As peças de arte com erros e mensagens ocultas são várias e algumas famosas. Como o Moisés com cornos de Miguel Ângelo, que se encontra no túmulo do Papa Julio II, na Basílica de São Pedro. Ou a sombra da mão que se vê na “Ronda da Noite” de Rembrandt, no fantástico Rijksmuseum de Amesterdão. Agora, noutra escala, temos uma curiosidade que envolve automóveis…

A Lexus acaba de “emprestar” o seu nome ao Longe da Brussels Airlines, no aeroporto da capital belga. Trata-se, no fundo, de uma operação de “naming sponsor” que visa associar a marca nipónica a um “espaço inovador (…) mais do que simplesmente um lugar para os viajantes relaxarem”. E que “serve igualmente como experiência envolvente para as abrangentes atividades e feitos da Lexus enquanto marca global de lifestyle de luxo, proporcionando a melhor hospitalidade omotenashi – princípio de boas vidas e respeito dado a um convidado em casa de amigos ou familiares – dentro da melhor tradição japonesa.”

Mais ou menos marketing, o trabalho deste cenário começa logo na “fachada” do Lounge by Lexus – assim se chama o espaço que serve os passageiros da Star Alliance, logo também da TAP – a qual espelha uma interpretação subtil da grelha fusiforme, um dos elementos elementos de design de autor dos Lexus. E o pormenor vai mais longe: a grelha foi processada em bambu perfurado, de cores intensas, também usado nos interiores dos modelos Lexus.

Então não é que naquela arte feita do amontoado de minúcia, colagem incrível e harmónica, o rigor da aplicação dos anéis dos segmentos “plantou” o emblema da Audi, ainda que na vertical, em lugar de destaque… num mundo Lexus

A arte não podia faltar num espaço que integra SPA, quartos de dormir, cadeiras relaxantes com massagem, sala de som com o melhor da Mark Levinson, pequena biblioteca automóvel e memórias da capacidade Lexus, como a bicicleta em fibra de carbono, e miniaturas do superexclusivo LFA e do Sport Yatch.

Por isso, em lugar de destaque está exposto o chamado “Muro de Peças”, que é mesmo “um elemento marcante”, como refere a marca, criado inteiramente a partir de peças usadas em veículos Lexus, reunidas num arranjo artístico e com acabamentos em branco uniforme. Bem feito e muito conseguido!

A instalação, idealizada em Tóquio por Masamichi Katayama – que “queria transformar o simples ato de relaxar num salão numa oportunidade de experienciar a emoção da marca Lexus” – é composta por dezenas de peças e componentes individuais – grelhas, escapes, rodas, volantes, cabeças de motor, de tudo um pouco num conjunto muito impressivo que pesa mais de uma tonelada.

“A forma como foram dispostas numa única instalação cria uma fusão entre arte e engenharia de modo a prestar homenagem à perícia artesanal e às tecnologias avançadas aplicadas nos veículos Lexus”, dizem-nos. E é verdade. Sou um admirador confesso deste género de criações e considero o trabalho brilhante, aliás foi aquilo que imediatamente me chamou a atenção no espaço muito agradável do Lounge. E não só a mim… Retive, no entanto, o olhar onde outros, jornalistas ligados ao automóvel como eu, ficaram focados. Surpreendidos, incrédulos e, por fim, com um sorriso contemporizador estampado no rosto. Então não é que naquela arte feita do amontoado de minúcia, colagem incrível e harmónica, o rigor da aplicação dos anéis dos segmentos “plantou” o emblema da Audi, ainda que na vertical, em lugar de destaque… num mundo Lexus.

É azar. E eu nem sei se Masamichi Katayama estava informado de que um dos concorrentes assumidos do Lexus ES, que ia ser apresentado a seguir, é o Audi A6.

Quando voltar a Bruxelas tentarei ir ao Lounge by Lexus, onde até se está mesmo muito bem, para ver se o artista cedeu ou a Lexus (os responsáveis foram chamados a ver) pediu a Katayama para dar outra volta na sua criatividade.

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