Publicidade Continue a leitura a seguir

BMW i3, barato sai caro…

Original, diferente de todos os elétricos, o i3 não parece ser penalizado pelo design (Foto BMW Press)
Alto, pneus estreitos, um pisar mais eficaz do que elegante (Foto BMW Press)
Ausência de pilar central, portas de abertura oposta, com a particularidade de a traseira ser mais pequena (Foto BMW Press)
Mais simples parece difícil: tudo em menos, uma solução bem conseguida sob preocupações ecológicas ao nível dos materiais (Foto BMW Press)
Ignição, botão de parque, comando de marcha tudo concentrado num bloco e acionável, com polegar e indicador, num manípulo ergonómico (Foto BMW Press)
À frente do condutor, a informação necessária apresentada da forma mais simples, num painel digital (Foto BMW Press)
No ecrã central "passam" várias informações, do rádio à navegação, e, claro, diagramas sobre o funcionamento dos três modos de condução do i3 (Foto BMW Press)
Na consola central, o conhecido iDrive para comando dos menus do ecrã central, além do botão do travão de parque e do interruptor de seleção dos modos de condução: Confort, Eco-Pro e Eco-Pro+ (Foto BMW Press)
Banco traseiro só com dois lugares e assento curto; comodidade e conforto aquém do esperado (Foto BMW Press)
Habitual nos automóveis elétricos, mala pequena, no caso 260 litros, plano de carga alto; bancos rebatem em duas metades (Foto BMW Press)
Sob o capô, os cabos para carregamento, devidamente acondicionados num saco (Foto BMW Press)
Redesenho do pára-choques e nova solução para os faróis de nevoeiro, anteriormente redondos (Foto BMW Press)
Bateria de iões de lítio está colocada sob os bancos, baixando o centro de gravidade; armazena 33,2 kWh (Foto BMW Press)
Tomada de carregamento encontra-se atrás, do lado direito, oculta por tampa semelhante à de um depósito de combustível (Foto BMW Press)
As baterias de iões de lítio do i3 são fabricadas pela Samsung (Foto BMW Press)

Publicidade Continue a leitura a seguir

Continua a ter as virtudes e os defeitos da originalidade entre os automóveis elétricos, mas o peso do emblema é tão grande que nem o preço elevado impede que surja com frequência no raio do nosso olhar, principalmente na cidade. Afinal é este, por excelência, o meio preferencial do BMW i3. Guiá-lo continua a ser experiência interessante. Os óbices, para mim, são os de todos os elétricos. A opção ainda coloca muitas limitações. Pelo menos a um lisboeta sem garagem…

A ideia não é falar da opção elétrica, sempre a crescer nas escolhas, é verdade, das questões logísticas que continuam por resolver, como os postos de carga avariados, as poucas estações de carregamento rápido, a energia gratuita. Discussões à parte, a questão é o i3, o qual, como admiti na sua apresentação, veio mesmo contribuir para mudar as coisas com a força do seu emblema. Parece mesmo que é sempre diferente ter um BMW!

Agora com 170 cv de potência e uma bateria de 94 Ah a garantir também mais 60/70 quilómetros de autonomia, capaz por isso de se abalançar a percursos de 200 quilómetros (a unidade testada prometia 201 km com a carga completa!), o i3 tirou-me muita daquela ansiedade que experimento regularmente ao volante dos elétricos – ver o indicador da carga a baixar…

Imagem, qualidade, autonomia razoável, habitabilidade vulgar, portas traseiras pouco práticas, bagageira pequena comportamento dinâmico interessante, preço elevado e lista de extras muito extensa, em síntese, é isto o BMW i3

A experiência revelou-me um automóvel elétrico capaz, com facilidade de rodar cerca de 180 quilómetros numa utilização descontraída. Preferencialmente, em modo Eco-Pro (130 km de velocidade máxima), isto porque nos dias quentes de Agosto dispensar a climatização, como impõe o Eco-Pro+ (também limitado a 90 km/h de velocidade máxima) não é coisa suportável por muito tempo. E poupar não tem de ser sacrifício…

No modo Confort, o i3 fica liberto de constrangimentos e lá vai até aos 150 km/h, com aquela aceleração que impressiona sobretudo no arranque e proporciona uns interessantes 7,3 segundos de 0 a 100, um gozo para os adeptos da discussão das “poles” nos semáforos… É claro que a bateria ressente-se, ainda assim, pareceu-me, menos do que seria de esperar. Positivo!

Regeneração notável

Aquilo que continua a impressionar mais é a capacidade de regeneração da bateria, a força notável da desaceleração quando se tira o pé do pedal e o indicador de carga nos aponta o motivo de ser tão significativa a travagem (até acendem os stop), a qual pode mesmo chegar à imobilização. Aprendemos uma nova forma de conduzir, chega a ser possível guiar só com o acelerador, e os resultados são claros na informação de bordo. Até tem graça e foca-nos na condução, assim como numa espécie de desafio, afinal “típico” na resposta dos automóveis das novas tecnologias.

