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Modelo de equilíbrio Honda

Redução das entradas de ar face à versão dois volumes, suaviza a dianteira do Civic Sedan (Foto Honda Media)
Formas, com destaque para a inclinação do tejadilho, seguem a tendência dos chamados coupés de quatro portas (Foto Honda Media)
Traseira "muito limpa", grupos óticos dominantes e ousados dão sequência às soluções que corporizam um estilo mais sóbrio e consensual (Foto Honda Media)
Com 4,61 metros de comprimento, por 1,79 de largura e 1,41 de altura, o Civic Sedan é um familiar bem proporcionado (Foto Honda Media)
Consola cria dois espaços num cockpit que perdeu o ar futurista, mas recorre apenas a informação digital. Tablier bem conseguido e qualidade percebida em alta (Foto Honda Media)
Painel de instrumentos é muito simples e de fácil leitura. A condução económica é "traduzida" em luz verde (Foto Honda Media)
Erã tátil de sete polegadas centraliza as funções de sete menus operáveis também a partir do volante multifunções (Foto Honda Media)
Tornou-se comum, e não podia faltar num automóvel japonês, o carregador do telemóvel por indução (Foto Honda Media)
Acabamento do volante deixa perceber a atenção dispensada ao detalhe (Foto Honda Media)
Versões com revestimentos em pele elevam a imagem de qualidade do Civic Sedan (Foto Honda Media)
Habitáculo espaçoso garante comodidade de bom nível a dois passageiros no banco traseiro. Não é preciso encolher as pernas e a distância ao tejadilho parece a suficiente (Foto Honda Media)
Lugares traseiros são também aquecidos. Interruptores estão na consola (Foto Honda Media)
Iluminação traseira recorre, sem surpresa, à tecnologia LED e simula o efeito tridimensional (Foto Honda Media)
Conceção original dos grupos óticos dianteiros que integram as luzes diurnas, ao estilo de elaborado traço de "high-liner". Jantes podem ser de 16 ou 17 polegadas (Foto Honda Media)

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Bela surpresa o Honda Civic 1.5 VTEC Turbo Sedan. É difícil encontrar tanto equilíbrio numa proposta que ganha relevo pelos 182 cv de potência. E o carro anda, e anda bem. A surpresa é que a par do que é natural arrastar esta capacidade vamos descobrir a possibilidade de consumos inesperados: 5,3 litros aos 100 em autoestrada não é para todos.

Os portugueses não são consumidores privilegiados das versões de três volumes. Mas a verdade é que se vêem bastantes Honda com este formato. O novo Civic promete que as coisas continuarão assim. Ainda que modernaço, como é timbre da “casa”, resulta mais consensual do que o agressivo dois volumes, mais jovem e desportivo. Claramente, uma opção para um cliente com outra idade, pelo menos mais discreto, o que não significa outro espírito.

Um Civic capaz de surpreender quem não estiver familiarizado com a especial filosofia dos automóveis da Honda, sempre com um “toquezinho” desportivo, mesmo quando se trata de um familiar espaçoso q.b. e confortável na configuração tradicional do três volumes

Com este motor, o familiar “clássico” japonês é um automóvel que permite desfrutar do gozo da condução. A potência e o binário contam, claro, mas é o acerto do conjunto e, no fundo, uma inesperado docilidade que marcam decisivamente o automóvel. Direção informativa, caixa de velocidades muito precisa – com aquele toque que até tem magia para quem andou de moto –, mordaz e assertivo em curva, estável quando se impõem os balanceamentos de carroçaria, convincente a travar este Civic transmite-nos, muito depressa, aquela ideia de que guiamos um carro bem feito.

Esta sensação assume outro relevo quando nos lembramos de que a filosofia é a de um familiar generalista, automóvel de bons índices de conforto e com habitabilidade digna de registo no cotejo com os seus pares de formato tradicional, quatro portas e a traseira estendida a valorizar a mala.

