Capô baixo, pára-choques alto e personalidade (Foto BYD)

Cinco metros para um perfil elegante (Foto BYD)

Traseira bem trabalhada com óculo sem limpa-vidros (Foto BYD)

Design simples e uma qualidade exemplar (Foto BYD)

Painel de instrumentos com grafismo sóbrio (Foto BYD)

Volante multifunções só com dois braços (Foto BYD)

Consola bem arrumada junta comandos físicos e táteis (Foto BYD)

Bom apoio nos excelentes bancos em pele original (Foto BYD)

Muitos frisos cromados entre a combinação de materias de qualidade (Foto BYD)

Forro das portas inclui zona almofadada (Foto BYD)

Muito espaço, conforto e requinte no banco trtaseiro (Foto BYD

Apoio de braços traseiro inclui vários comandos num ecrã tátil (Foto BYD)

Saídas de ar e indicadores da climatização na consola (Foto BYD)

Banco do passageiro pode ser regulado a partir de trás (Foto BYD)

Bagageira de abertura tradicional com 410 litros de capacidade (Foto BYD)

Emblema em relevo sob o centro do capô (Foto BYD)

Acabamento metálico na custódia remata terceiro vidro (Foto BYD)

Iluminação contínua na traseira e ainda o Build Your Dreams (Foto BYD)

Ótivas traseiras muito elaboradas, talvez único pormenor asiático (Foto BYD)

Na tampa da mala, a única referência ao 3.9s (Foto BYD)

Jantes de 19" com desenho desportivo deixam ver as pinças Brembo (Foto BYD)

A BYD já tinha surpreendido com as suas primeiras ofertas e se dúvidas houvesse quanto ao facto de os chineses aprenderem depressa, e bem, o topo de gama Han acaba com todas elas. Produto convincente esta berlina ao jeito de coupé de quatro portas com 517 cv e 521/662 quilómetros de autonomia. O preço não é de saldo: 72 570 euros, mas paga qualidade elevada.

Sem complexos, a BYD, – maior construtor mundial de veículos elétricos e senhora de toda a cadeia de fabrico, designadamente baterias e motores – foi buscar um europeu para criar as formas do Han, Wolfgang Egger, alemão que estudou em Itália e tem currículo em algumas grandes marcas. Desenhou um automóvel com grande eficiência aerodinâmica, e, no mínimo, consensual, formas fluidas, elegante e sóbrio, dispensando floreados asiáticos. Até ganhou um prémio de internacional de design. Mais: é olhado com curiosidade e as pessoas perguntam o que é? Depois arregalam os olhos…

Então, entrem e vejam. A surpresa continua. Pele original, no tablier, nos bancos, pespontados e debroados, e nas portas com forro almofadado com costuras em diamante (a Bentley tem parecido…), plásticos de qualidade, apresentados com tratamento diverso e combinados com gosto, atenção ao detalhe. A consola é do tipo flutuante, muito bem aproveitada, inclui um prático seletor de marcha, dois comandos físicos, um deles para os modos de condução, ao lado do botão tátil que afina a tração para os pisos escorregadios e atalhos para a climatização na mesma lógica. O volante, aquecido de série, com dois braços, é vistoso e tem boa pega. O acabamento é irrepreensível. Gosta-se e até se aceita como toque de classicismo algum excesso de frisos cromados na linha de uma exuberância que alguns premium mantêm.

Questões estatutárias ou de preconceito podem dificultar a vida ao BYD Han no seu segmento. Conhecida a paciência dos chineses, e aquilo que já conseguiram por cá e noutros mercados, deve ser uma questão de tempo a sua afirmação. O produto tem qualidade, convence e a ligação ao Grupo Salvador Caetano é de levar em consideração. Talvez se esperasse outro preço, mas nem na China há milagres desses…

A imagem de classe não é tudo. Aumenta com o equipamento de mordomias próprio de um executivo. Não falta espaço e comodidade à frente, mas atrás vamos encontrar bancos reclináveis e um braço de apoio central com um ecrã tátil que permite regular a climatização e o aquecimento dos dois bancos, entre outras funções. O banco do passageiro pode também ser ajustado a partir de trás, de modo a aumentar ainda mais o espaço de sobra para as pernas. Um quinto passageiro? Se for preciso, mas prejudicado pelo facto de este Han ainda não dispor da plataforma dedicado aos elétricos que a BYD já tem. Por isso, o banco tem pouca altura, os joelhos ficam altos, mas o espaço é tanto que este pormenor não prejudica o conforto.

A bagageira abre como uma berlina normal e não aproveita a inclinação da traseira que parecia capaz de permitir um portão do tipo hath-back, mais prático. O óculo, sem limpa-vidros, é suficientemente grande. Importante, no entanto, é a capacidade: 410 litros. Nada de surpreender, é verdade, mas aceitável.

