Os Airbumps eram um sinal distintivo do Citroën Cactus e foram até trabalhados pelos mestres do marketing e da publicidade, encarregados de fazer acreditar na utilidade das coisas. Mas estamos em tempos de mudança…
Na missão de transmutar em berlina aquilo que tinha nascido como um SUV urbano e, um pouco disfarçadamente, como proposta low-cost da marca francesa (começou por usar até um banco traseiro de costas corridas, além de insistir nos vidros de abertura em compasso atrás, medidas que têm de ser vistas como objetivos de poupar e baixar preços), os originais Airbumps perderam proeminência e, a bem dizer, quase desapareceram no Cactus que vem aí.
Existia a ideia de que o Cactus era penalizado no mercado das empresas. Porquê? Designadamente por falta de espaço para os autocolantes que identificam e promovem os carros ao serviço das empresas!
Justificados como elemento de proteção contra as distrações, por exemplo com os carrinhos do supermercado, a abertura descuidada das portas e outros azares, os Airbumps com as suas almofadas de ar até faziam sentido naquele contexto. Havia quem gostasse, quem detestasse também. Mas eram, indiscutivelmente, um dos elementos da diferença do original Cactus.
Quando lançou o C3 , a Citroën manteve a ideia dos “Airbumps”, pelo menos a imagem, mas tirou-lhes proeminência. Foram reduzidos, trabalhados no estilo e colocados no fundo das portas, onde, convenhamos, a sua utilidade original fica reduzida. Passaram a ser, para mim, pelo menos, mais um complemento estético do que um efetivo elemento de proteção da carroçaria. No C3 Aircross até foram dispensados, ao contrário do que se passou com o C5 Aircross (por enquanto apenas “chinês”) e com o Berlingo, em ambos também em interpretação singular, discreta e mais visual do que efetivamente prática.
Há sempre uma razão para tudo e, mesmo sem que tenha surgido qualquer explicação formal para a decisão – a Citroën continua a falar dos Airbumps do Cactus que passam despercebidos integrados na proteção que rodeia a base da carroçaria –, a verdade é que há quem esteja satisfeito no grupo PSA com a decisão.
Ora, imagine-se que existia a ideia de que o Cactus era penalizado no mercado das empresas. Porquê? Designadamente por falta de espaço para os autocolantes que identificam e promovem os carros ao serviço das empresas!
Será mesmo assim? Questão tão prosaica?
Bem, tome-se o exemplo do mercado português, dominado por essas vendas. É perder a possibilidade de lutar por uma fatia do do bolo de um mercado, no qual apenas 30 por cento das vendas respeitam aos particulares.
Não há Airbumps que resistam a este embate, para mais quando a intenção é ter uma berlina de feição muito especial no segmento C, o mais importante e decisivo para a generalidade das marcas. Parece que foi um ar que lhes deu…