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A lenda dos Flechas de Prata

Na versão de 1937, W 125 a refrigeração era reforçada com duas entradas de ar. Pára-brisas mais curto entre os retrovisores (Foto Mercedes)
A traseira do W25 de 1934, o primeiro Flecha de Prata, era bem menos elaborada. Percebe-se a simplicidade do painel de instrumentos (Foto Mercedes)
Vencedor em Tripoli, o W 165 de 1939 tinha um dianteira bem diferente e mais moderna - está no Museu Louwman (Foto Mercedes)
Visto de perfil, o W 165 deixa perceber o seu comprimento significativo (Foto Mercedes)
Radiografia do W 125 de 1937, uma temporada de grande sucesso para os Flechas de Prata (Foto Mercedes)
Jochen Mass participou na clássica subida de Grossglockner, em 2012, com este Silver Arrow de 1937 (Foto Mercedes)
O conhecido piloto alemão guiou, também em 2012, o mesmo W 125 no célebre Festival de Goodwood (Foto Mercedes)
O W 25 Avus de 1934 foi uma versão fechada com a qual Caracciola, que lhe chamava "racing sedan", bateu vários recordes (Foto Mercedes)
Luigi Fagioli pilotava com esta agressividade o W 25 que levou à vitória, em Pescara, na corrida do campeonato de 1934 (Foto Mercedes)
Nesta corrida, em Tripoli, von Brauchitsch foi segundo numa tripla da Mercedes com o W 154: ganhou Lang e Caracciola foi 3º
Herman Lang em ação numa prova de montanha, em 1939, tripulando um W 125 com motor 5.6 (Foto Mercedes)
Num W 125 com carburador adicional, Herman Lang levou este W 125 ao pódio em Grossglockner (Foto Mercedes)
Tripla em Reims para o W 154 de 1938: von Brauchitsch e Caracciola lado a lado, Lang vem atrás (Foto Mercedes)

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Na imponente parada de desportivos da “parabólica” do Museu da Mercedes, em Estugarda, é impossível não fazer uma paragem prolongada em frente ao W 25 que abre a saga dos Flechas de Prata. Aquele Fórmula 1 ainda é impressionante e pensar que se pilotavam automóveis assim a 280 Km/h, em 1934, até arrepia.
A magia dos Flechas de Prata faz parte da história do desporto automóvel, nasceu em meados de 1930, com von Brauchtisch, Caracciola, Fagioli, Lang e, depois da II Guerra, continuou a fazer brilhar a estrela da Mercedes, envolvendo pilotos como o supercampeão argentino Juan Manual Fangio e o famoso eterno segundo que foi (sir) Stirling Moss.
E para começar logo uma estória daquelas que parecem saídas de um conto. A designação Flechas de Prata resulta daquilo que em português se chama um desenrrascanço. Estávamos em 1934 e apareciam as primeiras regulamentações na Fórmula 1 que, desde logo, impunham um peso máximo de 750 quilos para o carro em vazio e sem pneus. O Mercedes-Benz já tinha falhado, devido a problemas técnicos, a primeira corrida do campeonato, em Berlim, e a estreia ficou adiada para o mítico Nürburgring. E na véspera, o rigor alemão ía por água abaixo: o carro acusava mais um quilo na balança!
Alfred Neubaur, o homem do chapéu e da gabardina, fato e gravata nas boxes, mítico chefe da equipa, terá dito, segundo reza a história, que a situação merecia medidas extraordinárias. E daí, vai de decapar o carro que, numa noite, perdeu o branco tradicional dos carros de competição da Mercedes para surgir na cor baça da chapa e chegar à balança com o peso exato!

O W 25 de 1934, que Fagioli pilotou, é um regalo para a vista, na parabólica do museu de Estugarda – ainda impressiona!

Para tudo ser ainda mais à medida do alimentar da lenda, Manfred von Brauchitsch levou a plateia alemã ao rubro, no dia seguinte, em Nürburgring, e saiu vitorioso na corrida ADAC Eifel. Era uma entrada em cena apoteótica e logo naquele que continua a ser considerado um dos mais exigentes circuitos do mundo – e ainda é aproveitado por muitas marcas quando querem mostrar resultados sonantes com novos modelos.

Um dos exemplares mais fantásticos surgiu em 1937, designava-se Mercedes-Benz W 25 Avus Stremlined Racing Car e foi produzido para uma corrida “sem limites” na Avus Track de Berlim (…),  debitava 570 cv a 5800 rpm e chegava aos 370 km/h!

O Mercedes Benz W 25 que foi o primeiro Flecha de Prata tinha um motor de oito cilindros, com 3364 cc, debitava 354 cv a 5800 rpm e atingia os 280 km/h em velocidade de ponta. Era o suficiente para, no ano de estreia, a estrela das três pontas ficar associada a mais vitórias, designadamente noutro circuito famoso, Monza, e a uma “dobradinha” em S. Sebastian, no Grande Prémio de Espanha.
No ano seguinte, outro W 25, com motor mais potente, venceu nove das 11 corridas do campeonato, Rudolf Caracciola recebeu seis vezes a coroa de louros e tornou-se campeão da Europa, aquilo que hoje seria Campeão Mundial de Condutores.
O W 25 não conheceu sempre sucessos tão esmagadores, mas não parou de evoluir até à Guerra. Em 1937, por exemplo, usava um motor de oito cilindros de 5663 cc com a potência de 592 cv e capaz de chegar aos 320 km/h. Nas motorizações, que acompanharam sempre desenvolvimentos na carroçaria, para melhorar aerodinâmica e refrigeração, deve incluir-se também, em 1938, um V12 com 2962 cc, 453 cv a 8000 rpm, que fazia 285 km/h em velocidade de ponta.
Um dos exemplares mais fantásticos da família surgiu, no entanto, em 1937, designava-se Mercedes-Benz W 25 Avus Stremlined Racing Car. Tratava-se de um protótipo e não de um Fórmula 1, e foi produzido propositadamente para uma corrida “sem limites” na Avus Track de Berlim, circuito que integrava uma parabólica com 43 graus de inclinação e mais de 13 metros de largura. O motor era um V12 com 557 cc, debitava 570 cv a 5800 rpm e chegava aos 370 km/h! Nessa corrida, Hermann Lang conseguiu para a Mercedes um recorde que durou até 1958, a média de 261.5 km/h …
Entre as diferentes configurações apresentadas, logo em 1934 chegou mesmo a haver uma versão cabinada, que Caracciola pilotou para bater vários recordes e à qual chamava o seu sedan de corrida… Excluindo esta variação, o W25 nunca deixou de ser imponente. Fica provado quando se admira o modelo que está no museu de Estugarda, unidade de 1934 conduzida por Luigi Fagioli ao 2º lugar em Nürburgring – é um regalo para a vista!

No vídeo que aqui pode ver, Caracciola é a vedeta numa sequência de imagens que dá conta dos “impossíveis” que os pilotos dos anos 30 realizavam ao volante dos Flechas de Prata e dos outros.

(Fonte: Legend&Collection – Mercedes-Benz Museum)