Formas ousadas parecem antecipar novos caminhos do design (Foto KIA)

Traseira muito bem trabalhada na mesma linha de simplicidade (Foto KIA)

Interior de estilo limpo é muito plastificado (Foto KIA)

Grande painel digital e um volante peculiar (Foto KIA)

Consola flutuante explora bem o espaço (Foto KIA)

Materiais bem combinados e construção cuidada (Foto KIA)

Na formação de cinco lugares, viaja-se bem no banco central (Foto KIA)

Rosto revela revolução do "tiger nose" (Foto KIA)

Luzes ao estilo de mapa estelar, outra ousadia (Foto KIA)

Barras num tejadilho que não dispensa a superfícioe panorâmica (Foto KIA)

Vidros traseiros escurecidos marcam a silhueta (Foto KIA)

Jantes podem chegar às 21 polegadas e reforçam a imagem (Foto KIA)

Pode não ser à medida do mercado português, mas a verdade é que o grande SUV KIA EV9 convence quando se pensa em quem precisa dos sete lugares e pretende um automóvel cem por cento elétrico. Ótimo rolador, cómodo e espaçoso, bem equipado até tem um preço que desafia a escassa concorrência: 77 000€.

Já aqui falámos do estilo, formas quadralizadas e um certo ar marcial. Com uma “corpulência” de meter respeito, parece fadado para mercados como o norte-americano. Mas estou convencido de que não vão faltar clientes noutras paragens, no fundo acompanhando o crescimento da KIA e o reconhecimento do público que os números de vendas expressam bem. E não só: é finalista do Carro do Ano Internacional, concurso que o EV6 venceu no ano passado.

E repito: os faróis verticais naquela frente (Digital Tiger Face) que parece um bloco ligeiramente burilado com uma grelha inferior e duas entradas de ar, austera de tão simples e agressiva, e as luzes traseiras ao género de mapa das estrelas são os pormenores que podem destacar-se do design de um SUV que parece romper com todas as convenções. E, atenção, falta pouco para confirmarmos que este é o caminho para muitas outras marcas e nem todas asiáticas…

O KIA EV9 tem cinco metros de comprimento, quase dois de largura e é mais alto do que a maioria dos portugueses: 1,75 m. Se a isto juntarmos a plataforma plana com as baterias integradas e uma distância entre eixos de 3,10 m deduzimos, facilmente, que sob aquelas formas, afinal tão simples, está um habitáculo que é um mar de espaço.

É grande, tem espaço a condizer, um nível de qualidade assinalável e muito equipamento. Grande SUV, não é nem queria ser um premium, mas a verdade é que as capacidades são um facto. Grande rolador, gere bem os 204 cv de potência e tem prestações honestas. Bateria de 99,8 KWh, não é económico mas garante razoável autonomia. E o preço faz toda a diferença…

É mesmo! Sobretudo na formação de cinco lugares. Os sete, com a terceira fila oculta no pavimento, modificam as coisas. E, sem surpresa, quem for lá para trás. Fica com os joelhos elevados e não beneficia da mesma comodidade. Duas crianças não vão queixar-se. Em matéria de espaço para bagagens, 828 litros com cinco lugares, 312, muito pouco, como é hábito nesta solução, com os sete bancos. À frente, há uma prática caixa com 90 litros de capacidade. Resolve o problema dos cabos e sobra espaço. A persiana da bagageira, arruma-se também no fundo da mala.

Sem veleidades premium,  muito plástico mas bem construído

No interior, falta a exuberância e o requinte dum premium. Nem a KIA tem essa veleidade, mas a construção é exemplar, com recurso aos materiais da qualidade a que os sul-coreanos nos têm habituado. Muito plástico, sem dúvida, mas com ductilidade suficiente e escolhido com critério. Tecido, frisos metálicos, superfícies a imitar fibra de carbono e aí está uma mescla equilibrada a “forrar” um estilo que prima pela sobriedade, nalguns casos também por algum cinzentismo, e que não dispensa a pele sintética.

Cinco metros, sete lugares e muito espaço num grande SUV muito dferente e ousado na estética (Foto KIA)

O tablier tem uma conceção que projeta a largura do automóvel, integrando os ventiladores na horizontal e um monitor – Panoramic Wide Display – que é a junção de três ecrãs: dois de 12,3 polegadas para a instrumentação e o infoentretenimento, um terceiro, mais pequeno (5,3”), para a climatização, o que sempre facilita. O grafismo da instrumentação, com três opções que mudam pouco, é vulgar; o infoentretenimento abre enorme campo de possibilidades e nem todas intuitivas. Atalhos hápticos, pouco práticos, não faltam como, felizmente, lá estão as teclas físicas para o ar condicionado.

