A diferença é tão grande que até custa acreditar… O novo Toyota Prius, agora na Europa só Plug-in, de igual só tem o nome. Importa a diferença estética, claro, uma revolução, mas os resultados práticos impressionam ainda mais. Se já era uma referência entre os eletrificados, acaba de elevar esse patamar a um nível que é desafio maior para toda a concorrência. Grande lição da marca nipónica!
Daquele estilo futurista que nunca foi consensual, apesar das vendas contrariarem a opinião, saiu, na quinta geração, um carro ao estilo do coupé de quatro portas, solução ainda em voga entre a avalancha de SUV. Frente super afilada, traseira na mesmo linha com óculo de inclinação tão marcada que até dispensa o limpa-vidros. Uma imagem ousada mas muito mais contemporânea, desligada da ideia obrigatória do carro eletrificado necessariamente diferente, a qual, por muito tempo, marcou a Toyota, mas não só. Parece-me bem melhor.
O Prius é para ver com outros olhos. Frente limpa, simples e discreta, com original assinatura luminosa enquadrada no design arredondado do “nariz”e entrada de ar generosa associada aos para-choques. Natural e até com toque desportivo,
Silhueta arqueada, onda suave e perfeita, fecho das portas traseiras disfarçados na moldura do vidro, grandes aros a vincar as rodas, rebordo negro prolongado na saia e, depois o músculo que reforça o poder dos ombros com singeleza conseguida.
A traseira conta com o reforço do lettering Prius em relevo negro, sob a moldura do quadro negro que recebe luzes continuadas por uma barra a toda a largura, rematando o óculo traseiro com um defletor integrado na carroçaria. Bem visto, interessante trabalho no geral.
Senhor de história apreciável, o Toyota Prius foi alvo de uma revolução completa que começa numa imagem mais consensual e noutra dinâmica – nas prestações e no comportamento. Agora também apenas um híbrido Plug-in no mercado europeu, promete 72/86 quilómetros de autonomia elétrica, mas notável é o que continua a fazer quando a bateria se esgota e funciona como autorecarregável
Por dentro, para mim, um design menos apurado, com a virtude da simplicidade, mas também carente de outro tratamento a nível da escolha dos materiais, muito plástico merecedor de outras soluções, hoje tão comuns e mais vistosas e amigáveis. Registe-se a iluminação em LED que tem também funções de aviso e ajuda a um bom ambiente. Painel de instrumentos avançado para o para-brisas e simplificado ao máximo, ecrã central bem posicionado, botões físicos de saudar, volante multifunções de boa pega e dimensão e uma consola central com o habitual e prático seletor incluindo a função “B” de reforço da regeneração, com o defeito da regulação apenas ser feita no ecrã central, o que não faz sentido (bastavam umas patilhas no volante…), além dos comandos óbvios, como modos de condução e travão de parque. O apoio de braços está em posição correta.
Em termos de habitabilidade, nada a dizer à fren te e, quanto à posição de condução, impõe-se referir a necessidade de baixar o volante (ou levantar o banco) para ter boa leitura dos instrumentos. Menos brilhante atrás; o túnel é baixo mas a curvatura do tejadilho (a carroçaria tem menos 5 cm de altura) penaliza o conforto de quem andar pela casa do 1,80 m. Já o espaço para as pernas não merece reparo, até porque podem passar-se os pés sob o banco dianteiro.
No que respeita à bagageira, baixa e funda, desnivelada do plano de acesso, é penalizada pelos 287 litros de capacidade, pouco para um familiar e menos do que tem sido norma no Prius.

Três motores numa conjugação conseguida
A máquina assenta no 2.0 litros atmosférico de 150 cv, ajudado por dois motores elétricos, um de suporte ao bloco a gasolina e que, por exemplo, assegura o arranque, o outro, com 163 cv está associado à tracção. E daqui a potência combinada de 223 cv, quase o dobro (era de 122 cv) que empresta outra capacidade e caráter a este Prius. A transmissão, como de costume, está a cargo de uma caixa CVT, solução que continua a sua evolução e transmite menos aquela sensação de arrasto e esforço, mesmo que não esconda a sua essência.
No que respeita a bateria agora temos 13,6 kWh (13 kWh úteis), mais do dobro, facto que obviamente tem repercursões, designadamente no que respeita à autonomia em modo eléctrico e que leva a Toyota a prometer entre 72 quilómetros (com jantes de 19”) e 86 de emissões zero.
