Os clientes dos grandes SUV passaram a contar com uma oferta que merece atenção. A KIA lançou a quarta geração do Sorento e a primeira oferta é a versão híbrida que não só mantém os sete lugares como proporciona melhores quotas de habitabilidade e mais espaço. Tudo bem “embrulhado” numa carroçaria de formas consensuais e recheada como poucas. São 230 cv e preços que podem arrancar nos 47 950€. Um belo trabalho.
A KIA já fez o suficiente para não surpreender a cada novo lançamento, mas a verdade é que não deixei de olhar para o novo Sorento com admiração. Primeiro pelo estilo, sempre a evoluir e, neste caso, a vincar presença marcante. Depois, no interior, sentado ao volante, num ambiente também ele conseguido e prova de um esforço continuado no sentido da valorização da qualidade percebida.
Com 4,81, o Sorento consegue transmitir a ideia do equilíbrio nas proporções, cresceu um centímetro em todas as medidas e 3,5 na distância entre eixos – o mais importante –, mas aquilo que conta é a imagem afirmativa passada, num jogo de formas bem trabalhado e consolidado num grande SUV com nível.
Filosofia de estradista, grande rolador, despachado q.b. muito cómodo, suave e silencioso o Kia Sorento HEV é um familiar por excelência. sete lugares, muito espaço, versátil e equipado como poucos num ambiente de nível superior. À altura das expetativas
Bem trabalhada a frente, com o apuramento da conhecida grelha do nariz de tigre, mais proeminente e encaixando os faróis e as luzes diurnas num conjunto vistoso. Agressivo também com as entradas de ar laterais e um para-choques original.
Atrás, as luzes verticais emprestam originalidade e personalidade a um portão que reforça a ideia de força e adota a designação nas letras moldadas em metal cromado, assim como toque de afirmação e orgulho sul-coreano… Bem rematado também no para-choques.
Enfim, vendo-o de perfil, aquela linha de cintura de contorno geral é um pormenor diferenciador e que valoriza a postura afirmativa do Grande SUV, o qual recebe com naturalidade as grandes jantes de 19 polegadas a colá-lo bem ao solo e a afastar aquela sensação do automóvel pendurada nas rodas.
Em suma: muito bem, esqueçam as soluções datadas! Esta equipa de design continua a desenvolver a escola “abençoada” por Peter Schreyer que tem produzido (também no lado da Hyundai!) modelos aplaudidos e premiados.
Bom ambiente e qualidade
No habitáculo, começamos por ser tomados pela “colagem” do painel de instrumentos digital e do ecrã central, sugerindo montra contínua de informação. Mas logo reparamos no apuro do design, na combinação criteriosa de materiais: a pele sintética pespontada, o metal acetinado e o piano black. Parece haver um excesso de frisos cromados, mas habituamo-nos, não tanto como ao plástico da metade inferior do tablier que, declaradamente, destoa. Mas não é só a KIA a enveredar por este caminho.
Uma grande consola, generosa no espaço para arrumos e na caixa volumosa que esconde sob o apoio de braços recebe o comando circular, e prático, do sentido de marcha, já que as seis velocidades da caixa automática são apenas comandáveis nas patilhas do volante. Travão de parque elétrico, claro, e o comando, rotativo também, dos três modos de condução, a juntar aos interruptores do aquecimento e refrigeração completam a parte técnica.
Volante multifunções em pele, na dimensão ajustada e com boa pega, excelentes bancos completam um conjunto que convence, na imagem superior e também na ergonomia.
Não fora o lado menos intuitivo do softaware que serve o ecrã central, parece um carro feito à medida: entra-se e fica a ideia de ser nosso há muito tempo…
Muito espaço para passageiros e bagagem
Proposta familiar por excelência, o Sorento tem espaço de sobra e para isso conta a solução encontrada para a colocação da bateria, pequena como é timbre dos outros “smartstream” da Kia (1,49 kW/h) sob o banco do passageiro da frente. Reduz-se assim ao mínimo o seu impacto e daí o espaço de um salão atrás, na configuração de cinco lugares – admito que podem mesmo viajar três pessoas na banco central –, permitindo também a terceira fila, esta sempre com algumas limitações, apesar dos bancos centrais avançarem mais 45 mm para facilitar o acesso. A transfiguração do habitáculo é operação simples e o mais trabalhoso é retirar a barra do enrolador da chapeleira…
No que respeita à bagageira, parece difícil exigir mais, sabendo que o fundo esconde os dois bancos suplementares. O registo dos três níveis de capacidade é esclarecedor: 813 litros (5 lugares); 179 litros (7 lugares); 1 996 litros (bancos rebatidos)
Quando carregamos no botão da ignição e arrancamos, no silêncio do modo elétrico, a sensação de suavidade de marcha dá os primeiros sinais de um comportamento que nos ia acompanhar ao longo da experiência de condução do Sorento.
