É difícil imaginar uma mudança tão grande e bem sucedida como aquela que transfigurou o Hyundai Tucson num dos mais ousados e diferentes SUV do momento. Um grande trabalho da marca sul-coreana que chega ao mercado com uma versão híbrida de 230 cv, a partir de um motor 1.6 a gasolina. Espaço, economia, modernidade, equipamento e qualidade marcam um automóvel que promete suscitar muita atenção. Até pelo preço: desde 38 650€

O Tucson com ar TT de formas quadradas, que pela diferença até era original, deu lugar a um exercício de estilo que é exemplo do vento de mudança que tem varrido a Hyundai e faz da marca sul-coreana um caso sério em todo o mundo.

Gostos são isso mesmo, cada um tem o seu, mas parece-me difícil ser insensível ao novo Tucson. Desde logo pela frente, marcada pela originalidade da assinatura luminosa, com LED ocultos na grelha que enche a dianteira e só deixa espaço para os grandes médios unidos por um fino para-choques e para a entrada de ar sobre o defletor aerodinâmico.

Um SUV de rotura na estética, moderno e bem equipado, muito espaçoso e confortável, com um nível de qualidade assinalável, é isso a quarta geração do Hyundai Tucson, agora também um híbrido com 230 cv de preço competitivo

Uma interpretação totalmente nova do rosto de um automóvel. E que mantém a originalidade no perfil muito esculpido, vincos de peça estilizada, forma curiosa e talvez a mais controversa de expressar aquilo a que chamamos vulgarmente músculo.

Tudo isto suportado por uma cintura alta no “corte” para uma superfície vidrada estendida a um triângulo na custódia, a medida certa para o equilíbrio das proporções. O tejadilho suavemente abaulado, a “morrer” num defletor muito presente, e uma traseira de força com nova originalidade luminosa nas óticas duplas sob o (já indispensável) fio luminoso de ponta a ponta, tornam o Tucson um carro diferente.

Enfim, a bordadura plástica em toda volta, para sublinhar a filosofia do SUV e as jantes de grandes dimensões – 19” – completam um conjunto que, seguramente, ninguém esperava nesta quarta geração do modelo sul-coreano. A equipa lançada por Peter Schreyer aprendeu bem a lição.

Qualidade num interior muito diferente

O interior é outra imagem da qualidade de que a Hyundai é hoje capaz. O design pode não ser tão ousado, mas a combinação de materiais resulta e coloca-nos a nível inesperado: pele sintética almofadada, tecido, dois frisos metálicos que dão envolvimento especial ao conjunto prolongando-se pelas portas.

Tudo isto encaixa na perfeição um painel de instrumentos que adota a forma de tablet e o ecrã central, dominador, num bloco revestido no acetinado do piano black que faz a união à consola. E esta é outro assomo de mudança, com os seletores de marcha reduzidos a três teclas em prática sequência longitudinal, ladeado pelo botão de parque e ao lado do porta copos, enquadrando o travão de parque elétrico. Um deleite para a vista e tanta sobriedade que passam por desnecessários os artifícios habituais para uma decoração feita de mais requinte.

Também porque o volante multifunções de quatro braços, com as patilhas da caixa, tem a dimensão certa, boa pega e os bancos, além de cómodos, contribuem para uma excelente posição de condução (tudo se regula…), elevada como não podia deixar de ser, e para o conforto de quem se senta ao lado.

Como não há bela sem senão, a profusão de botões táteis revela-nos aspetos menos práticos na sua utilização, a pedir hábito, e, em rigor, o grande ecrã central acaba por estar em posição mais baixa do que seria de desejar.

Desafogo à frente e muito espaço atrás e na mala

Em termos de espaço, a oferta alinha pelo topo em face da concorrência. Bom à frente, com a largura suficiente para nos sentirmos desafogados; atrás, sentados num banco mais alto (a bateria está por baixo), temos habitabilidade notável, espaço de sobra para as pernas. E até o túnel não é excessivamente alto, facilitando aquela exercício do transporte de cinco pessoas, na certeza de que, quem vai ao meio, não deixa de ser penalizado até pela existência de um apoio de braços central e, logo, apoio menos recetivo para as costas.

