Original maquilhagem para enquadrar o novo rosto Opel (Foto Stellantis Media)

Silhueta revela um carro bem agarrado ao solo (Foto Stellantis Media)

Traseira reforça imagem desportiva (Foto Stellantis Media)

Pure Panel ameniza alguma frieza do interior (Foto Stellantis Media)

Cursor para a caixa de velocidades numa consola bem arrumada (Foto Stellantis Media)

Botões físicos de atalho para o ecrã tátil central (Foto Stellantis Media)

Bons bancos, com certificação AGR (Foto Stellantis Media)

Espaço razoável nos lugares traseiros (Foto Stellantis Media)

Eletrificação penaliza a bagageira reduzida a 352 litros (Foto Stellantis Media)

Emblema negro deixa realçar a solução Vizor (Foto Stellantis Media)

Bagageira abre no símbolo central (Foto Stellantis Media)

Luzes traseiras aumentam sensação de largura (Foto Stellantis Media)

Solução original para a terceira luz de travagem (Foto Stellantis Media)

Designação Hybrid na quinta porta (Foto Stellantis Media)

A virtude de continuar a ser alemão é o argumento do novo Opel Astra. O acerto da suspensão e tudo quanto arrasta com ela torna diferente este meio-irmão do Peugeot 308. Guiei o PHEV de 180 cv, com consumos razoáveis e preço concorrencial (desde 43 075€). E gostei, mesmo que nem tudo sejam maravilhas.

A Stellantis tem esta caraterística muito especial, positiva e motivadora: sobre uma mesma base permite às suas marcas, além de criar ao nível das carroçarias, desenvolver características que sempre estiveram no respetivo ADN, garantindo-lhes a identidade que justifica a existência.

E se isso nem sempre é fácil, a Opel tem-se saído muito bem com esta espécie de emancipação de que o Astra é exemplo paradigmático. Uma Opel mais jovem, como deixa claro o estilo modernaço deste cinco portas, combinação curiosa de vincos e superfícies arredondadas, desportivo, vistoso.

A frente que replica o já emblemático Vizor, a superfície plástica negra que engloba os faróis com elegância, esconde o símbolo da marca, como que assumindo ela própria a identidade, e remete para debaixo do para-choques a grelha ligada aos triângulos das luzes de nevoeiro numa solução, no mínimo, original.

O Astra ganha largura e peso na estrada com este rosto – em que ainda sobressai o vinco central no capô – e tem a curiosidade de ser acompanhada pela feliz conceção da traseira, na qual as luzes, baixas e compridas, dão poder aos ombros e a mesma ideia de dimensão a uma peça de formas tão simples como rigorosas. E sobre elas o estampado Astra a negro parece afirmação de garbo. Curiosa a luz vertical de travagem ao centro do defletor que se estende sob o óculo traseiro.

Base francesa não impede que o novo Opel Astra PHEV mantenha caraterísticas próprias de um  automóvel alemão. Modernaço no estilo, bem construído, nesta versão com 180 cv revela-se despachado e honesto nos consumos e na autonomia elétrica

Muito bem feito, até porque a silhueta embeleza tudo isto, com uma cintura em cunha a fazer com que a superfície vidrada vá diminuindo. Chega a sugerir que podia estar ali um coupé, também pela ligeira inclinação descendente do tejadilho. Para mim, um dos melhores trabalhos do design Opel, nos últimos tempos.

Alguma frieza no interior com boa habitabilidade

Se o estilo continua a decidir a maioria das escolhas, aqui está um bom presságio para a marca alemã. Que surge com um Astra rejuvenescido também no interior, mesmo no respeito daquele rigor teutónico a que estamos habituados. De todo o modo, pese a atenção dada aos materiais e atá aos pormenores decorativos, há alguma da frieza habitual a remeter para índices de qualidade que não acompanham os melhores do grupo.

A construção e o cuidado com os acabamentos dispensam reparos. Não falta, claro, o Pure Panel, o longo ecrã com toda a informação, adaptado a um eletrificado, mas, ainda assim, aquém do que devia esperar-se em termos de conteúdo. Registe-se a existência de uma dúzia de atalhos acionados por botões físicos. Dá muito jeito, especialmente no que se refere à climatização. Como é ajuda significativa o head-up-display de realidade aumentada (opcional).