Não consegui tanto, fiquei-me pelos 62, numa versão com as rodas maiores, admitindo embora que possa fazer-se melhor. Mas a verdade é que, ao fim dos primeiros 100 quilómetros, o consumo de gasolina era de 1,4 l/100 km, um valor que, sinceramente, entendia como do mundo da fantasia, ao cabo de muitas experiências em propostas semelhantes.
A surpresa era para continuar. Bateria a zero, rolando em modo híbrido, este Prius Phev portou-se como um “vulgar” Full-hybrid, revelando uma capacidade regenerativa exemplar. Traduzindo por números, num percurso maioritariamente de autoestrada com via rápida e alguma cidade, consegui 4,9 l/100 de média com registos de 48% de utilização do modo elétrico, quando houve que subir a A8 e 58% no regresso. Não prescindi do ar condicionado, tive sempre o modo B acionado e respeitei os 120 km/h nos percursos de autoestrada. Resumindo: 238 quilómetros percorridos, com duas pessoas a bordo, e autonomia para mais 326. Parece-me notável, num carro com 1545 quilos.
Conduzir este novo Prius é uma experiência bem diferente. Suspensão mais firme, por arrasto outro conforto, comportamento em curva mais assertivo – honesto na resistência à subviragem e ao balanceamento nas trtansferências de massas –, direção muito bem ajustada de características diretas, travões de bom tato e progressivos q.b. resulta num carro bem mais agradável de guiar, até por ser outra a potência e a sua disponibilidade. O despacho é outro e as prestações são prova disso mesmo; 6,8 segundos de 0 a 100 e 177 km/ em velocidade de ponta (135 km/h em modo elétrico).
Muito equipamento e nem falta o tejadilho solar
Há quatro modos de condução: Eco, Normal, Sport e Custom, controlados na consola. Além disso, dispomos de um botão para a opção híbrida normal (EV/HV) e outro (HV/EV) que permite circular em modo elétrico ou usar o modo Save e ainda carregar a bateria em andamento.
O modelo que conduzi tinha um tejadilho solar que a Toyota diz capaz de acumular 8 km de autonomia se estiver um dia parado ao sol, o que não foi o caso.
Cumprindo as “regras” que devem reger um Plug-in, carregar todos os dias (5 horas e 50 minutos, em casa, 4 horas e 5 minutos numa wallbox ou posto público), este Prius leva a Toyota a um patamar que, quanto a mim, ainda não tinha conseguido nos PHEV e que me parece credor de elogio. Uma óptima combinação.
Em termos de equipamento, um pacote apetecível, especialmwente na versão Peemium, o topo de gama que guiei. A saber: tejadilho solar, estacionamento por controlo remoto, bancos em pele elétricos e ventilados à frente, aquecidos atrás, mala de abertura elétrica, faróis bi-LED com máximos adaptativos, detector de ângulo morto, leitura de sinais de trânsito, ar condionado bizona, instrumentação digital e infoentretenimento actualizável over de the air. Ainda há mais, como vidros escurecidos atrás e jantes maquinadas de 19 polegadas.
Senhor de história apreciável, o Toyota Prius foi alvo de uma revolução completa que começa numa imagem mais consensual e noutra dinâmica – nas prestações e no comportamento. Agora também apenas um híbrido Plug-in no mercado europeu, promete 72/86 quilómetros de autonomia elétrica, mas notável é o que continua a fazer quando acaba a se esgota e funciona como autorecarregável
FICHA TÉCNICA
Toyota Prius Plug-in
Motor: 1 997 cc, atmosférico + motor elétrico síncrono permanente
Bateria: 13,6 kWh (13 kWh úteis)
Potência máxima: 223 cv
Binário máximo: 208 Nm
Transmissão: caixa de variação contínua
Aceleração 0-100 km/h: 6,8 segundos
Velocidade máxima: 177 km/h (135 km/h em m odo elétrico)
Consumo médio WLTP: 0,7 l/100 km
Autonomia elétrica: 72/86 km
Bagageira: 287 litros
Peso: 1 545 kg
Dimensões: (c/l/a) 4,589/1,782/ 1,430 m
Preço: 49 690€, versão Premium; desde, 41 990€ (valores com IVA)