Mesmo que a concorrência apresente propostas mais vibrantes, o VW Golf GTI continua a ser um carro muito especial entre os desportivos compactos. Agora disponível só numa versão de 245 cv consegue manter a tradição. É sempre melhor, mais eficiente e senhor de um comportamento irrepreensível. Continua a convencer, e a não ser barato… 45 000€ para começar…

O novo Golf é aquele carro que muda sempre mais do que parece como acontece nesta 8ª geração – e já lá vão 45 anos. Para variar fica também sempre mais robusto e a inevitável modernidade que acompanha a evolução das formas tem a virtude se ser talhada sem lhe ferir a identidade. Nova interpretação da iluminação dianteira com um friso iluminado entre as óticas e luzes de nevoeiro com dez LED integrados na grande entrada de ar do para-choques, são a diferença maior. Atrás quase tudo na mesma, com os dois escapes integrados na banda negra que rodeia a base da carroçaria.

E daí, no GTI uma imagem de força reforçada pelo rebaixamento da suspensão e as jantes de 19 polegadas com pneus de baixo perfil, combinação que parece colar o carro à estrada, emprestando-lhe uma postura que a solidez da construção e a rigidez do conjunto passam a condução.

A grande mudança é por dentro

No interior, onde se dá a grande revolução com conceção completamente nova, mantém-se a tradição dos bancos forrados a tecido em padrão de xadrez, agora com o recosto de cabeça integrado. O ambiente é marcado pela digitalização da informação e um minimalismo excessivo ao nível dos comandos. Interruptores físicos tradicionais foram-se, substituídos por pequenos botões táteis, quatro deles para atalho do ecrã central, que permitem, por exemplo, chegar mais facilmente ao comando dos modos de condução e ao ar condicionado. Pelos vistos, caminho irreversível. Habituemo-nos!

Pode não ser o mais rápido nem o mais veloz, tão pouco o mais potente entre a concorrência, mas o novo Volkswagem Golf GTI continua a ser um desportivo de comportamento exemplar, bem construído, robusto e sólido, um daqueles automóveis que inspiram confiança, até por ser sempre mais eficiente e eficaz

O software está naturalmente adaptado ao perfil desportivo do GTI, o ecrã central (8,25” ou 10,25”) está virado para o condutor e “colado” ao painel de instrumentos (10.25”) que permite escolher entre quatro apresentações gráficas. Uma solução interessante ligada ao tradicional rigor do design alemão. Tudo simples, como a consola com apoio de braço e espaços racionais. Até a base de recarga wireless do telemóvel tem uma tampa para evitar que o aparelho esteja solto, o que dá jeito num carro deste género… Há muito plástico, tornou-se hábito, mas tudo de boa qualidade e agradável ao toque. Bem feito!

Habitabilidade e capacidade de carga em bom plano

Em termos de espaço, é razoável à frente e não põe problemas atrás, sendo possível passar os pés sob as costas dos bancos dianteiros, sempre uma ajuda para distender as pernas. O túnel é alto, e já se sabe o que isso representa, com cinco a bordo. Os bancos são a receita alemã, mas não falta conforto.

Quanto à bagageira, uma oferta razoável (380 litros) com algum espaço aproveitável sob o fundo. O plano de carga está a boa altura e o desnível para o fundo é ligeiro.

Mas passemos à prática… com um carro que acelera de 0 a 100 em 6,3 segundos e atinge os sacramentais 250 km/h em velocidade máxima. A posição ao volante, com mais pega, dispensa críticas e a pedaleira em aço inoxidável é mais um elemento que complementa a feição desportiva do Golf GTI.

