Imagem conhecida com outro emblema para proposta honesta (Foto Mitsibishi)

A história está contada. O Mitsubishi Colt é gémeo do Clio e também tem uma versão de 65 cv a abrir a gama. Um carro honesto, naquela assunção do princípio que quem dá o que pode a mais não é obrigado. Tem preços desde 18 490€.

Ninguém espera milagres de um automóvel com 65 cv, cinco portas, cinco lugares, por melhor que seja a base e essa não deixa dúvidas no Mitsubishi Colt Kyoto, nascido sobre uma plataforma reconhecida como equilibrada.

O 999 cc três cilindros da Renault, nesta versão menos musculada está ao nível das expetativas. Cumpre e até deixa boa impressão no quadro do nível da oferta.

Suspensão macia, muito francesa, confortável sem surpresa, revela-se mais eficaz em curva do que seria de esperar, resistindo às transferências de massas com pundonor e nunca se descompondo quando se pisa o risco…

… Verdade que pisar o risco é um conceito lato perante a potência e o binário (95 Nm) de um segmento B que se apresenta como automóvel sem pretensões a grandes rasgos prestacionais. A aceleração 0-100 em 17,1 segundos e os 160 km/h em velocidade de ponta deixam claro aquilo que pode.

Honesta e competente para os seus 65cv de potência, a versão Kyoto do Mitsubishi Colt, com as limitações próprias de uma proposta de entrada na gama, vale os 18 490€ que custa também em conforto e economia. Um carro para quem não precisa de fazer corridas e procura um meio de transporte bem feito

De todo o modo, é um bom rolador e chega a deixar-nos sorrir pelo relativo despacho, também fruto de uma reconhecida agilidade que ajuda a tornar a condução descansada e agradável. Isto, mesmo com uma direção talvez desmultiplicada em excesso, pouco informativa mas que consegue minimizar essa realidade com um peso ajustado.

As coisas tornam-se mais complicadas quando a estrada empina e os passageiros a bordo aumentam. Então, como azeite na água, vêm ao cimo as lacunas do motor, a falta de alma, leia-se força, que obriga a recorrer à caixa manual de cinco velocidades.

Escalonamento da transmissão ajuda

Caixa de velocidades de toque muito agradável e que tem uma particularidade: um escalonamento muito bem adaptado ao motor e ao peso do carro, o que nos permite, pelo menos sozinhos a bordo, conseguirmos rodar a baixa rotação nas relações mais altas e descobrir que este três cilindros até se revela capaz de consumos a ter em conta pela economia. O que nem sempre acontece nesta solução motriz…

Faóis em LED são uma mais valia do Kyoto (Foto Mitsubishi)

E daí, depois de uma viagem com condução em cidade, meios suburbano e autoestrada – onde não me coibi de regular o cruise control para os 120 km/h, um consumo médio de 5,9 litros aos 100, valor que me parece perfeitamente consentâneo com o que deve esperar-se. Mesmo que a Mitsubishi anuncie 5,2 l/100. O computador de bordo indicava que tinha combustível para mais 430 km e o mesmo é falar numa autonomia de 617 km. Interessante!

As diferenças entre os Colt e os Clio resumem-se a pormenores. A frente faz por recuperar a imagem do Dynamic Shield, com destaque para os três diamantes. Atrás, em relevo no portão, a afirmação de marca da Mitsubishi estampada em lettering cromado. A mala passa a abrir no rebordo inferior e a meio do portão existe uma aplicação que esconde a câmara traseira.

É uma maquilhagem simples mas que ainda assim transporta alguma identidade, mesmo que possa causar estranheza para alguns. No fundo é quase como se houvesse outra versão do Clio.

No interior, exceção feita ao emblema Mitsubishi no centro do volante, temos o estilo conhecido, materiais de boa qualidade e construção cuidada. Painel de instrumentos digital configurável com sete polegadas, a mesma medida do ecrã central, este o Smartphonelink Display Audio, horizontal, com conectividade Apple CarPlay e Android Auto.

No que respeita à habitabilidade é razoável à frente, mais vulgar atrás, com o túnel a roubar mobilidade. Vale que os pés podem passar sob o fundo dos bancos dianteiros o que dá mais algum desafogo. De qualquer modo, cinco pessoas é exercício de boa vontade. Nada que surpreenda nestas dimensões.

No que respeita à bagageira, 391 litros que podem chegar aos 1069 com o banco traseiro rebatido.

O nível de acabamento é considerável para a oferta e conta com faróis dianteiros Full LED, espelhos com rebatimento elétrico, ar condicionado automático, volante forrado a couro, câmara traseira com sensores de estacionamento, acesso sem chave e cruise control. As jantes são em aço de 15 polegadas com embelezadores – uma diferença natural…

Honesta e competente para os seus 65cv de potência, a versão Kyoto do Mitsubishi Colt, com as limitações próprias de uma proposta de entrada na gama, vale os 18 490€ que custa também em conforto e economia. Um carro para quem não precisa de fazer corridas e procura um meio de transporte bem feito.

FICHA TÉCNICA

Mitsubishi Colt Kyoto

Motor: 999 cc, três cilindros, injeção indireta

Potência: 65 cv/6 3000 rpm

Binário: 95 Nm/3 600 rpm

Transmissão: caixa manual de cinco velocidades

Aceleração 0-100 km/h: 17,1 s

Velocidade máxima: 160 km/h

Consumo: média WLTP – 5,2/100 km

Emissões CO2: 118 g/km

Dimensões: c/l/a – 4,053/1,798/1,434 m

Peso: 1 124 kg

Preço: 18 490€