Imagem de presença e poder, exemplo de bem construir, espaço, boa dinâmica, consumos aceitáveis sem serem brilhantes, o Hyundai Tucson 1.6 CRDI Premium, êxito mundo fora, é um SUV que merece atenção. Guiei a versão de 116 cv, o suficiente, pareceu-me, para um automobilista normal. Este custa 36 mil euros , mas há mais barato, menos equipado…

É um daqueles automóveis que começa por conquistar pela estética. Transmite a ideia de ser um dos mais robustos SUV do segmento C, onde se joga a grande guerra nas formas da moda. Aquela frente alta (que foi penalizadora nas portagens), quadrada, muito TT, grande grelha em cascata, as jantes de 18 polegadas, o estribo, a traseira muito compacta com a ponteira de escape dupla bem integrada no para choques, enfim um perfil limpo e forte, tornam-no diferente e dão-lhe classe. Os críticos devem ser poucos. E como mudaram os Hyundai desde que Peter Schreier, esse senhor do design automóvel, traçou um novo estilo para a marca sul-coreana!

Por dentro, encontramos o exemplo de um exercício de rigor que vai das formas à ergonomia, modernidade q.b. a vestir um ambiente conseguido, daqueles com que se estabelece empatia fácil. Até os materiais, por muito plástico que rodeie a pele sintética, esta com os pespontos, pois claro, não chocam numa mescla também ela cuidada. O conjunto leva-nos a pensar até num automóvel de nível superior. Muito bem!

Aqui está um SUV bem construído, imagem impressiva,  boa habitabilidade e espaço de carga, desembaraçado q.b. e bom rolador, confortável, eficaz em curva e menos brilhante nos consumos. O preço desta versão Premium paga muito equipamento

No que respeita a espaço, pouco a dizer. Poderá não ser a referência do segmento, mas anda lá perto, seguramente, aquela habitabilidade que no banco traseiro surpreende quando damos por esse pormenor de podermos mover as pernas mais do que é costume. O túnel é baixo mas, ainda assim, sem surpresa, a comodidade é mais para quatro. Ao meio, um miúdo ficará satisfeito, pois vê tudo… sem se queixar da dureza do recosto que faz de apoio de braços.

Bagageira a pedir meças

A bagageira é larga, o plano de carga alto, mesmo que alinhado com a moldura do portão. Mas o que conta, afinal, é a capacidade e 513 litros são números que deixam a esmagadora maioria da concorrência para trás. O banco traseiro rebate na proporção 40×60, forma um fundo plano e é acionado num manípulo sob o assento, o qual permite várias regulações da inclinação do recosto e assim explorar  a modularidade e a capacidade de carga que pode chegar aos 1503 litros. Não falta o pneu sobresselente e a chapeleira, que pode ser colocada em duas posições, é do tipo cortina de correr com encaixe na moldura do portão.

Bem sentados ao volante, de boa pega e dimensão ajustada, posição elevada como é costume, está tudo à mão, designadamente o ecrã tátil de oito polegadas, tablet ao estilo de moldura assente no tablier, com a informação necessária e as facilidades do costume, neste caso sem faltar a navegação. Uma caixa de capacidade razoável sob o apoio de braços separa os lugares da frente, ode se viaja com à-vontade, sem conflitos de cotovelos.

Sobre a dinâmica, importa deixar claro que se sente o peso do Tucson e sempre são 1660 quilos. E sente-se logo no arranque (11,8 s de 0 a 100 é número esclarecedor). Mas a verdade é que, apesar disso, o binário acaba por resolver com honestidade a resposta do motor a baixa rotação, permitindo que, mesmo sem explosões, o Tucson tenha um “crescendo” natural e satisfatório. A caixa manual de seis velocidades, precisa e suave, cumpre bem o seu papel e, uma vez embalado, o Tucson revela-se um bom rolador.

“Curva bem, não é verdade?”

Sobre excelente plataforma, direção direta q.b., equilíbrio de suspensão assinalável na relação entre a comodidade e a eficácia, quase não se dá pela altura do Tucson e a sua assertividade em curva até faz com que seja o passageiro do lado a perguntar: curva muito bem, não é verdade? É mesmo, inspira confiança e faz-lhe jus quando, naqueles encadeados de “SS”, sobre piso molhado, é diminuta a intervenção da eletrónica a pôr tudo na linha sem sobressalto. A tendência subvirante, natural  num tração dianteira e neste caso sentida apenas em situação de exagero, é facilmente controlável: basta levantar o pé.

De todo o modo, este não é automóvel para corridas, e enquanto companheiro de passeio enche as medidas, mesmo quando se acelera o ritmo.

Quanto a consumos, o Tucson não surpreende mas, com quatro pessoas a bordo, num percurso de autoestrada e via rápida andou pelos 6,6 litros aos 100 e, passou dos 7 quanto a utilização se alargou à cidade. A média final registada no computador para 600 quilómetros, com vários condutores e muitas experiências,  era de 7,1 litros aos 100, aceitável atendendo ao peso.

Em poucas linhas, aqui está um SUV bem construído, imagem impressiva,  boa habitabilidade e espaço de carga, desembaraçado q.b. e bom rolador, confortável, eficaz em curva e menos brilhante nos consumos. O preço desta versão Premium paga muito equipamento.

E por falar em equipamento, registo o que oferece este Tucson: acabamento “Soft Touch” na parte superior das portas; ar condicionado bizona, chave Inteligente (Smart Entry & Start), estofos em pele, sistema de navegação com ecrã tátil de 8”, câmara auxiliar ao estacionamento traseiro, sensores de luz e de estacionamento traseiro , vidros escurecidos, Jantes em liga leve de 18”, porta USB na 2ª fila de bancos , travão de estacionamento elétrico, alerta de baixa pressão dos pneus , dupla ponteira de escape.

A Hyundai continua a manter uma garantia de cinco anos sem limite de quilómetros.

FICHA TÉCNICA

Hyundai Tucson 1.6 MY19 CRDI 116 cv Premium*

Motor: 1598 cc, turbodiesel, injeção direta, intercooler, start/stop

Potência: 116 cv/4000 rpm

Binário máximo: 280 Nm/1500-2750 rpm

Transmissão: 4×2, caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 11,8 segundos

Velocidade máxima: 175 km/h

Consumos: média –  4,9 litros/100; estrada – 4,7; urbano – 5,3

Emissões CO2: 130 g/km

Bagageira: 513/1503 litros

Preço: 36 165 euros

*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/Volante de Cristal (Categoria SUV Compacto do Ano)