Um SUV simpático e com o qual é fácil criar empatia o Honda Z-RV. Híbrido desenvolvido sobre o Civic, oferece 184 cv e o binário de 315 Nm, consumos honestos com base numa solução interessante e boa regeneração, mas, sobretudo, uma dinâmica muito “caseira”, suspensão firme, espaço razoável, não tanto na bagageira. Duas versões e preços desde 49 750€.
O estilo é sóbrio, nariz empinado, grelha dianteira como elemento marcante de um SUV com tejadilho quase direito, cintura alta, jantes de 18 polegadas a ajudar na imagem de um carro bem proporcionado, soluções estéticas com a virtude da simplicidade. A traseira respeita esta filosofia e alimenta a imagem desportiva com o para-choques incluindo as duas ponteiras de escape.
O interior replica o Civic, e o mesmo é dizer tablier simples, bem solucionado no estilo e com materiais de qualidade e bom acabamento, cortado por uma grelha para a difusão do ar. Interessante. A escola japonesa em bom nível.
Painel de instrumentos digital intermutável, ecrã central simples de operar suspenso no tablier, grafismo simpático e o cuidado sempre de registar dos comandos separados para a climatização. De todo o modo, são poucos os botões físicos, limitados aos modos de condução e ao Hill Descent Control. Do mal o menos…
E m termos de espaço, o bastante atrás, beneficiando da ausência do túnel da transmissão e apesar de uma consola um nadinha intrusiva. Dois lugares vincados, mas acesso e sobretudo saída a pedir atenção à altura da moldura das portas.
A bagageira não vai além do medíocre (380 litros), condicionada pela intromissão da bateria, montada atrás. O acesso ao plano de carga é alto e não alinha com o plano de fundo, pormenor que sempre colide com a facilidade de carga e descarga.
Desenvolvido a partir do emblemático Civic, o Honda ZR-V é um SUV muito interessante, bem construído, boa qualidade percebida, despachado e com dinâmica apurada, consumos interessantes, razoável na habitabilidade e nem tanto na bagageira, bem equipado e com um preço além das expectativas: desde 49 750€
No que respeita à motorização, a diferença da solução Honda para o full-hybrid. Na base de tudo está um 2.0 litros a gasolina, recentemente desenvolvido, com 145 cv e 186 Nm de binário máximo, ciclo Atkinson, tal como no Civic. Está associado a um conjunto cpompaco de gerador e motor elétrico de 184 cv e 315 Nm, ligados a uma bateria de iões de lítio com 1.05 KWh de potência. Tração dianteira tem a transmissão assegurada por uma caixa de variação contínua (CVT).
Seletor de marcha muito pouco prático
Lamento que o seletor de marcha na consola seja confiado a uma barra de botões, todos diferentes e pouco práticos de utilizar, pelo menos nas manobras de parqueamento, já que se torna necessário desviar a vista para os acionar. São várias as marcas a optar por este tipo de sistemas nestas transmissões automáticas e, parece-me, estão a fugir do caminho da lógica e da facilidade de utilização
Este grupo motopropulsor híbrido, explica a Honda, alterna automaticamente entre os modos EV, Hybrid e Motor Drive, sem qualquer intervenção do condutor.
Quando se conduz num ambiente urbano, o veículo, adianta a marca, funciona maioritariamente no modo EV Drive (100% elétrico), produzindo zero emissões e utilizando as caraterísticas de resposta rápida e contínua da condução elétrica.
Se o condutor necessita de uma aceleração mais forte, o automóvel muda para a Hybrid Drive para impulsionar as rodas através do motor elétrico, com o bloco de combustão interna a gerar a energia elétrica necessária.
A velocidades elevadas constantes, como na autoestrada, o sistema passa para o modo Engine Drive, sendo direta e eficientemente alimentado pelo motor a gasolina com perdas mínimas e assistido pelo motor elétrico se necessário. Quando a energia de propulsão necessária aumenta em direção à obtenção da velocidade máxima, o sistema muda novamente para Hybrid Drive, para libertar a potência total do motor elétrico.
Segundo a Honda, esta solução leva a que a baixa velocidade (até 40 km/h) o funcionamento em modo elétrico seja de 82%; até aos 80 Km/h, de 49%: e até aos 120 km/h as emissões zero representem 61% do tempo de funcionamento.
Consumos entre os 5,3 e os 5,7 litros aos 100
Na prática, cheguei a conseguir consumos da ordem dos 5,3 litros/100 km em percurso variado, a velocidades de passeio, e uma média final de 5,7 sem prescindir dos 120 km/h em autoestrada. E fica a sensação de que quase basta aliviar o acelerador para ver iluminado o indicador de funcionamento em modo EV. Normal, também, é ver a carga da bateria acima do meio, também a deixar perceber eficiência aerodinâmica, pormenor a relevar num SUV.
São resultados aceitáveis para uma SUV que revelou interessante capacidade de regeneração e o qual, a juntar a despacho assinalável e agilidade a ter em conta, é assertivo em curva, a suspensão multibraços atrás é mais-valia, mesmo que seja capaz de “soltar-se” em situações de esforço, prontamente corrigidas pelo controlo de estabilidade.
Em termos de equipamento e dispositivos de segurança, o pacote está bem recheado. Faróis Full Led, câmara traseira, abertura e fecho elétrico da mala, jantes em liga de 18 polegadas são de série.
Desenvolvido a partir do emblemático Civic, o Honda ZR-V é um SUV muito interessante, bem construído, boa qualidade percebida, despachado e com dinâmica apurada, consumos interessantes, razoável na habitabilidade e nem tanto na bagageira, bem equipado e com um preço além das expectativas: desde 49 750€.
Uma pena que as autoridades continuem a desconsiderar, nos benefícios fiscais, os híbridos auto-recarregáveis. Continuam a ser uma óptima solução de compromisso para quem, em termos logísticos, nem poder ter acesso a um plug-in, estes sim protegidos pela taxação e nem sempre utilizados da forma que os torna eficientes. Ninguém quer ver…
FICHA TÉCNICA
Motor de combustão: 1993 cc, injeção direta, ciclo Atkinson
Potência: 145 cv
Binário máximo: 186 Nm
Motor elétrico: 186 cv, motor + gerador
Binário: 315 Nm
Bateria: 1,05 Kwh, iões de lítio
Transmissão: caixa de variação contínua
Aceleração 0-100km/h: 7,9 s
Velocidade máxima: 173 km/h
Consumo: combinado – 5,8 L/100 km
Emissões CO2: 109 g/km
Peso: 1 604 kg
Dimensões: c/l/a – 4,568/1,840/1,620 m
Bagageira: 380/886 litros com banco traseiro rebatido
Preço: desde 49 750€ (versão Sport); 53 250 (versão Lifestyle)