Berlina de imagem bem dinâmica, o BYD Han é um familiar cómodo e um grande estradista (Foto BYD)

Designado 3.9s, o número nada tem a ver com o motor. A BYD entendeu relevar o valor impressivo da aceleração 0-100 km/h neste seu tração integral desenvolvido a partir de três motores: dois à frente, com 219 cv e outro atrás, mais potente, com 268 cv. A combinação de tudo isto resulta em 517 cv e no respeitável binário de 700 Nm, num carro com 2 250 quilos, 590 dos quais das baterias que nos puxam para o solo e baixam o centro de gravidade.

Um automóvel que marca pela “souplesse”

Estes valores, combinados com a brilhante capacidade de aceleração e os 180 km/h de velocidade máxima podem fazer pensar num automóvel de características desportivas, agressivo. Mas não é isso que acontece! Muito bem sentados ao volante, excelente posição de condução, vamos encontrar uma berlina muito despachada, sem dúvida, rápida na resposta ao acelerador e no andamento, mas não um daqueles elétricos “brutais” que convidam insistentemente a respirar fundo… O Han até pode ser mordaz em curva se lho pedirmos mas, para mim, é mais um familiar cómodo e grande rolador, um estradista de classe, do que o automóvel de temperamento desportivo, esmagador. Certo é que faz tudo com souplesse, inspira confiança e a condução resulta num prazer, também em resultado da acertada relação entre o conforto e a eficácia encontrada na afinação da suspensão. Uma nota: a eficiência aerodinâmica livra-nos de ruídos na autoestrada.

Nas zonas sinuosas cumpridas mais depressinha, a tração integral é, naturalmente, uma ajuda, não se nota a maior potência no eixo traseiro (multibraços), a frente pode mesmo alargar um pouco a trajetória, mas nada além dos limites de segurança. Uma direção direta e bem assistida e uns travões muito competentes, com pinças Brembo, compõem a receita técnica. Um automóvel equilibrado.

Há três modos de condução: Eco, Normal e Sport reguláveis num dos botões físicos da consola; e ainda dois níveis de regeneração da travagem, standard e larger, este bem sensível. Ainda amortecedores e direção reguláveis também em dois níveis através do ecrã central, o que se revela pouco prático. Também, como referimos, afinação para pisos escorregadios.

Bateria laminar e carregamento rápido a 120 kW

O BYD Han tem uma bateria laminar, tecnologia desenvolvida pela marca, fosfato de ferro e lítio, sem cobalto e no caso com 85,4 kwh de capacidade (83 KWh úteis). A marca anuncia uma autonomia entre os 521 quilómetros no percurso misto e os 662 em meio urbano. O melhor que consegui, sem abdicar dos 120 km/h na autoestrada e num percurso que incluiu um pouco de tudo, foram 18,5 kWh/100 km, valor que, feitas as contas, aponta para uns aceitáveis 448 km de autonomia. O acumulado da unidade que guiei, mais de 13 000 km, registava no computador de bordo a média de 21,5 kWh o que baixa para 386 km a distância mais longa com um carregamento completo.

Sem cobalto e com 83 kWh de capacidade útil as baterias aceitam carregamento em corrente contínua atá aos 120 kW, o que significa a possibilidade de levar a carga dos 30 aos 80% do total em 30 minutos. Na minha experiência, num posto público rápido, 50 minutos para chegar dos 57% ao pleno e ganhar mais 328 quilómetros de autonomia segundo o computador de bordo.

Em termos de equipamento, o BYD HAN tem conetividade 4G e conta com o sistema inteligente de assistência à condução DiPilot com capacidades de autoaprendizagem. Com ele, outros dispositivos como cruise control adaptativo, deteção de ângulo morto, alerta de colisão BYD, travagem autónoma de emergência, alerta de colisão traseira, alerta de obstáculo traseiro e assistente de manutenção na faixa de rodagem. Não falta o Head Up Display nem a câmara 360º em HD.

Questões estatutárias ou de preconceito podem dificultar a vida ao BYD Han no seu segmento. Conhecida a paciência dos chineses, e aquilo que já conseguiram por cá e noutros mercados, deve ser uma questão de tempo a sua afirmação. O produto tem qualidade, convence e a ligação ao Grupo Salvador Caetano é de levar em consideração. Talvez se esperasse outro preço, mas nem na China há milagres desses…

FICHA TÉCNICA

BYD Han 3.9s

Motor: dois à frente, com 219 cv, outro atrás, 268 cv, todos de imã permanente sincronizado

Potência: 517 cv

Binário máximo: 700 Nm

Transmissão: tração integral, velocidade única

Aceleração 0-100 km/h: 3,9 s

Velocidade máxima: 180 Km/h

Consumo: médio – 18,5 kWh/100 km

Autonomia: 521 km, ciclo misto; 662 km, ciclo urbano

Bateria: 85,4 kWh (83 úteis), fosfato de ferro e lítio, tecnologia laminar

Tempo de carga: DC 110 kW, 30 a 80% em 30  minutos

Potência de carregamento: 120 kW

Peso: 2 250 kg (590 kg das baterias)

Dimensões: (c/l/a) 4,995/ 1,910/ 1,495 m

Mala: 410 litros

Preço: 72 570€