Dois casos sérios

A primeira tentação, óbvio, é testar a máquina. Aceleração simpática, caixa talvez menos curta do que seria de esperar, o Civic 1.5 VTEC Turbo despacha-se a contento, sem explosões, e como tem uma larga faixa de utilização do binário, faz tudo com tanta suavidade, crescendo natural, que é preciso olhar opara o velocímetro para percebermos que as coisas se passam mesmo depressa. E isto inclusivamente a curvar, situação em que ele “gosta” de mostrar uma capacidade que convida a tentar fazer sempre um pouco mais depressa…

Este é o lado lúdico deste Honda que, afinal, revela-se um caso tão sério sob este ponto de vista como na vertente que acaba sempre por pesar na análise de um automóvel familiar – a economia. Ora, ativando o modo Eco – com a tradicional árvore verde no painel de instrumentos que nos desafia a poupar – vamos encontrar outro carro. Naturalmente, são atenuadas aquelas caraterísticas geniquentas do carro de 182 cv, mas aos ritmos que, percebemos, são aqueles da maioria dos condutores nas estradas nacionais, alcançamos valores de consumo interessantes para um carro com motor a gasolina.

Para mim, o mais impressivo foram os 5,3 litros aos 100 em autoestrada, com o cruise-control adaptativo nos 120 km/h. No chamado percurso suburbano, Lisboa e arredores com vias rápidas sem poupar no acelerador, consegui 6,9, número que viria a ser também a média final, esta contando os exageros que importava fazer para confirmar a capacidade da máquina. Quem compra um carro assim vai por certo fazê-los alguma vez e com certeza não todos os dias, pelo que acredito poderem roubar-se umas décimas ao valor do balanço final.

Espaço e um toque modernista

E a vida a bordo? O Civic Sedan, a exemplo da versão dois volumes, tem vindo a perder aquele ambiente futurista e muito high-tech que marcou as últimas gerações. O ambiente é simpático, sempre com um toque modernista extensivo à instrumentação, toda ele digital e com o ecrã tátil de sete polegadas em destaque.

A consola, que se prolonga até ao ecrã contempla aquela solução menos prática dos dois andares com uma abertura sob o seletor, mas era a única forma de não desperdiçar espaço. Já as entradas USB podiam estar noutro lado, menos escondidas. Pormenores.

O tablier adota estilo original, feito de camadas e combinando plásticos de várias texturas e um friso metálico. É diferente e vistoso e, sobretudo bem construído potenciando a imagem de qualidade percebida que pontifica num interior muito cuidado na montagem e no detalhe. Convence e ganha na imagem quando, como era o caso, existem revestimentos em pele.

A posição de condução (rebaixada como no dois volumes) é muito agradável e as muitas regulações disponíveis permitem encontrar a medida certa. O volante apresenta a pega e as medidas ajustadas.

Atrás, o espaço é muito bom para as pernas e não senti que pusesse em causa a comodidade de alguém mais alto. O acesso é fácil. Já quem se sentar ao meio não beneficiará do mesmo à-vontade, o túnel e a consola roubam naturalmente comodidade. Está a tornar-se vulgar, os cinco lugares são cada vez mais um recurso.

A bagageira tem capacidade respeitável, 519 litros, potenciáveis através do rebatimento do banco traseiro bipartido (60×40), feito através de dois puxadores no topo da moldura da mala mala. A boca é baixa, o plano carga elevado e desnivelado do fundo, pormenores que não abonam em favor da facilidade da colocação de bagagem.

O equipamento desta versão, uma Executive, topo de gama, contemplava, designadamente, travagem autónoma de emergência, travão de parque elétrico com a-hold, avisador de colisão frontal, detetor de ângulo morto, alerta de saída de faixa, cruise-control adaptativo, reconhecimento de sinais, sensores de chuva, luz e estacionamento, faróis de tecnologia LED com máximos automáticos, navegação, além dos estofos em pele, ar condicionado automático e tejadilho de abrir.

Enfim, um Civic capaz de surpreender quem não estiver familiarizado com a especial filosofia dos automóveis da Honda, sempre com um “toquezinho” desportivo, mesmo quando se trata de um familiar espaçoso q.b. e confortável na configuração tradicional do três volumes. E como uma surpresa nunca vem só, descobre-se que um carro com 182 cv com motor a gasolina também pode ser económico.

FICHA TÉCNICA

Honda Civic 1.5 VTEC Turbo Sedan

Motor: 1498 cc, injeção direta, turbo, intercooler, start/stop

Potência: 182 cv/5500 rpm

Binário máximo: 240 Nm/1900-5000 rpm

Transmissão: seis velocidades, manual

Aceleração 0-100: 8,4 s

Velocidade máxima: 210 km/h

Consumos: média – 5,8 litros/100; estrada – 4,8; urbano – 7,4

Emissões CO2: 131 g/km

Bagageira: 519 litros

Preço: versão ensaiada – 30 300 euros; desde 28 300 euros