Quando terminei a experiência e fiz contas registei 93,9 km percorridos, maioritariamente em cidade, com 46% da bateria por utilizar. O computador de bordo prometia mais 77 km de autonomia o que chegaria para ter realizado 170,9 km. Com 63,2 quilómetros tinha um consumo de 18,4 kWh/100 e 66 por cento da carga. Um “excesso”, em modo Confort, alterou consideravelmente os números. Não há milagres!

No que respeita à carga, a bateria do i3 fica “cheia” ao cabo de 10 horas, se usarmos uma tomada normal, e em três horas e meia se dispusermos de uma wallbox. Numa estação de carregamento rápido, em 40 minutos obtém-se 80 por cento da carga e em hora e meia a totalidade.

Em termos dinâmicos, o i3 mesmo sendo alto, ganha com a colocação das baterias sob os bancos o que lhe baixa o centro de gravidade e beneficia o comportamento. A suspensão é seca, a filtragem das irregularidades vulgar o que não deixa de refletir-se no conforto, sobretudo quando o piso não ajuda. E na cidade… De todo o modo, um carro ágil, honesto, mas também não surpreendente, sobretudo nas longas curvas a pedir mais apoio. Também não é essa a ideia – apesar de até haver agora uma versão S, mais potente (184 cv) e trabalhada a nível de suspensão. Para mim, faz pouco sentido, mas a BMW é que sabe.

O resto é um i3 ligeiríssimamente retocado, reconhecível pelos faróis de nevoeiro rasgados, em vez dos redondos, e um para-choques redesenhado. Nada que altere a imagem do tal carro diferente de todos, original, do qual uns gostam e outros acham graça nenhuma… A postura em estrada é sempre marcada pela relação entre a altura da carroçaria e a largura dos pneus – mais eficaz do que elegante no pisar.

No interior, a mesma imagem minimalista num curioso exercício de casamento de materiais a apontar, claramente, para a ideia de fazer leve, resistente, o melhor possível quando há preocupações ecológicas, e tudo numa perspetiva de privilegiar a ideia de simples e o tudo  em menos…

E o tudo em menos é um conjunto de instrumentos simplificado, contraste com o que está a tornar-se habitual na concorrência: velocímetro digital quase rudimentar, ecrã central com muita informação comandado pelo iDrive, botões de parque e de ignição e comandos de marcha (a caixa é de velocidade única, claro) num original manípulo ergonómico atrás do volante, gerível através de indicador e polegar, com as três posições R/N/D. Afinal, não é preciso mais.

Habitabilidade vulgar e portas pouco práticas

A posição de condução é alta e, por isso, alto também está o volante, regulável em altura (pouco) e profundidade, multifunções, claro está, dimensões e pega normais. É fácil encontrar uma posição de condução cómoda e não falta espaço à frente.

Quando se chega ao cómodo e ao prático, encontramos motivos para reparo. Antes de mais pelo sistema de abertura das portas traseiras. Mais do que a solução de abertura oposta (não há pilar central), que até facilita a entrada, é o mecanismo, instalado no perfil e utilizável apenas com a porta dianteira aberta… A habitabilidade deste quatro lugares, com o banco traseiro elevado e de assento curto também não passa do vulgar, e há mesmo um ambiente menos acolhedor e confortável, por falta de altura e da pouca luminosidade. A falta de espaço para os pés sob os bancos dianteiros, também não ajuda.

Enfim, a bagageira é vulgar nos seus 260 litros (o banco rebate em duas metades) e penalizada ainda por um plano de carga elevado. Mas o i3 não é um carro para viajar…

A versão ensaiada era quase um catálogo de equipamento que atirava o preço para valores exagerados: 56 066,28 euros para sermos precisos. Eram quase 6 570 euros de extras, que incluíam as jantes de 20 polegadas (1134 euros) e o interior i-suite (2 430 euros) como opções mais caras. Além deles, sistema de som Harman Kardon, câmara de marcha atrás, sensores de estacionamento luz e chuva, navegação profissional, Connected Drive com informação de trânsito em tempo real e serviço concierge, Serviço BMW Inclusive (cinco anos/10 000 km), BMW add-on Mobility (dez dias durante dois anos). Para o básico bastam 43 505 euros. Ainda assim, o exemplo de que o barato, às vezes, sai caro…

Em termos de garantias: dois anos sem limite de quilometragem e para a bateria oito anos ou 100 mil quilómetros

Imagem, qualidade, autonomia razoável, habitabilidade vulgar, portas traseiras pouco práticas, bagageira pequena comportamento dinâmico interessante, preço elevado e lista de extras muito extensa, em síntese, é isto o BMW i3.

FICHA TÉCNICA
BMW i3 (94 Ah)*

Motor: elétrico, síncrono

Potência: 170 cv/4800 rp

Binário máximo: 250 Nm/250 rpm

Transmissão: dianteira, caixa de velocidade única

Bateria: iões de lítio 94 Ah (Samsung); armazenamento – 33,2 kWh

Aceleração 0-100: 7,3 segundos

Velocidade máxima: 150 km/h

Consumo: 13,2 kWh/100 km

Emissões CO2: 0 g/km

Autonomia: 290/300 km (NEDC); 235/255 km (WLTP)

Bagageira: 260 litros

Preço: 56 066,28 euros (versão ensaiada); desde 43 505 euros

*BMW i3 é candidato aos Global Mobi Awards