Um compromisso sério o novo VW Golf GTE, o híbrido Plug-in que passa a oferecer a mesma potência do emblemático GTI – 245 cv! Com outra bateria, maior autonomia elétrica (59 Km WLTP) e eficaz sob este aspeto, convence também quando utilizado em modo híbrido e disponibiliza capacidade para uma condução a fazer jus à sigla. Como de costume, não é barato, mesmo que o preço tenha baixado: desde 41 880€.

Pensar em economia num automóvel com 245 cv passou a ser possível e a teoria do melhor dos dois mundos está generalizada a estes PHEV mais musculados. Estamos perante filosofia especial, entendimento do automóvel que só tem razão de ser numa perspetiva que não é de mais repetir. Tudo isso só faz sentido se dispuser da logística para ter a bateria carregada todos os dias!

Há cada vez mais quem aceite as regras do jogo e, para que conste, a pedido dos clientes, segundo a VW, o GTE até mantém o sistema para carregar a bateria a partir do motor de combustão. Talvez por isso, a marca tenha subido a parada e aumentado a potência do GTE dos 204 para os 245 cv, exatamente a mesma do GTI…

GTE e GTI a comparação indevida

Vamos comparar os dois carros? Não! E está claro que não podem ser iguais, até pelos 135 kg a mais da nova bateria do GTE. Mas também porque a resposta do 2.0 litros turbo e do 1.4 TSI de 150 cv ajudado por um novo motor elétrico de 109 cv não resulta igual em unidades equipadas com a caixa DSG, no caso do híbrido, obviamente a única. Nem os travões, sempre mais progressivos nos PHEV para potenciar a regeneração da bateria. De todo o modo, uma questão bem resolvida.

Para quem quer um híbrido com potência, nervo q.b. e comportamento a condizer,  o novo Volkswagen Golf GTE, bem equipado, é proposta interessante e politicamente correta. Se poupar nas acelerações consegue consumos interessantes e a autonomia elétrica até pode surpreender. O pior, sempre, é o preço, mesmo sendo mais barato!

Agora que nos podemos divertir ao volante do GTE, disso não restam dúvidas. A dinâmica continua a ser modelar. Tanto em termos de tração como no comportamento em curva, o carro mantém a eficiência e a eficácia, beneficiado também pelo diferencial XDS e no caso também pela suspensão adaptativa com quatro modos: Eco, Comfort, Sport e Individual, este, como no GTI, com 15 regulações. O híbrido consegue dar nota de alguma têmpera desportiva, apesar de menos explosivo e de em aceleração, especialmente em modo Sport, ser outra a musicalidade do motor… A caixa DSG não dispensa as patilhas no volante, mas a experiência não se revela especialmente vibrante.

As prestações fazem, no entanto, um retrato do que pode esperar-se: 6,7 segundos de 0 a 100 (+0,4s do que o GTI), 225 km/h em velocidade de ponta (250 Km/h no GTI). Só o binário é superior: 400 Nm contra 370…

Considerável autonomia elétrica e bons consumos

Em termos de consumo é, que obviamente, as coisas são muitos diferentes. O GTE revela-se surpreendente nalguns aspetos. E o primeiro é mesmo a autonomia elétrica. O carro que guiei indicava autonomia para fazer 41 quilómetros, cerca de 69 por cento da capacidade da bateria de 13 kwh agora com 96 células e mais 50 por cento de capacidade (o GTE antigo fazia até 42 km em modo elétrico). Ora a verdade é que fiz 52 quilómetros, numa condução cuidadosa é facto, maioritariamente em ambiente urbano, mas sem “pisar ovos”.

Os primeiros 100 quilómetros completei-os em ambiente suburbano, quase sempre via-rápida e dentro dos limites e o resultado da combinação foi uma média de 3,1 litros/100 km.

