Personalizado e menos oriental na imagem (Foto BYD)

Proporções equilibradas, sóbrio e bem assente na estrada (Foto BYD)

Portão de superfície côncava por contraponto à frente convexa (Foto BYD)

Solução original, elaborada e qualidade a registar (Foto BYD)

Ecrã pode rodar 90 graus e ser utilizado na vertical (Foto BYD)

Pequeno painel de intrumentos, bem legível, sobre a coluna de direção (Foto BYD)

Consola flutuante bem estruturada e ergonomicamente isenta de críticas (Foto BYD)

Sob a consola, fichas USB e USB-C e tomada de 220 V (Foto BYD)

Solução original nos cilindros para as saídas de ar (Foto BYD)

Bem engendrados os fechos das portas sobre os tweeters (Foto BYD)

Recuperação dos esticadores nas bolsas das portas na evocação de uma guitarra (Foto BYD)

Bancos dianteiros têm assento curto e recosto de cabeça fixo (Foto BYD)

Espaço nos lugares traseiros está isento de críticas (Foto BYD)

Não falta o apoio de braços com porta-copos (Foto BYD)

Saídas de ar condicionado para os passageiros do banco traseiro (Foto BYD)

Bagageira tem 440 litros de capacidade, plano de acesso é elevado (Foto BYD)

Faróis dianteiros rasgados encaixam num friso que une capô e dianteira (Foto BYD)

Luzes traseiras unidas por uma barra de LED a toda a largura (Foto BYD)

Decoração interessante para amenizar peso da custódia (Foto BYD)

Tejadilho de abrir com cortina, sempre mais valia (Foto BYD)

Jantes em liga maquinadas de 18 polegadas na versão Design (Foto BYD)

Bateria encaixa na plataforma, entre as rodas (Foto BYD)

Tecnologia laminar faz a diferença nas baterias (Foto BYD)

Um símbolo para levar a sério... (Foto BYD)

É, para mim, mais um sério aviso chinês ao mundo do automóvel elétrico. O BYD Atto 3, SUV do segmento médio, tem armas e argumentos que prometem mudanças no mercado global. Não é uma chinesice, mesmo que haja, naturalmente, pormenores a rever. Ousado, bem construído, menos datado no estilo do que seria de prever, 204 cv, bateria de 60,48 kwh, 420 quilómetros de autonomia é um familiar à altura de pedir meças aos europeus. E, na versão que guiei, custa 43 490€.

BYD, acrónimo de Bild Your Dreams, ou construa os seus sonhos, é o maior construtor chinês de automóveis elétricos, produz mais de milhão de unidades e tem a seu favor o controlo absoluto do processo produtivo: constrói as baterias, os motores, grande parte dos chips, a plataforma.

Tem uma parceria com a Toyota, à qual vende motores, e a sua tecnologia de baterias laminar, que permite redução das dimensões, é original e usa iões de lítio e fosfato de ferro (sem cobre nem níquel e menos lítio), o que, em princípio, promete melhor compromisso ambiental, menos custos e mais segurança

O Atto 3 é um SUV de estilo convencional, com uma frente personalizada a ponto de resolver muito bem a falta da grelha, substituída por uma superfície convexa separada do capô, arrendonado, por uma barra que integra os faróis e tem ao centro a designação BYD. Duas grandes entrada de ar compõem o conjunto, na procura de uma imagem mais desportiva e moderna.

O perfil, marcado pelo tejadilho levemente descendente, é limpo e simples. Músculo criado entre três suaves vincos, cintura alta, e uma custódia amenizada por uma uma decoração à imagem de uma peça em alumínio “escamado”. Vistoso.

BYD Atto 3 é para encarar como proposta séria da indústria chinesa e um grande desafio ao mercado. Bem construído, nível de qualidade em patamar elevado, autonomia e consumos dentro da média, cómodo e espaçoso, só no preço muitos esperariam melhor

A traseira tem um portão simples que, por contraponto à frente, é dominado por uma superfície côncava. Bem pensado. O deflector prolonga o tejadilho, as luzes não dispensam o fio de LED de ponta a ponta remato pelas óticas e sobre o qual se destaca, em relevo, a designação Byld Your Dreams.

A toda a volta existe a tradicional bordadura plástica negra de proteção e o resultado de tudo isto afasta-nos da ideia feita sobre o automóvel chinês. Mais elaborado, mais aproximado de  formas europeias.

Interior jovem, ousado e carregado de originalidades

O interior é uma enorme surpresa, nem todos podem gostar da fantasia, mas é interpretação jovem e ousada da modernidade, com pormenores muito interessantes. Desde logo, o tablier que se assume com uma onda a desfazer-se sobre a superfície inferior. O contraste de cores acentua o efeito. Diferente.

As saídas de ar, como cilindros feito de aros cromados, são outro pormenor original, a par, aliás, com os fechos das portas, colocados sobre a caixa redonda que envolve os tweeters, como se fossem uma cobertura. Sem igual.

BYD Atto 3 é uma prova das capacidades da indústria autmóvel chinesa no mercado dos elétricos  (Foto BYD)

Outra graça, as bolsas das portas recorrem a três fios de suporte (vermelhos fixos em cilindros cromados) esticados como se fossem as cordas de uma guitarra que terminam no cento do altifalante. Até tocam…

O painel de instrumentos, legível, grafismo interessante é um pequeno quadrante digital (ao estilo VW) agarrado à coluna de direção com um volante multifunções que se enquadra neste ambiente como peça de puzzle. Falta a indicação da média de consumo, “perdida” no ecrã central…

Quanto a este, dimensões generosas – 15,6 polegadas –  e a curiosidade de o podermos fazer rodar 90 graus (botão no volante) e usá-lo também na vertical. É uma questão de gosto. Pena que a linguagem do software seja pouco amigável e que as dedadas “decorem” a superfície a ponto de incomodar com a luz. Pormenor a rever.

