0 de 150 cv associado à caixa automática DSG. Consegue consumos interessantes e o preço não destoa face à concorrência generalista

Não é por isto, nem pelos 230 litros de capacidade a que fica reduzida a capacidade da bagageira que estes SUV como o Tiguan AllSpace deixam de vender-se – quem compra decide mesmo pelos sete lugares e as vendas representam 20 por cento na família! A solução também comporta virtudes, neste caso, num automóvel que cresce 21,5 cm no comprimento, dos quais 10,9 na distância entre eixos, face à muito elogiada versão de cinco lugares. Os 4,70 metros de comprimento e 1,67 de altura permitem, se o quisermos viver basicamente como um cinco lugares, uma bagageira ao nível das melhores com 700 litros de capacidade (mais 85 do que o pequeno) e 1775 sem a segunda fila, rebatível na proporção 60×40 e oferecendo uma modularidade que permite, por exemplo, o transporte de uma prancha de surf (há um plano de 1,95 metros de espaço útil).

Rigor e qualidade de construção

Marcante é o pormenor de o aumento das dimensões ter sido resolvido exemplarmente do ponto de vista estético. As proporções do Allspace são equilibradas e o SUV junta elegância à corpulência e à expressão de robustez. No caso da versão ensaiada, as jantes de 20 polegadas ajudavam a sublinhar a presença deste VW, exemplo da nova escola de design da casa de Wolsburgo, com linhas vincadas e um rosto marcado pela grelha cromada de traves simples que integra os faróis e amplia a imagem de largura.

No interior, excetuando o espaço, bom à frente onde encontramos excelente posição ao volante, e sem mácula atrás, na configuração cinco lugares, temos um Tiguan e aquele ambiente  a que estamos habituados nos mais recentes Volkswagen. Ao rigoroso estilo teutónico, acresce a reconhecida qualidade de construção e acabamento, mesmo que o recurso ao plástico (nalguns pontos a pedir outro toque e macieza) deixe claro que vamos ter de nos habituar a outra interpretação do cockpit dos automóveis. Não é só a VW…

E o resto? Pois bem, os 1695 quilos fazem a sua diferença, mas, ainda assim, o motor 2.0 litros diesel com 150 cv e a caixa automática DSG de sete velocidades asseguram o equilíbrio da proposta. Este Tiguan Allspace mexe-se razoavelmente bem – as prestações são honestas: 9,8 segundos de 0 a 100 e 200 km/h em velocidade de ponta  – e atendendo às proporções é até um automóvel “fácil” de guiar, ágil q.b. e muito bem comportado em curva. Guiei uma versão com suspensão adaptativa que resistiu bem às transferências de massas, com inclinação mínima da carroçaria.

Em matéria de consumos, e utilizando o modo de condução ECO (são cinco, como de costume), uma longa – e muito confortável – viagem em estrada, com quatro pessoas a bordo, valeu o registo de 6,4 litros aos 100, a velocidades regulamentares e com o cruise control ligado. Consegui menos em velocidade de passeio (5,8) e a média final ficou-se pelos 6,6.

Muito equipamento

A versão que guiei era uma Highline com acabamento R-Line (+ 1725 euros). O equipamento é muito completo, pontificando as luzes em LED automáticas, front assist com travagem de emergência em cidade, travão de parque elétrico, volante multifunções em pele com patilhas, sensores de luz e chuva, acesso sem chave, botão de arranque, reconhecimento de sinais, cruise control adaptativo e sistema de manutenção na faixa de rodagem, park assist com câmara traseira, ar condicionado automático com três zonas, vidros escurecidos, mala de funcionamento elétrico, ecrã de oito polegadas com navegação, car net (três anos), Bluetooth, display ativo. No capítulo dos extras, entre os mais significativos, suspensão adaptativa (1033 euros), tejadilho panorâmico de abrir elétrico com cortina (1830 euros, direção assistida progressiva (221 euros) e jantes de 20 polegadas (486 euros).

Entre os defeitos e as vantagens dos SUV com sete lugares, o VW Tiguan Allspace parece-me proposta capaz para os adeptos desta solução. Bem feito, qualidade indiscutível cumpre com o diesel 2.0 de 150 cv associado à caixa automática DSG. Consegue consumos interessantes e o preço não destoa face à concorrência generalista.

FICHA TÉCNICA

VW Tiguan Allspace 2.0TDI 150 cv Highline

Motor: 1968 cc, turbodiesel,injeção direta,  adBlue, start/stop

Potência: 150 cv/3500-4000 rpm

Binário máximo: 340 Nm/1750-3000 rpm

Aceleração 0-100: 9,8 segundos

Velocidade máxima: 200 km/h

Consumos: misto – 5,1 litros/100; estrada – 4,6; urbano – 6

Emissões de CO2: 130/132 g/km

Bagageira: 230/700/1775 litros

Preço: versão ensaiada – 55 498 euros; versão Highline –  48 565 euros; desde – 44 392 euros