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Revolução do trio maravilha

O triciclo de Benz é considerado o primeiro automóvel. Tinha um motor monocilíndrico de 954 cc e 0,75 cv. Atingia os 16 km/h
Quase uma carruagem motorizada, o primeiro Daimler usava o Grandfather Clok, motor também de um cilindro, 462 cc, 0,5 cv. Velocidade: 12 km/h
Riding Car, moto de quatro rodas foi o primeiro veículo motorizado, em 1885. Foy Maybach quem lhe aplicou o mesmo motor de Daimler. Atingia os 12 km/h
Benz Bus, produzido em 1895, deu origem ao primeiro serviço regular de transporte de passageiros
Daimler motorizou praticamente tudo, até, em 1892, uma bomba de água para os bombeiros que era puxada por cavalos. Abre a fila com outras das suas realizações
William K. Vanderbolit Jr., bilionário norte-americano, cumpriu o quilómetro de arranque em 32,4 segundos com o Mercedes-Simplex de 40 cv em primeiro plano. O carro, de 1902, atingia 80 Km/h
Este Mercedes-Simplex era uma ds grandes máquinas da época e somou vitórias nas corridas
No princípio do século XX, os franceses não tinham dúvidas: "Entrámos na era Mercedes", disse o secretário geral do clube automóvel francês, citado no livro do museu
O Simplex dava para tudo e nem faltou uma limusina,preparada para enfrentar as grandes viagens...

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Ao falar-se dos 130 anos da história dos mais antigos construtores automóveis que nos é revelada no museu da Mercedes, não se trata, de facto, da idade da marca da estrela de três pontas. Gottileb Daimler e Carl Benz trabalharam separados muitos anos, foram mesmo concorrentes, e o nascimento da marca que hoje é uma referência passa ainda por outro nome fundamental, Wilhelm Maybach. Um estava apostado em desenvolver o motor de combustão, o outro apontava já claramente ao automóvel. O último esteve sempre próximo de Daimler.

Na primeira sala do Museu Mercedes somos recebidos pelo princípio de tudo, a “carruagem” de Daimler e o triciclo de Benz

Daimler registou, em 1885, em Estugarda, o primeiro motor de combustão interna, um propulsor vertical que ficou conhecido como o Grandfather Clock, devido às formas parecidas com um relógio de pêndulo, e com Maybach desenvolveu a primeira moto (de facto, com quatro rodas), designada Riding Car e motorizou, no ano seguinte, um veículo que mais não era do que uma carruagem sem cavalos, aliás designada mesmo por Daimler Motorized Carriage. Os dois motores eram monocilíndricos – 264 cc e 0,5 cv para a moto, que atingia 12 km/h; 462 cc e 1,1 cv na carruagem, que chegava aos 18 km/h.
A quilómetros de distância, em Mannheim, Carl Benz trabalhava no mesmo sonho e, em 29 de Janeiro de 1986, registou a patente do triciclo (entendia assim ganhar uma melhor direção) que a história considera o primeiro automóvel. Tal como Daimler, usava um propulsor monocilíndrico (954 cc e 0,75 cv que permitiam a velocidade máxima de 16 km/h) e a diferença fundamental era que, no seu carro, motor, transmissão e chassis formavam um todo.

Bertha Benz, a mulher de Carl, afirmou, em 1988, a importância do automóvel concretizando a primeira viagem de “longa” distância (…) entre Manhein e Pforzhein, um percurso de 106 quilómetros

E foi num destes triciclos que Bertha Benz, a mulher de Carl, afirmou, em 1888, a importância do automóvel concretizando a primeira viagem de “longa” distância. Fervorosa adepta do automóvel e cansada das críticas ao marido, decidiu, sem o avisar nem participar às autoridades, conduzir, na companhia dos dois filhos, entre Manhein e Pforzhein, um percurso de 106 quilómetros. As peripécias foram várias mas a mais famosa tem a ver com o abastecimento. Como o carro não tinha depósito de combustível e era o carburador que comportava cerca de 5 litros, Bertha teve de parar em Wiesloch para comprar ligroína (derivado do petróleo) na farmácia! Quando chegou, avisou Carl Benz por telegrama…

Bertha e o Carl Benz, em 1894, num Victoria Model, automóvel já com quatro rodas (Arquivos Mercedes Benz)

Os dois construtores continuaram a trabalhar com rumos definidos. Daimler, numa perspetiva alargada, apostava nos motores que aplicou em barcos, engenhos aeronáuticos, locomotivas, até bombas de água contra incêndios – era o caminho que está na origem da estrela de três pontas: terra, mar e ar! Benz focava-se nos automóveis. Ambos construíram entretanto motores de dois cilindros e lançaram-se nos veículos comerciais, principalmente destinados a carga mas também ao transporte público de passageiros (Benz produziu uma autêntica diligência motorizada, em 1895). Tinham nascido, entretanto a Daimler-Motoren-Gesellchaft (DMG) e a Benz & Cie.
Outra mulher vai surgir na história, por iniciativa de um grande empresário, apaixonado pelos automóveis e pela tecnologia, amante da competição e ele próprio importante vendedor de veículos Daimler, aproveitando as boas relações com a aristocracia e o mundo financeiro. Chamava-se Emil Jillinek, vivia entre Viena e Nice, pediu à DMG carros mais potentes e acordou o desenvolvimento de um motor que arrastava o nome da sua filha e era designado Daimler-Mercedes. E em 1900, concebido por Maybach, surgia aquele que é considerado o primeiro automóvel moderno, sem ar de carruagem motorizada, o Mercedes de 35 cv, que abriu uma série de sucessos desportivos continuados pelo Mercedes-Simplex, disponível com motores de quatro cilindros, primeiro de 40 cv e depois de 60 cv. Teve mesmo uma versão limusina.

Mercedes Jillinek, em 1906, ao volante de um desportivo que já ostentava o seu nome (Arquivos Mercedes-Benz)

Carl Benz estava em maus lençóis, tinha produtos antiquados e procurou inverter a situação com o Parsifal, com base num dois cilindros que oferecia também várias carroçarias. Seguiram-se outros modelos, veio a guerra e ambos, por razões óbvias, apostaram ainda mais nos motores de avião. Mas um dia, em 1926, acabou a outra “guerra” e nasceu a Daimler Benz-AG.
Foi o princípio de nova revolução com a criação de uma marca que iria ganhar nome e prestígio em todo o mundo: Mercedes-Benz.

Vinham aí alguns automóveis impressionantes, grandes máquinas que estão no museu de Estugarda e ainda se olham com admiração. É tema para mais um capítulo…