Enfim, uma consola flutuante com os únicos botões físicos do Atto 3 e dominada por um seletor de marcha em forma de puxador, muito prático de utilizar e que inclui na base a posição de parque. Logo à frente o botão de ignição. Não falta o carregador wireless nem a caixa sob o apoio de braços. E espaço no vão criado até ao fundo.

Bancos em pele sintética, debroados a vermelho e pespontados na mesma cor, com bom apoio mas assento curto e recostos de cabeça fixos, dão o último retoque no ambiente e num habitáculo que não levanta problemas de espaço. Também atrás, onde o fundo plano mostra as suas vantagens e a possibilidade de passar os pés sob os bancos dianteiros ajuda no conforto. O recosto central, como habitualmente, penaliza quem for ao meio…

A qualidade geral surpreende, com a maioria dos plásticos envolvendo a sensação de ligeiro almofadado e os outros, poucos, menos nobres, sedosos e agradáveis ao toque. Uma escolha muito criteriosa que põe o Atto em patamar alto em termos de materiais utilizados.

A bagageira tem 440 litros de capacidade, valor dentro das exigências, mas tem pouca altura e o plano de carga é um pouco elevado. Não se pode ter tudo num elétrico!

Máquina não destoa e posiciona-se em bom nível

Se o “embrulho” convence o conteúdo tecnológico não lhe fica atrás. Utiliza uma plataforma dedicada para automóveis elétricos que acomoda a fina bateria entre as rodas. No caso do Atto 3, o motor é dianteiro, debita 204 cv e o binário de 310 Nm. Esta capacidade e o peso de 1750 kg (420 da bateria), permitem-lhe acelerar de 0 a 100 em 7,3 segundos e atingir os 160 km/h em velocidade de ponta. São prometidos 420 quilómetros de autonomia e 565 em utilização apenas citadina (valores WLTP).

Eu não consegui ir tão longe numa utilização maioritariamente suburbana, com alguma autoestrada, e no respeito dos limites. Com 50% da carga disponível, utilizando sempre o ar condicionado, cumpri 175 quilómetros, logo a automia seriam 350 quilómetros – a indicação de bordo dava, no entanto, mais 220 km. Fazendo as contas temos a média de 17,28 kW/100, mais do que os 16 prometidos. Mas a verdade é que em grande parte do percurso o computador de bordo indicou 16,4. São números razoáveis.

Este resultado foi conseguido optando pelo modo Eco, com pequenos incursões pelo Nomal e o Sport. Entre os dois primeiros a diferença é pouca, mas quando se puxa pelos galões do Atto 3. Em Sport, as coisas mudam um pouco de figura, mesmo sem serem esmagadoras.

De qualquer modo, aqueli que mais surpreende é a pouca capacidade regenerativa. Regulável em duas posições, fica muito aquém daquilo a que estamos habituados. Numa descida, pode acontecer até que o carro ganhe velocidade. Outro pormenor passível de revisão.

Suspensão independente, multibraços atrás, o Atto 3 é um carro com a dinâmica própria de um familiar. Nada de grande mordacidade em curva, mas não se descompõe perante um exagero e o controlo de estabilidade logo desperta. Mas não foi desenvolvido a pensar em comportamento desportivo, ainda que a resposta pronta às solicitações do acelerador nos “atire” para andamento considerável.

E um excelente rolador cómodo, com boa filtragem nas estradas menos boas. Podia ter uma direção mais responsiva, mas ganha-se indo ao ecrã optar pela regulação desportiva, mais firme.

Carrregamento a 88 kWh e bom equipamento

No que respeita ao carregamento, porta à frente do lado do passageiro, o Atto 3 está preparado para receber 88 kW DC, o que permite levar a carga dos 30 aos 80 por cento em 29 minutos e dos 10 aos 80 em 44 minutos. A 7 kW em AC, o “pleno” atinge-se em nove horas e 42 minutos.

Em termos de equipamento, a versão Design que guiei incluía teto panorâmico elétrico, abertura automática da bagageira, jantes em liga de 18 polegadas, bancos em pele sintética, ecrã rotativo de 15,6 polegadas, entrada e ignição sem chave, cruise control inteligente, bomba de calor, carregador de bordo de 11 kW, bomba de calor, visão de 360º, sensores de estacionamento à frente e atrás, travão de parque elétrico, deteção de ângulo morto, alerta de colisão dianteira e traseira, travagem automática.

Enfim, o BYD Atto 3 é para encarar como proposta séria da indústria chinesa e um grande desafio ao mercado. Bem construído, nível de qualidade em patamar elevado, autonomia e consumos dentro da média, cómodo e espaçoso, só no preço muitos esperariam melhor.

Uma nota: não é despiciendo lembrar que a representação tem o aval da Salvador Caetano e existe um acordo com a Toyota. Os chineses no seu melhor…

FICHA TÉCNICA

BYD Atto 3

Motor: elétrico, síncrono, magneto permanente

Bateria: 60,48 kWh (úteis), iões de lítio e fosfato de ferro (420 kg)

Potência: 204cv

Binário: 350 Nm

Transmissão: tração dianteira, velocidade única

Aceleração 0-100km/h: 7,3 s

Velocidade máxima: 160 km/h

Consumo: 16 kw/100 km

Autonomia: 420 km; 565 km em cidade

Peso: 1750 kg

Dimensões: c/l/a – 4,445;1,875; 1,615 m

Bagageira: 440 litros

Preço: 43 490€