Kia XCeed bem maquilhado

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A Kia continua na sua onda positiva. E isso é tanto mais de registar quando em causa está apenas a operação de cosmética do XCeed, o crossover de tendência SUV que se apresenta com imagem mais desportiva. Cosmética à parte, conduzi o 3 cilindros de 1.0 litro e 120 cv, o mais barato dos GT Line, topo de equipamento da oferta, com preço desde 27 092€.

O renovado XCeed, ostentanto já o novo logótipo, tem uma aparência que se tornou ainda mais sugestiva com o trabalho operado na dianteira. A grelha nariz de tigre voltou a ser redesenhada, os grupos óticos em LED dão a nota tecnológica e as entradas de ar e as aplicações em negro conferem outra agressividade a um automóvel que ainda se destaca pelo preto brilhante nos aros dos vidros e pela conceção interessante do difusor traseiro, muito bem “encaixado” no para-choques com falsos escapes. Enfim, a originalidade das luzes traseiras, feitas de uma matriz de hexágonos oblongos remetem-nos para um conjunto em que nem se estranham as grandes jantes de 18 polegadas, as quais o ligam muito bem ao solo.

Abrimos a porta e aquilo que encontramos traz menos de novo, mas o equipamento faz muita diferença, desde logo pelos excelentes bancos de tipo desportivo, com bom apoio e, claro, a gravação a remeter para a desigualdade da oferta, marcada pelo negro do ambiente. Depois é o volante multifunções, achatado, o tablier de material esponjoso com pesponto bem simulado, boa escolha de plásticos, que se alarga ao piano black na bem arrumada consola, e um nível de construção e acabamento de realçar. Nota para o toque criterioso das superfícies e frisos em cinza metálico que amenizam o conjunto com bom gosto. Já não é surpresa, mas nunca é demais a nota sobre aquilo em que tão rapidamente se tornaram os sul-coreanos e o Grupo Hyundai.

A digitalização é total e o grafismo interessante, o ecrã central tátil é o mesmo, integrado no tablier e com atalhos hápticos. O ar condicionado automático continua a estar autonomizado, o que facilita a utilização.

Continua a ser giro, agora até mais agressivo e enriquecido pelo equipamento GT-Line que transforma o tricilíndrico de 998 cc e 120 cv num produto cativante, mas que deixa sabor a pouco nas prestações e não surpreende nos consumos. É Para quem valoriza a imagem!

Em termos de espaço a oferta pauta-se pela mediania. Posição de condução elevada, claro, habitabilidade normal à frente, o quando baste atrás, o túnel não ajuda, mas, ainda assim, favorecida pela altura dos bancos dianteiros, que ampliam o espaço para os pés dos passageiros da retaguarda, neste nível de oferta com ar condicionado a partir da parede da consola e apoio de braços central. O acesso não é referencial, mesmo sem o tejadilho ser muito inclinado.

Quanto à bagageira, os 426 litros estão entre as melhores ofertas do género. O plano de carga é naturalmente alto, mas a possibilidade de alinhamento do fundo (amovível) com o suporte do portão facilita as operações de carga e descarga. O banco traseiro rebate na proporção 60X40 e a chapeleira é rígida e articulada com o portão.

Quando o motor parece pouco

Para tudo isto, pode parecer pouco aquilo que vamos encontrar debaixo do capô, o três cilindros turbo de 998 cc, 120 cv e 175 Nm de binário máximo, gerido por uma caixa manual de seis velocidades. Traduzido em prestações, significa números vulgares para este tipo de propulsores: 11,5 segundos na aceleração 0-100 e 186 km/h em velocidade de ponta.

O motor que, no arranque, deixa sinal de alguma “rouquidão” típica dos tricilíndricos, proporciona uma resposta honesta, não acusa vibrações, e até vai além das expetativas. Também porque ajuda o facto de o XCeed ser um automóvel agradável de guiar, generoso e com o condão de nos facilitar a empatia através do ambiente a bordo e do muito que oferece em equipamento nesta versão GT Line.

Compromisso equilibrado de suspensão entre o conforto e a eficácia, revela agilidade, curva bem e, em matéria de consumos, alinha pelos valores mais altos do que sempre se espera nestes blocos. Consegui 7,8 litros 100 de média, com quatro pessoas a bordo, num percurso de 180 quilómetros com alguma autoestrada, cumprida aos regulamentares 120 km/h e estrada suburbana em ritmo normal. O acumulado no computador de bordo registava 8,1 l/100 para 824 quilómetros. (O “velho” 1.4 T-GDI  automático fez menos!)

Equipamento de fazer inveja

No que respeita a equipamento a proposta é muito completa. A saber: faróis full LED, retrovisores retráteis aquecidos, bancos em pele e tecido, volante multifunções em pele, compatibilidade Android Auto e Apple Car Play wireless e carregador da mesma tecnologia, ecrã tátil de 10,25”, bluetooth, navegação, reconhecimento por voz, ar condicionado automático, sensores de chuva e luz, câmara de estacionamento com guias e ainda  sensores, arranque inteligente, chave inteligente e botão start/stop, travão de mão elétrico, cruise control e limitador de velocidade, avisos de colisão à frente e atrás, sistema de aviso à manutenção em faixa, portão elétrico, jantes de 18 polegadas.

Continua a ser giro, agora até mais agressivo e enriquecido pelo equipamento GT-Line que transforma o tricilíndrico de 998 cc e 120 cv num produto cativante, mas que deixa sabor a pouco nas prestações e não surpreende nos consumos. É para quem valoriza a imagem!

FICHA TÉCNICA

Kia XCeed 1.0 T-GDI 120 cv GT-Line

Motor: três cilindros, 998 cc, turbo, gasolina, injeção direta, start/stop

Potência: 120 cv/6 000 rpm

Binário máximo:172 Nm/1 500-4 000 rpm

Transmissão: caixa manual e seis velocidades

Aceleração 0-100: 11,5 segundos

Velocidade máxima: 186 km/h

Consumo médio: WLTP – 6 litros/100 km

Emissões CO2: 136 g/km

Dimensões: c/l/a – 4,395/1,826/1,483 m

Peso: 1 596 kg

Bagageira: 426 litros

Preço: desde 27 092€