Em autoestrada, aos 120 km/h regulamentares “comandados” pelo cruise-control, e já em modo híbrido, o computador de bordo indicou 6.8 litros/100 km, resultado razoável. Também em modo híbrido, no suburbano, andei entre os 4,7 e os 6,3 e houve tempo para a gestão do sistema me brindar com algumas ajudas de andamento à boleia do motor elétrico. A média geral foi de 4,4. Naturalmente, se conduzir “à GTE”, esqueça estes números!

O GTE, que arranca sempre em modo elétrico, permite a reserva de energia para otimizar o desempenho em meio urbano e a programação dos carregamentos de modo a quem tem tarifas especiais poder aproveitar os períodos de fornecimento de energia mais barata.

Uma experiência convincente, num combinado conseguido, mas que não será para todos que são adeptos dos desportivos vibrantes. Agora, carro arrumado, é por a carregar. São cinco horas numa tomada doméstica normal. Com a wallbox, que implica um cabo especial (modo 3 tipo 2), serão três horas e 40 minutos.

Igual aos outros com menos bagageira

O Golf GTE é igual aos outros, com a grande revolução no interior, mas distingue-se pelo friso azul na dianteira, a mesma cor do símbolo. Diferente, também, é a informação disponível tanto no painel de instrumentos, como no ecrã central, adaptados a tudo aquilo que faz sentido acompanhar e saber quando conduzimos um PHEV.

Diferente também é a capacidade da bagageira, 272 litros em vez de 280 devido à colocação das baterias. O depósito de combustível tem igualmente menos capacidade, 40 litros.

A versão que guiei tinha 3 900€ de extras, 2 270 para os estofos em couro, em vez dos bancos desportivos iguais aos do GTI, forrados em tecido xadrez (neste caso dominado pelo azul) e as jantes em liga de 18”, sempre mais impressivas. De resto: ar condicionado automático, bancos dianteiros com regulação lombar, cockpit digital, cruise-control adaptativo, câmara multifunções, faróis LED Matrix, com regulação automática e luzes de curva dinâmica, faróis de nevoeiro em LED, piscas dinâmicos, assistente de manutenção em faixa semi-automático, luz interna na área dos pés à frente e atrás, rádio DAB, reconhecimento de sinais de trânsito, retrovisores exteriores rebatíveis eletricamente, sensor de chuva, serviço online, “front assist” com deteção de peões e ciclistas, bluetooth e carregamento por indução, navegação, travão de parque elétrico, vidros traseiros escurecidos e voice control.

Para quem quer um híbrido com potência, nervo q.b. e comportamento a condizer,  o novo Volkswagen Golf GTE, bem equipado, é proposta interessante e politicamente correta. Se poupar nas acelerações consegue consumos interessantes e a autonomia elétrica até pode surpreender. O pior, sempre, é o preço, mesmo sendo mais barato!

FICHA TÉCNICA

VW GOLF 1.4 TSI 245 cv DSG GTE*

Motor: 1395 cc, turbo, intercooler, injeção direta

Potência: 150 cv/5 000-6 000 rpm

Binário máximo: 250 Nm/1 500-3 500 rpm

Motor elétrico: 109 cv

Binário: 330 Nm

Potência combinada: 245 cv

Binário máximo: 400 Nm

Bateria: iões de lítio, 13 kWh

Aceleração 0-100: 6,7 segundos

Velocidade máxima: 225 km/h (130 km/h em modo elétrico)

Transmissão: caixa automática DSG, seis velocidades, patilhas no volante

Consumo: combinado – 1,6 litros/100 km

Consumo elétrico: médio –12,4 kwh

Autonomia elétrica: 59 km (WLTP)

Emissões CO2: 40 g/km

Dimensões: (C/L/A) – 4 270/1 797/1 547 mm

Peso: 1 599 kg

Bagageira: 270 litros

Preço: 45 809€, versão ensaiada; desde 41 880€

*Concorrente a melhor Híbrido nas categorias do Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal