O Opel Grandland X 1.2 é outro caso em que a opção gasolina não desmerece face à vantagem do binário e do consumo da motorização diesel mais em conta. Será mais barato “andar” a gasóleo, mas, nesta altura de tantas dúvidas, um consumo médio de 7,1 litros dá que pensar face aos 3000 euros a poupar no peço final. É fazer contas e… futurologia. De resto, vivacidade q.b., bom comportamento, espaço e equipamento razoável.
A maior surpresa que tive ao volante do Grandland 1.2 Puretech 130 cv foi o comentário de quem se sentava a meu lado. Avisado de que era um motor a gasolina que “puxava” os quatro passageiros a bordo, perguntou-me, ao cabo de uns bons quilómetros:
–É um 1600, claro!?
Quando lhe disse que era o três cilindros de 130 cv, sorriu e desabafou:
– Está tudo muito diferente…
Para quem pensa na transição do gasóleo para a gasolina e quer um SUV, este Opel Grandland X pode servir a preceito. Mexe-se bem, curva melhor, é comedido nos consumos e junta ao conforto boa habitabilidade e boa capacidade de carga. Já é Classe 1 com Via Verde
Verdade, mas a pergunta tem sentido face ao desembaraço deste Puretech, no caso com a caixa manual de seis velocidades. As virtudes do premiado motor Peugeot são conhecidas, mas num SUV com o “corpanzil” do Grandland X – são 4,47 metros de comprimento, por 1,85 de largura e 1,60 de altura –, mesmo sabendo-se quanto se progrediu no aligeiramento do carro (pesa pouco mais de 1300 quilos), é interessante como sobem as rotações, mesmo com uma caixa de velocidades com relações algo longas, mais pensadas para o consumo do que para outro desempenho.
Sem explosões, mas honesto
Naturalmente, não se esperam grandes explosões – as prestações são esclarecedoras pela vulgaridade: 10,1 segundos de 0 a 100 e 188 km/h em velocidade de ponta – ainda assim, grande honestidade à luz da utilização que fará de um carro assim o automobilista normal.
E nessa ótica conta é que numa viagem em autoestrada e estrada muito movimentada os consumos, com quatro pessoas a bordo, variaram entre os 6,6 e os 6,8 litros aos 100, respeitando os limites. No percurso suburbano do passeio domingueiro, o computador de bordo registou 6,9 e a média final ficou-se pelos 7,1. Honesto!
É claro os dois dígitos aparecem quando se pede tudo ao motor e se nota mais o seu ruído de funcionamento, mas nessa experiência revela-se a surpresa que é o bom comportamento em curva. São conhecidas também as qualidades da plataforma do 3008 que serve de base ao Grandland X, neste caso com uma suspensão afinada pela Opel (e barra estabilizadora mais larga à frente) que lhe dá aquela feição do conforto germânico, outra firmeza. Por isso, este SUV acusa menos do que seria de esperar os balanceamentos da carroçaria nas zonas sinuosas. Verdade que o ESP intervém, mas sem excessos na correção, suave e frente sempre no sítio. Convincente!
A travagem é progressiva e a direção, mesmo sem ser muito direta, suficientemente informativa e adequada ao SUV de caraterísticas familiares, com uma distância ao solo (18,8 cm) que lhe permite algum desafogo nos caminhos de terra.
Ar robusto e bom pisar
O Grandland X, como já aqui escrevi, é um SUV de proporções equilibradas ar robusto (ajuda a altura da frente e o perfil de cintura muito elevada) e bom pisar, com as formas que não surpreendem mas transmitem harmonia, e as soluções decorativas (a bordadura plástica negra em toda a volta) que alimentam a imagem do automóvel versátil em todos os domínios da utilização – dinâmica e prática – e ainda com aquele toque desportivo dado por um tejadilho de curvatura anunciada e, como é comum na Opel, de efeito flutuante.
No interior, o ambiente é familiar e vamos deparar com uma série de soluções comuns na Opel, identificáveis designadamente com o Astra e o Crossland X, estilo muito germânico, assente em design rigoroso e num nível de qualidade percebida que dispensa comentários, tanto pela escolha dos materiais (plásticos de bom nível e esponjosos onde faz sentido e algum piano black para valorizar a imagem) como pelo rigor da montagem.
Quanto a habitabilidade, uma proposta que não desmerece: espaço à frente, conforto atrás, bom espaço para as pernas, num banco ligeiramente elevado, que não regula a inclinação do recosto. O túnel é baixo, a consola pouco intrusiva: há pior para sentar o quinto passageiro.
No que respeita à capacidade de carga, boa mala (514 a 1652 litros – menos 26 com pneu sobresselente) e a modularidade (o piso de carga pode chegar aos 1 676 metros úteis) que lhe permite simplificar as coisas quando se trata de transportar a bagagem ou resolver outros problemas com objetos de maiores dimensões, apesar de o plano ser alto (86,6 cm) e não nivelado com a moldura do portão, elétrico no topo de gama Innovation que guiei.
Equipamento a ter em conta
A propósito de equipamento, nesta versão são de série o travão de estacionamento elétrico, ajuda ao arranque em plano inclinado, reconhecimento de sinais de trânsito, luzes diurnas e traseiras em LED, faróis de nevoeiro, sensores de luz estacionamento e chuva, ecrã tátil policromático de 8 polegadas com sistema intellilink (espelho com Android Auto e Apple Car Play), comandos por voz, bluetooth, volante multifunções, cruise-control com limitador, ar condicionado automático bizona, retrovisores com comando elétrico, bagageira com piso duplo e portão com comando elétrico e de pé, sistema de fechadura sem chave, botão de ignição e jantes em liga de 18 polegadas.
A versão ensaiada tinha 3750 euros de extra, mas a fazer a diferença o Pack Safety (alertas de cansaço do condutor e de colisão iminente, travagem automática de emergência e aviso de saída de faixa com correção –500 euros), faróis LED AFL com comutação automática (1200 euros) e tejadilho panorâmico em vidro (700 euros). A pintura bitom custa 450 euros. A caixa automática de oito velocidades está disponível por 2000 euros e junta à comodidade de utilização ligeira melhoria no consumo.
Para quem pensa na transição do gasóleo para a gasolina e quer um SUV, este Grandland X pode servir a preceito. Mexe-se-se bem, curva melhor, é comedido nos consumos e junta ao conforto boa habitabilidade e boa capacidade de carga. Já é Classe 1 com Via Verde.
Opel Grandland X 1.2 PureTech 130 cv
Motor: três cilindros, 1199 cc, turbo,injeção direta, start/stop
Potência: 130 cv/5500 rpm
Binário máximo: 230 Nm/1750 rpm
Transmissão: caixa manual de seis velocidades
Aceleração 0-100: 10,1 s
Velocidade máxima: 188 km/h
Consumos: misto – 5,3 litros/100; estrada – 4,9; urbano – 6,1
Emissões CO2: 121/120 g/km
Mala: 514/1652 litros
Preço: Versão ensaiada – 35 240; Innovation – 31 490 (caixa automática + 2000 euros)