Quanto à mala, outro aspeto em destaque, com os 616 litros de capacidade e ainda um fundo falso com caixas que dão para aproveitar bem. O plano de carga é elevado, mas alinha com o fundo do portão, elétrico neste caso, o que sempre facilita. Os banco traseiro é tripartido (40x20x40), pormenor que joga em favor da modularidade.

Solução mecânica bem afinada

A receita deste Tucson, tração dianteira, claro, é a combinação do quatro cilindros 1.6 T-GDI de 180 cv com um motor elétrico de 60 cv, alimentado por uma pequena bateria de 1,49 kWh  e daí  nem haver números sobre a autonomia elétrica, sempre insignificante nos híbridos “puros”. O “casamento” resulta na potência de 230 cv e 350 Nm de binário, estes geridos por um caixa automática de seis velocidades – o conversor de binário foi preferido à bem conhecida solução de dupla embraiagem. Traduzido em prestações: 8 segundos de 0 a 100 e 193 km/h, razoável para 1 564 quilos. A aceleração é sempre progressiva, sem explosões, e o travão tem aquele tato próprio dos híbridos, de modo a favorecer a regeneração.

O funcionamento do sistema está bem afinado, tudo se passa com grande suavidade e, apesar da pouca capacidade da bateria, a verdade é que o símbolo EV ilumina-se muitas vezes, até em autoestrada.

Dimensões generosas  –  tem 4,5 m comprimento e largura considerável, 1,86 – o Tucson assume o perfil de um familiar, estradista de nível e menos feição desportiva, apesar da potência disponível e da capacidade do binário para lhe emprestar uma agilidade que a caixa de velocidades gere bem. O recurso às patilhas no volante não traz grandes diferenças à condução.

Dinâmica interessante combina com conforto

Compromisso de suspensão que combina bem o conforto com a eficácia e, sobretudo, suporta o balanceamento excessivo da carroçaria devido à altura (1,65 m), acaba por ser uma surpresa a curvar. Dimensões e peso são bem digeridos e mesmo que a direção pudesse ser mais direta, aceita bem as suas ordens, pode curvar rápido em segurança, mas não deixa de socorrer-se do ESP quando se põe o pé em ramo verde. Natural, dado o volume da carroçaria e a facilidade em rolar rápido. O modo Sport, o outro é o ECO, altera ligeiramente as coisas, mas, decididamente, este não é um desportivo.

No que respeita a consumos, a unidade que conduzi estava pouco rodada e os valores alcançados ficaram além das expetativas. O acumulado situou-se nos 7,3 litros aos 100, o mesmo valor que o computador de bordo assinalou na autoestrada a 120 km/h, controlados pelo cruise-control. Em estrada secundária, o registo foi de 5,3 e, no suburbano, andou pelos 6/6,5 litros/100 km.

A versão ensaiada foi a Vanguard, a mais equipada. A destacar, tem bancos e volante em pele multifunções de quatro braços, painel de instrumentos digital e ecrã central com navegação, ambos com 12,25 polegadas, ar condicionado automático, luz ambiente, sistema de som Krell, rebatimento tripartido do banco traseiro, porta da bagageira de abertura e fecho automático, sensor de chuva, faróis full-LED, jantes de 19 polegadas e pintura bitom.

Como é politica da marca a garantia é de sete anos sem limite de quilómetros.

Um SUV de rotura na estética, moderno e bem equipado, muito espaçoso e confortável, com um nível de qualidade assinalável, é isso a quarta geração do Hyundai Tucson, agora também um híbrido com 230 cv de preço competitivo.

FICHA TÉCNICA

Hyundai Tucson HEV 1.6 TGDI  AT Vanguard*

Motor: 1598 cc, gasolina injeção direta, turbo, intercooler

Potência: 180 cv/5 500 rpm

Binário máximo: 265 Nm/1 500-5-500 rpm

Motor elétrico: 60 cv

Binário: 264 Nm

Potência combinada: 230 cv

Binário combinado: 350 Nm

Transmissão: caixa automática de seis velocidades, conversor de binário

Aceleração 0-100: 8 segundos

Velocidade máxima: 193 km/h

Consumo: média – 5,7 litros/100 km

Dimensões: (C/L/A) –  4 500/1 865/1 650 mm

Peso: 1 654 Kg

Bagageira: 616/1795 litros

Preço: 42 850€, Vanguard; desde 38 650€, versão Premium

*Candidato a Carro o Ano e a melhor SUV Compacto nas classes do Troféu Volante de cristal