Foi há 15 anos. O primeiro Cayenne, aspeto quase marcial, parecia um contrasenso na Porsche. Hoje é o que sabe. Está aí a terceira geração. E continua a impressionar pela positiva. Não para de evoluir. Quando se desliga o motor e fecha a porta, mantém-se a inevitabilidade da pergunta: será possível fazer melhor?
Seria quase sacrílego falar de um Porsche sem começar pelas capacidades da máquina, já disponível em Portugal. Ora bem, o grande SUV da Porsche continua a assentar em três propostas de motorização, todas ajudadas pela tração integral ativa: Cayenne – V6 turbo de 3.0 litros e 340 cv (+40 cv); Cayenne S – V6 biturbo, totalmente novo, agora com 2.9 litros e 440 cv (+20 cv); Cayenne Turbo – portentoso V8 de 4.0 litros biturbo com 550 cv. Para todos uma nova transmissão Tiptronic S de 8 velocidades, ainda mais rápida, escalonamento mais desportivo e a particularidade de garantir a velocidade máxima em sexta, sendo as outras duas relações de filosofia overdrive, destinadas a melhorar os consumos… A primeira é mais curta para potenciar as capacidades de reboque.
Em que se traduz isto, num carro que até ficou ais leve (-65 kg)? Bom, o Cayenne S, que costuma ser o preferido dos portugueses chega aos 265 km/h e acelera de 0 a 100 em 5,2 segundos…
Continua a impressionar (…) o que se faz num SUV destas dimensões e peso, a capacidade do motor e do chassis, conjunto que, em curva, nos transmite aquela ideia de que vamos sobre carris
Construído sobre a plataforma utilizada pelo Audi Q7 e o Touareg, o Cayenne inclui um pacote de pequenas maravilhas que valorizam ainda mais um chassis apuradíssimo com estabilização eletrónica. A saber, suspensão pneumática agora com três câmaras de ar (de série no Turbo) e controlo eletrónico, eixo traseiro elétrico direcional (herança do 911), vias traseiras alargadas o que permite a utilização de jantes maiores e pneus mais largos atrás, travões revestidos a carboneto de tungsténio. E ainda pode haver os travões em cerâmica no topo dos sistemas de travagem.
Outra novidade é um exclusivo do Turbo e vem potenciar a aerodinâmica do Cayenne: um defletor ativo no limite do tejadilho, que se eleva por inclinação, 20, 40 ou 60 mm e atua em combinação com as lâminas da grelha. Funciona acima dos 160 km/h, melhora a sustentação do eixo traseiro e, numa travagem a partir dos 250 km/h, eleva-se ainda mais, chega aos 80 mm para reduzir em dois metros a distância de imobilização.
É claro que estes valores tecnológicos são opção em alguns casos. Como também o novo Sport Chrono, o botão no volante que permite a máxima performance até com configurações individuais através da ação sobre o motor e a transmissão. Mas quem compra um Porsche sabe que é assim…
Como qualquer SUV que se preze, não faltam os modos de condução fora de estrada. O modo padrão designa-se Onroad, mas há quatro opções para situações de lama, gravilha, areia ou rochas. Bloqueios de diferencial podem também selecionar-se de acordo com o cenário. Além disso, claro, controlo eletrónico em descida.
Parecido e tão diferente
Inigualável no estilo, naquele princípio da Porsche que deixa a ideia de fazer parecido e afinal bem diferente, o novo Cayenne apresenta formas mais buriladas, elegância especial para dimensões difíceis. São quase cinco metros de comprimento (4,913 m) para um automóvel de largura considerável (1,983 m). Mudou principalmente mais na traseira que ganhou uma assinatura luminosa marcada pelo “fio” em LED que une os dois grupos óticos – bem conseguido. À frente são as entradas de ar a fazer a diferença para a personalidade do costume, um casamento conseguido entre o design ao serviço da eficiência e aquela agressividade que faz parte do ADN da marca.