Sistema a dispensa críticas
O sistema híbrido funciona sem hesitações, a luz do modo elétrico acende com frequência e a eletrónica até pode dar uma ajuda informando que é altura de levantar o pé e deixar que o Sorento “trate de de si”.
Estava a circular em modo ECO, os outros são o Sport, que traz algum ânimo ao Grande SUV, mas até, penso, passará por dispensável para a maioria dos utilizadores de SUV assim, e o Smart, que propõe a gestão mais inteligente do sistema híbrido.
O Sorento combina o 1.6 T-GDI, um turbo de injeção direta a gasolina – agora com nova tecnologia para a abertura das válvulas – com um motor elétrico de 44, 2 kW/h, o que se traduz na potência combinada de 230 cv. A caixa de seis velocidades tem um dispositivo elétrico que permite transmitir em paralelo a potência os dois motores, diminuindo as perdas de energia.
Comportamento adequado à imagem
Passe tudo isso, o Sorento é o SUV de filosofia familiar. As prestações são interessantes – 8,6 segundos de 0 a 100 e 193 km/h em velocidade de ponta – os 350 Nm de binário garantem o despacho suficiente para compensar o peso e fazer uma ultrapassagem mais exigente em segurança. Mas não lhe peçam grande temperamento e muito nervo.
Tão pouco grande agilidade e firmeza em curva que evite sentir o balanceamento da carroçaria se forçarmos o andamento para ritmos exagerados em estrada sinuosa. A direção também não é fadada para condução agressiva e os travões têm aquela resposta própria dos híbridos, afinada para potenciar a regeneração da energia.
Consumos não surpreendem
No que respeita aos consumos, não fiquei surpreendido. Tinha registados os simpáticos resultados do Niro HEV, estes não se comparam. Mas é preciso notar as diferenças para o SUV médio em termos de receita técnica e potência. No Sorento, há o turbo, mais 125 cv (mais do dobro!) e outro peso… Por isso, os consumos são cerca de um litro superiores, de acordo com as indicações do computador de bordo. Em autoestrada, 120 km/h, cruise control ligado, 7 litros redondos; no suburbano, via-rápida e alguma cidade, 6,6 litros aos 100! Admito que possa conseguir-se menos num carro mais rodado do que aquele que guiei, praticamente novo.
Em termos de equipamento, um verdadeiro catálogo: deteção de ângulo morto com visores no velocímetro e conta rotações, consonte o lado, head-up-display, cruise-control inteligente com stop&Go e assistência ao limite e velocidade, aviso de perigo de colisão, assistência à condução em autoestrada e à manutenção na faixa de rodagem, câmara de estacionamento com visão de 360 graus, sensores de luz e chuva, instrumentação digital, travão de parque elétrico, três modos de condução, ar condicionado trizona, bancos dianteiros aquecidos e refrigerados, sistema de som Bose, mala da bagageira automática, chave inteligente, navegação, iluminação full-led, luz ambiente interior com 64 cores (!) pedais em alumínio, vidros escurecidos e jantes de 19 polegadas. Até corta o ar e ainda há mais…
Filosofia de estradista, grande rolador, despachado q.b. muito cómodo, suave e silencioso o Kia Sorento é um familiar por excelência. Sete lugares, muito espaço, versátil e equipado como poucos num ambiente de nível superior. À altura das expetativas.
Como de costume, a garantia é de sete anos ou 150 mil quilómetros.
FICHA TÉCNICA
KIa Sorento HEV
Motor: 1598 cc, turbo, injeção direta, gasolina, start/stop
Potência: 180 cv/5 500 rpm
Binário máximo: 265 Nm/1 500- 4 000 rpm
Motor elétrico: síncrono de imã permanente
Potência: 60 cv/1 600-2 000 rpm
Binário máximo: 264 Nm/0- 1600 rpm
Bateria: polímeros de iões de lítio; 1,49 kWh; 270 V; 55 kg
Potência combinada: 230 cv
Binário máximo combinado: 350 Nm
Transmissão: caixa automática de seis velocidades, patilhas no volante
Aceleração 0-100: 8,6 s
Velocidade máxima: 193 km/h
Consumo: média WLTP – 6,7 litros/100 km
Emissões de CO2: 153 g/km (WLTP)
Peso: 1 783 kg
Dimensões: c/l/a – 4 810/1 900/1 695 mm
Bagageira: 813 litros (5 lugares); 179 litros (7 lugares); 1 996 litros (bancos rebatidos)
Preço: 55 950€; 47 950€ com campanha de financiamento