No que respeita à habitabilidade, normal à frente; bom espaço atrás, facilitado pela altura dos bancos dianteiros que permitem passar os pés sob eles e ganhar outro desafogo. A recetividade dos bancos é muito alemã, espumas mais duras, mas não falta conforto e quem os usa faz o devido registo.

A consola, bem concebida, permite criar três espaços de arrumação, dois deles cobertos por prática tampa de correr e ainda sobra uma caixa razoável sob o apoio de braços. Muito atenção ao arrumo de pequenos objetos, o que é sempre de saudar.

Modernaço e com muita personalidade (Foto Stellantis Media)

Já a bagageira, com os seus 352 litros de capacidade, penalizada pela colocação da bateria (menos 70 litros!) fica abaixo da mediania. Não se estranha num eletrificado.

Sistema eficiente e comportamento convincente

Debaixo do capô encontramos o 1.6 turbo de 150 cv ajudado por um motor elétrico, um sistema de eficiência consagrada no grupo Stellantis e também aqui associado a uma caixa automática de oito velocidades para gerir uma potência combinada de 180 cv e o binário de 360 Nm.

Com três modos de condução – Elétrico, Híbrido e Sport – o Astra PHEV tem uma resposta satisfatória. Na condução sem emissões promete uma autonomia de 67 quilómetros que pode chegar aos 79 em cidade. Os números parecem-me excessivamente ambiciosos, mesmo que as condições do teste tenham-me empurrado para uma utilização mista que privilegiou a estrada. Daí, com três pessoas a bordo e ar condicionado sempre ligado, ter feito 40 quilómetros em modo elétrico, numa condução normal e sem preocupações de poupar, além do reforço da regeneração que utilizei sempre.

Nos primeiros 100 quilómetros de viagem, o computador de bordo registou o número redondo de 4 litros/100 km e até aos 180 fez 5 litros. Rodando em modo híbrido, com a mesma condução e muita autoestrada o valor subiu para 5,9 litros/100 Km. A média geral final para 250 km, só com uma carga foi de 5,4 valor que me parece honesto.

No modo híbrido, o sistema dá muito boa conta do recado e a caixa de oito velocidades faz uma boa gestão das relações. As patilhas no volante podem dar jeito para ir subindo as relações, mas a resposta é pouco rápida. Não é preciso usá-las para se experimentar uma condução envolvente. Suspensão firme, afinação que nos faz sentir num automóvel muito estável, tem uma frente bem mandada e quando se recorre ao modo Sport é um prazer sentir um carro que curva de forma assertiva e transmite confiança como este Astra.

A direção, que até parece leve, acaba opor revelar-se equilibrada e contribui para uma grande agradabilidade de condução. Os travões correspondem, sobretudo quando combinados com o reforço da regeneração.

Conduzi uma versão GS Line, que significa carroçaria bicolor (tejadilho preto), com equipamento razoável: entrada e arranque sem chave, ar condicionado automático, iluminação Full LED incluindo faróis de nevoeiro, sensores de estacionamento e câmara de 360 graus, travagem automática de emergência, volante multifunções em pele, rádio multimédia, pedais desportivos, vidros traseiros escurecidos, jantes preto brilhante em liga  com 17 polegadas. Mas há muito para enriquecer a oferta.

Base francesa não impede que o novo Opel Astra PHEV mantenha caraterísticas próprias de um  automóvel alemão. Modernaço no estilo, bem construído, nesta versão com 180 cv revela-se despachado e honesto nos consumos e na autonomia elétrica.

FICHA TÉCNICA

Opel Astra PHEV GS Line

Motor: 1 598 cc, turbo, intercooler, injeção direta, gasolina, híbrido Plug-in

Potência: 150 cv

Potência combinada: 180 cv

Binário máximo: 250 Nm

Binário máximo combinado: 360 Nm

Transmissão: caixa automática de oito velocidades, patilhas no volante

Aceleração 0-100: 7,6 s

Velocidade máxima: 225 km/h

Consumos: média – 1L/100 km (14 kWh/100 km)

Emissões CO2: 123/126 g/km

Autonomia: 67 quilómetros/ 79 em cidade

Peso: 1 734 kg

Dimensões: c/l/a – 4,374/1,860/1 442 m

Bagageira: 352 litros

Preço: versão ensaiada, 47 975€; desde 43 075€