É maior (+63 mm) e parece mais pequeno, também porque mais baixo e mais largo. Continua a marcar presença de peso na estrada e a transmitir isso mesmo ao condutor, agora envolvido noutro ambiente, quase decalque do Panamera, menos botões, três ecrãs (o central tem 12,3” e os outros dois, no painel de instrumentos, dominado pelo conta-rotações analógico, têm 7”), simplificação do que outrora era parafernália de informação e comandos menos práticos. Convence, mas nem tudo é intuitivo, talvez por serem muitas as funções disponíveis, num automóvel que também se apresenta rico no capítulo da conetividade, ainda que, na matéria, pudesse pedir-se mais de um Porsche… O volante multifunções é um mimo herdado do 918 Spyder: dimensões e pega ajustadas a tanta potência e a uma posição de condução que facilmente sentimos ao nível do ideal.
Em matéria de espaço, até por ter aumentado a largura, estamos conversados. Habitabilidade e conforto situam-se em níveis elevados, como seria de esperar. A mala também cumpre com as exigências de um grande SUV: 770 litros (+100) e isto sem rebater os bancos.
Produto de eleição
Guiar um carro assim é um privilégio. Na apresentação técnica, na Alemanha, tinha acompanhado um piloto da Porsche, que me mostrou a excelência do SUV da Porsche sobre alcatrão molhado e numa pista de obstáculos TT. Passar ao volante de um Cayenne S é entrar na outra dimensão. Claro que não constitui surpresa, 440 cv são potência elucidativa e este Porsche é reconhecidamente produto de eleição.
Continua a impressionar, no entanto, experimentar o que se faz num SUV destas dimensões e peso, a capacidade do motor e do chassis, aquele conjunto que, em curva, nos transmite a ideia de que vamos sobre carris, até num comboio de levitação magnética, tanto é o conforto e a suavidade do pisar do Cayenne S.
A direção é um modelo de precisão, a caixa de velocidades “pensa” quase mais depressa que nós adiantando-se ao recurso às patilhas, a frente “cola-se” ao asfalto e o desafio a encontrar os limites perde-se na imaginação tamanho é o “crescendo” da música do V6. Que, imagine-se, até consegue ser “pianissimo” na manobra a baixa velocidade. Muito simplesmente, um brilhante concerto Porsche!
FICHAS TÉCNICAS
Porsche Cayenne
Motor: 2995 cc, V6, turbo, injeção direta
Potência: 350 cv/6500 rpm
Binário máximo: 450 Nm/1340-5300 rpm
Transmissão: tração integral ativa, caixa automática Tiptronic S, 8 velocidades
Aceleração 0-100: 6,2 s
Velocidade máxima: 245 km/h
Consumos: média- 9,2 litros/100; estrada – 8; urbano – 11,3
Mala: 770 litros
Preço: 101 772 euros
Porsche Cayenne S
Motor: 2894 cc, V6, biturbo, injeção direta
Potência: 440 cv/6500 rpm
Binário máximo: 550 Nm/1800-5500 rpm
Transmissão: tração integral ativa, caixa automática Tiptronic S, 8 velocidades
Aceleração 0-100: 5,2 s
Velocidade máxima: 265 km/h
Consumos: média- 9,4 litros/100; estrada – 8,4; urbano – 11,8
Mala: 770 litros
Preço: 119 770 euros
Porsche Cayenne Turbo
Motor: 3 996 cc, V8, biturbo, injeção direta
Potência: 550 cv/68000 rpm
Binário máximo: 770 Nm/1960-4500 rpm
Transmissão: tração integral ativa, caixa automática Tiptronic S, 8 velocidades
Aceleração 0-100: 4,1 s
Velocidade máxima: 286 km/h
Consumos: média- 11,9 litros/100; estrada – 9,5; urbano – 16,4
Mala: 750 litros
Preço: 188 582 euros