Um volante multifunções ligeiramente quadralizado, apresenta a curiosidade de ter quatro braços a dar ideia de que o aro tem encaixado o volante de um fórmula, na metade inferior. Integra o comando dos quatro modos de condução: Eco, Normal, Sport e My Drive (personalizável). Racional.

Menos conseguida é a colocação do braço para o seletor de marcha na coluna de direção. Pouco prático – e mais ainda por incluir o botão de arranque que implica alguma “ginástica” para acionar. Um pormenor a rever.

Como de costume, há uma consola flutuante que serve de cómodo apoio de braços e inclui o carregamento wireless do telemóvel e um porta copos com tampa de correr.

Os bancos, com bom apoio, são confortáveis e o design encaixa bem naquela imagem de qualidade que marca o habitáculo.

Dimensões e peso influenciam a condução

Plataforma exclusiva para os elétricos do grupo, baterias – 99,8 kWh (95 úteis) – estendidas sob o pavimento, tração traseira, este EV9 debita a potência de 204 cv e o binário de 350 Nm. O peso é considerável, claro, 2 426 kg, e as prestações acabam por ser ajustadas: 9,4 segundos de 0 a 100 e 185 km/h em velocidade de ponta.

As dimensões e o peso influenciam a condução, naturalmente. De qualquer modo, excetuando as manobras de estacionamento (uma trabalheira…), o grande SUV da Kia acaba por evidenciar mais agilidade do que seria de esperar.

Nas zonas mais sinuosas, a altura da carroçaria não deixa de fazer-se sentir, mas, ainda assim, o controlo na transferência de massas inspira confiança, até porque a eletrónica também dá discreta colaboração. O peso dos baterias e o abaixamento do centro de gravidade, bem como a suspensão multibraços atrás, não são aspetos a negligenciar no comportamento em curva que se revela dentro da expetativa para um automóvel destas dimensões.

Nesta situação, usei o modo Sport e não senti que a diferença fosse tão grande como é habitual. Sobretudo na ação do binário. Mas um grande SUV não precisa de temperamento desportivo e os 350 Nm são o quanto baste para uma ultrapassagem rápida com desembaraço.

Direção ajustada, direta q.b., travões de bom tato, cinco níveis de regeneração, comandados nas patilhas do volante e que chegam ao I-pedal compõem o conjunto e contribuem para uma condução mais agradável do que seria de supor quando se olha à “corpulência” do EV9.

Em termos de consumo consegui uma média de 21,8 kWh/100 km num percurso de duas centenas de quilómetros que incluiu muita autoestrada – a 120 km/h – e vias rápidas. Usei, maioritariamente, o modo Eco e não precisei de ar condicionado. Fazendo as contas a autonomia seriam 435,7 km. São números honestos, na certeza de que pode fazer-se menos consumo, mas também mais com o EV9 lotado.

O carregamento beneficia dos 800 V da bateria e é possível conseguir, segundo a marca, 249 quilómetros numa carga ultrarrápida de 15 minutos.

Quanto a equipamento, e como é costume na KIA, o pacote está muito bem recheado. Os inúmeros sistemas presentes de série incluem funcionalidades como cruise control adaptativo, apoio à mudança de faixa, correções de trajetória, aviso de baixa atenção do condutor e iluminação inteligente. O Smart Parking Assist 2 permite que o EV9 estacione sem intervenção do condutor, dentro ou fora do veículo, sendo o procedimento iniciado através da chave inteligente da Kia. Adicionalmente, a chave do EV9 pode ser integrada com o smartphone, conhecida como Digital Key 2, passando esse a ser utilizado para abrir/fechar o veículo e ligá-lo. Há ainda um sistema de visualização de 360 graus e o conhecido Blind View Monitor que ativa as câmaras para apresentar nos mostradores do painel de instrumentos a vista lateral traseira quando o sinal de mudança de direção é acionado, oferecendo assim uma visibilidade adicional durante as mudanças de faixa.

É grande, tem espaço a condizer, um nível de qualidade assinalável e muito equipamento. Grande SUV, não é nem queria ser um premium, mas a verdade é que as capacidades são um facto. Grande rolador, gere bem os 204 cv de potência e tem prestações honestas. Bateria de 99,8 KWh, não é económico mas garante razoável autonomia. E o preço faz toda a diferença…

Ficha técnica

Motor: síncrono de ímanes permanentes

Potência: 204 cv

Binário máximo: 350 Nm

Transmissão: traseira, velocidade única

Aceleração 0-100 km/h: 9,4 s

Velocidade máxima: 185 km/h

Bateria: 99,8 kWh (95 úteis), iões de lítio

Autonomia: 541 km

Consumo: médio – 21 kWh/100 km (jantes de 19”)

Peso: 2 426 kg

Bagageira: 312 litros (7 lugares) a 828 litros (5 lugares)

Dimensões: c/l/a – 5,01/1,98/1,75 m

Preço: desde 77 000€