Para esta imagem e o mesmo motor 2.0 litros agora, para já, com 245 cv na entrada, e os mesmo 370 Nm de binário máximo, houve que aplicar algumas alterações, como o aumento da pressão de injeção para compensar medidas “verdes” como a introdução do filtro de partículas e um catalisador maior. Mas há mais, os amortecedores eletrónicos do Dinamic Chassis Control e o diferencial XDS (autoblocante eletrónico), passaram por uma “afinação” que deu mais eficiência e eficácia ao desportivo da VW. O resultado é mais uma sigla: VDM, Vehicle Dynamics Management, no caso com resultados sensíveis na gestão de tudo quanto está ligado à condução, desde a caixa automática, no caso a DGS de sete velocidades já shift-by-wyre, e com o seletor vertical substituído pela palheta transversal a todas as marcas do grupo, direção, suspensão e acelerador. A mudança significa, por exemplo, que em modo Individual haja 15 (!) regulações…

Até voltaram os rateres em modo Sport

A condução é o que se espera, mesmo que um dia de chuva não seja o mais convidativo… O Golf GTI continua a ser impressionante pela solidez e pela rigidez à torção, parece ainda melhor em termos de tração e no que respeita ao comportamento a eficiência de sempre, com um inserção em curva muito assertiva e uma grande capacidade na saída. A direção ajuda, continua a ser um carro bem mandado e o ESP só da mostras de si quando se pisa o risco – e é preciso ir depressinha. Em modo Sport, voltaram a nem faltar os rateres a acompanhar uma sonoridade trabalhada do motor. A caixa DSG é que dá a ideia de não lidar da forma mais eficiente com tanta potência e quando chamada a colaborar no modo manual não mostra tanta rapidez quanto merece o GTI.

Este não é exatamente o automóvel para apropriado para se procurarem resultados de economia no consumo, ainda assim, sujeito à prova dos 120 km/h em autoestrada, geridos pelo cruise-control adaptativo, o GTI marcou no computador de bordo 7,8 litros aos 100 e no suburbano chegou a andar nos 7,4. Mas chegado à cidade entrou nos oito e subia depressa… A média final, com alguma chuva pelo caminho, ficou-se pelos 9,8 aos 100, mas o acumulado para 2020 quilómetros indicava 10,7, valor seguramente mais próximo da realidade.

A versão que guiei contava com 3800€ de extras, um deles “obrigatório”, a suspensão adaptativa (786€) e outro muito sugestivo, as jantes pretas Adelaide de 19” com pneus de baixo perfil (1 346€). Ainda câmara traseira (304€) e o pacote Business (1 386€). São de série: ar condicionado automático, bancos dianteiros com regulação lombar, cockpit digital, cruise-control adaptativo, câmara multifunções, estofos em tecido “Scale Papper”, faróis LED Matrix, com regulação automática e luzes de curva dinâmica, faróis de nevoeiro em LED, piscas dinâmicos, assistente de manutenção em faixa semi-automático, luz interna na área dos pés à frente e atrás, rádio DAB, reconhecimento de sinais de trânsito, retrovisores exteriores rebatíveis eletricamente, sensor de chuva, serviço online, “front assist” com deteção de peões e ciclistas, bluetooth e carregamento por indução, navegação, travão de parque elétrico, vidros traseiros escurecidos e voice control.

Pode não ser o mais rápido nem o mais veloz, tão pouco o mais potente entre a concorrência, mas o novo Volkswagem Golf GTI continua a ser um desportivo de comportamento exemplar, bem construído, robusto e sólido, um daqueles automóveis que inspiram confiança, até por ser sempre mais eficiente e eficaz.

FICHA TÉCNICA

Volkswagen Golf 2.0 TSI 245 cv DSG GTI

Motor:1984 cc, injeção direta, turbo

Potência: 245cv-5 000/6 500 rpm

Binário máximo: 370 Nm – 1 600/4 300 rpm

Transmissão: caixa automática DSG de sete velocidades

Aceleração 0-100: 6,3 segundos

Velocidade máxima: 250 Km/h

Consumo: misto – 6,3 litros/100 km

Emissões CO2: 144 g/km

Dimensões: (C/L/A) – 4 284/1 789/1 441 mm

Peso: 1 460 kg

Bagageira: 380/1 270 litros

Preço: 48 918€, versão ensaiada; desde 45 094€