Continua a ser difícil não gostar do Suzuki Vitara, agora com um motor 1.4 turbo de 129 cv e um sistema Mild-Hybrid de 48 V. O SUV que, para mim, vale um Oscar de actor secundário, estilo consensual, ágil e despachado, espaçoso q.b. e melhor na construção do que nos materiais, prova que a marca japonesa domina a tecnologia dos semi-híbridos. Prestações razoáveis, consumos interessantes e um preço tentador para o 4×4 que guiei: 27 695 euros.

 

O compromisso mild-hybrid, que tende a generalizar-se, é bem capaz de fazer adeptos entre quem tiver a oportunidade de guiar o Suzuki Vitara que agora até só propõe esta motorização.

O sistema, integrado por um motor-gerador elétrico de 13,5 cv, conversor e bateria de iões de lítio é um suporte interessante para o 1.4 turbo, assistindo no binário, aceleração e ralenti, quando se baixa das 1000 rpm.

Em termos práticos, o seu funcionamento, que podemos acompanhar em imagem gráfica no painel de instrumentos, faz-se sentir, essencialmente, nos momentos de aceleração, mais “redonda” pois é compensada a demora da resposta do turbo. A condução torna-se até mais agradável e a saída, por exemplo, para uma ultrapassagem fica facilitada.

No que toca ao efeito no ralenti, há, de facto grande suavidade, e logo que se pisa o aceleração sente-se a reação. Outra particularidade é que este Vitara 1.4 Boosterjet Mil-Hybrid, é essa a designação, suporta bem os baixos regimes e recupera com alguma alma. Obviamente, há limites e, para isso, está lá a caixa manual de seis velocidades, com aquele toque especial dos japoneses que fazem motos… Talvez pudesse ter um curso mais curto.

Fiel à tradição, o Vitara, agora um 1.4 turbo Mild-Hybrid de 48 V, marca pela capacidade que revela, a qual até desculpa um interior de menos qualidade, alguns pormenores antiquados e uma bagageira vulgar. Ágil, despachado, atrevido a curvar, confortável, consegue consumos interessantes mesmo na versão 4×4

Quanto a consumos, desta vez, o Mild-Hybrid deixou-me mais convencido. Em ritmo de passeio, respeitando os limites, em estrada secundária e via rápida, o computador de bordo assinalou entre 5,5 e 5/8 litros aos 100. Já em auto estrada, aos “sacramentais” 120 km/h, gastou 6,1 e 6,6, valores para o mesmo percurso sem e o cruise-control inteligente a funcionar. Diferença considerável, atenuável por certo num percurso mais longo. A média final, incluindo percursos citadinos e uma experiência com o modo Sport, foi de 6,8.

Convém esclarecer que o sistema semi-híbrido, que tem o conversor e a bateria montados sob os bancos dianteiros, traz mais 45 quilos ao Vitara, ainda assim muito leve.

Bom rolador e desenvolto a curvar

O Vitara é um SUV ligeiro e despachado, rola bem e com naturalidade atinge velocidades que talvez não devessem esperar-se com tanta rapidez. É um dos factos que contribui para um temperamento vivo, de tipo desportivo, ao qual o chassis e o compromisso de suspensão, nem demasiado firme nem excessivamente elástico, asseguram resposta convincente. O volante precisava de mais peso, ainda assim, as curvas desenham-se bem e a precisão da frente inspira confiança. É claro que há um ligeiro adornamento, mas isso mesmo – ligeiro. No percurso que sempre faço, foi mais rápido do que esperava e ficou a ideia de que até se pode exagerar, mesmo sem usar o modo Sport. Naturalmente, o sistema Allgrip, as quatro rodas motrizes automáticas e inteligentes, são ajuda considerável, afinando a distribuição eficiente do binário!

E já que se fala do Allgrip, registe-se que o sistema continua a ser comandado num botão giratório na base da consola, com as funções Auto, Sport e Snow. Ao lado, o Lock, electrónico, para bloquear o diferencial central e aumentar as capacidades fora-de-estrada do Vitara, em piso menos bons – gravilha solta, areia, uma vala.  A razoável distância ao solo (18,5 cm) proporciona relativo à-vontade.

Em matéria de estilo, estamos conversados: as senhoras ainda dizem “é bonito!”. Para isso, contribui o facto de não ser um daqueles SUV que parecem pendurados nas rodas. A grelha mais recente acentua-lhe a personalidade e se for bicolor ganha aspeto ainda mais jovial. Consensual nas formas, é equilibrado na gestão das dimensões: 4,17 de comprimento, 1,77 de largura e 1,61 de altura. Um SUV compacto bem medido.

Pormenores menos brilhantes no interior

No interior, está o lado mais cinzentão. Desde logo porque há um mar de plástico, que apenas é almofadado na parte superior do tablier. Salva-se a construção na boa linha do cuidado japonês e os excelentes bancos compõem um ambiente marcado por um tablier com design datado, instrumentação analógica e um ecrã central com software a pedir reforma, outro design e mais funcionalidades. Um contrassenso, pois em matéria e equipamento a dotação é bem generosa, logo desde origem mas em espacial no GLX que guiei. Outro é a solução antiquada das duas longas varetas para controlar o computador de bordo e o conta-quilómetros parcial. Nem dá jeito!

Perante isto, o pacote de equipamento integra: controlo de velocidade adaptativo, controlo de descida, ar condicionado automático, travagem automática de emergência, alerta e assistente de mudança de faixa, sensores de luz e chuva, bancos aquecidos, câmara traseira, bluetooth e navegação, luzes full-LED, bancos com banda em pele sintética, vidros escurecidos, retrovisores rebatíveis com piscas integrados, chave inteligente e ignição com botão, barras no tejadilho e jantes de 17 polegadas.

Em matéria de espaço a oferta é razoável, mas atrás, já se sabe, conforto é para dois. A consola é intrusiva e o túnel nem é muito alto. Vinha a calhar era um recosto para os braços…

Quando à bagageira, os 375 litros (710 com os bancos rebatidos – 60×40) afinam pela mediania. Há um fundo falso, com pouca altura, e a chapeleira é rígida e articulada com o portão. O plano de acesso é altinho, como acontece na generalidade dos SUV. Não há roda sobressalente o que, para mim, não dá muito jeito num SUV com capacidade para andar fora-de-estrada. Mas não é o único…

Fiel à tradição, o Vitara, agora um 1.4 turbo Mild-Hybrid de 48 V, marca pela capacidade que revela, a qual até desculpa um interior de menos qualidade, alguns pormenores antiquados e uma bagageira vulgar. Ágil, despachado, atrevido a curvar, confortável, consegue consumos interessantes mesmo na versão 4×4.

FICHA TÉCNICA

Suzuki Vitara 1.4 GLX 4WD Hybrid 48V

Motor: 1373 cc, turbo, injeção direta

Sistema híbrido: motor/gerador de 13,5 cv e 50 Nm de binário, conversor, bateria de iões de lítio de 48 V

Potência: 129 cv/5500 rpm

Binário máximo: 235 Nm/2000-3000 rpm

Transmissão: 4×4, bloqueio do diferencial central, caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: n.d.

Velocidade máxima: 190 km/h

Consumo: média WLTP – 5,8 L/100

Emissões: WLTP – 141 g/km

Bagageira: 375/710 litros

Preço: 27 695 euros (com campanha); gama desde, 23 527 euros