Terá sido uma despedida, já que não se conhece o futuro do Honda Civic Type R. Foi um prazer conhecê-lo! – é o que apetece dizer depois do contacto com o FL5, a mais recente geração do desportivo japonês que conta com uma legião de fãs e continua a ser uma referência para os entusiastas das performances: 329 cv, 420 Nm, 5,4 segundos de 0 a 100 e 275 km/h em velocidade de ponta… Custava 69 500€ e não há mais!
O belo cartão de visita do Type R continua a corresponder a um carro que não dispensa a enorme e pouco discreta asa traseira, ainda assim mais fina, elemento diferenciador deste super Civic que conta com outros elementos distintivos do familiar, os quais lhe emprestam agressividade a condizer com a capacidade. Como as saídas de ar no capô, grelha específica, cortinas de ar no guarda lamas, jantes negras de 19 polegadas e os marcantes três escapes, maior o central, no defletor traseiro.
Pensado e feito para apaixonados, raça de competição, vieram dez para Portugal e foram vendidos em três dias. Continua a não ser um modelo de discrição, é um daqueles carros que quem possui também gosta de mostrar, mesmo que a paleta de cores contemple pelo menos uma opção para quem pretende passar mais despercebido – cinzento.
Bancos desportivos marcam um toque de diferença
A imagem do interior é marcada pelos excelentes bancos desportivos vermelhos e pretos em alcantara, acompanhados por cintos da mesma cor e por um volante multifunções com forro no mesmo material, excelente pega e dimensões adequadas. É o toque da diferença num ambiente conseguido, tablier simples, bem solucionado no estilo e com materiais de qualidade e bom acabamento, cortado por uma grelha para a difusão do ar que exibe a placa da exclusividade do modelo com o número de produção. Interessante.
Continua a ser um desportivo muito especial o Honda Civic Type R naquela que poderá ser a geração do adeus à sua essência. Mais potente, mais rápido e mais veloz mantém-se como um automóvel para desfrutar de sensações fortes a um nível de grande apuramento da tecnologia ao serviço da dinâmica. Da condução à pilotagem vai muito pouco… Uma máquina!
Painel de instrumentos com diferentes opções e ecrã central são obviamente digitais, o grafismo privilegia a imagem desportiva e a informação desta natureza é muito e variada no sistema de infoentretenimento. Há luzes (amarelas e vermelhas) para acompanhar a evolução das relações da caixa de velocidades. Quem for para a pista tem tudo aquilo que vai gostar de saber, no volta a volta, além da telemetria (tudo ligado a uma app, agora integrada no sistema) para aquilo que convém não esquecer em relação à máquina.
O resto é uma consola bem arrumada, forrada em fibra de carbono e incluindo os botões dos modos de condução (Normal e o exclusivo +R, travão de parque e corte do start-stop, e um seletor de velocidades pequeno e muito agradável de manusear….

Em termos de habitabilidade, à frente estamos conversados: as bacquets encaixam-nos e o resto é a estrada; atrás espaço suficiente para garantir conforto, pelo menos para dois passageiros. A mala é razoável (410 litros), mas tem um fundo muito desnivelado da moldura, o que torna tudo sempre menos prático.
Difícil resistir ao apelo da máquina…
Verdadeiramente marcante é o que a máquina empresta a tudo. O 2.0 Turbo com 329 cv e os significativos 420 Nm de binário geridos por uma caixa manual de seis velocidades com relações curtas e aquele “toque” muito próprio da Honda, tem um efeito quase libertador e é difícil resistir ao desafio constante que nos faz com a facilidade com que galga rotações. A “música” é sintetizada, vem das colunas, mas ajuda a emprestar mais “ambiente” no habitáculo.
Ao volante, vai pequena diferença entre a condução e a pilotagem se provocarmos o Type R. Direção direta, travões mordazes, um mimo de caixa e damos por nós a rolar bem depressa em estradas serpenteantes, experimentando uma grande agilidade e eficácia. E também um elevado nível de segurança.
Tração dianteira, a frente pode dizer-se bem mandada, o autoblocante dá uma ajuda na tração, e, não obstante a tendência subvirante, é possível sentir a traseira libertar-se ligeiramente e ajudar no desenho da trajetória. Abusando, é claro que a frente alarga o raio da viragem e desliza; levanta-se o pée o Type R volta ao lugar, mas até essa manobra é brutal, como tudo o mais que se faz pressionando bem o acelerador. Divertido, por um lado, notável por outro, a eficácia de uma suspensão naturalmente firme que não acusa o esforço em apoio prolongado e mantém-se muito estável quando poderia esperar-se um balanceamento mais pronunciado da carroçaria.
Decididamente, não é um automóvel para todos!
Mas a estrada não é uma pista e o Type R sabe também portar-se civilizadamente, mesmo que se ressinta nos maus pisos sem que, é verdade, seja demasiado penalizador para os passageiros. Neste registo, mais familiar, é óbvio que não deve usar-se o modo +R. O modo Confort chega e sobeja por contraponto ao Sport, sempre mais vivo; melhor é afinar à medida no modo Individual. A este ritmo de passeio de fim de semana consegui uma média de 8,8 litros/100 km num percurso em vias suburbanas e autoestrada, no respeito dos limites de velocidade, resultado muito honesto. A questão é saber se vale a pena ter um Type R para isto?
Parece-me que não. Este não é mesmo um automóvel para todos; sem sentido para quem não possa espremê-lo para saborear o sumo!
Em termos de equipamento, um pacote completo quanto a dispositivos de segurança (Honda Sensing) e assistência à condução, como cobertura do ângulo morto, reconhecimento de sinais, travagem de emergência, sistema de manutenção na faixa de rodagem e atrenuante da saída de estrada, sensores de chuva, luz e estacionamento, câmara traseira, faróis Full LED automáticos, cruise control inteligente. O display configurável do painel de instrumentos tem 10, 2 polegadas e o ecrã central tátil de nove polegadas contempla navegação e é compatível com AndroidAuto e Apple CarPlay. Ar condicionado automático bizona, volante multifunções em pele, travão de parque elétrico, carregador wireless, pedaleira desportiva, punho do seletor em alumínio e jantes exclusivas de 19 polegadas com pneus Michelin Pilot Sport 4S fazem parte da extensa lista.
Continua a ser um desportivo muito especial o Honda Civic Type R naquela que poderá ser a geração do adeus à sua essência. Mais potente, mais rápido e mais veloz mantém-se como um automóvel para desfrutar de sensações fortes a um nível de grande apuramento da tecnologia ao serviço da dinâmica. Da condução à pilotagem vai muito pouco… Uma máquina!
FICHA TÉCNICA
Honda Civic Type R
Motor: 1996 cc, turbo, intercooler
Potência: 329 cv/6 500 rpm
Binário máximo: 420 Nm – 2 500/4 000 rpm
Transmissão: caixa manual de seis velocidades
Aceleração 0-100 km/h: 5,4 s
Velocidade máxima: 275 km/h
Consumo: ciclo combinado – 6,2 l/100 km (WLTP)
Emissões CO2: 186 g/km
Peso: 1 429 kg
Dimensões: (c/l/a) 4,594/1,890/1,401 m
Mala: 410/904 litros
Preço: 69 500€