Este 2 Grand Coupé usa a base do novo Série 1, portanto agora um tração dianteira, vestido em estilo mais desportivo. Ganhou 20,7 centímetros no comprimento para equilibrar as proporções da traseira que suporta o prolongamento do tejadilho em linha descendente, curva suave e elegante. São formas conhecidas, que só podem surpreender por aquela espécie de redução à escala e, por isso, menos esplendorosa do que os outros modelos da família bem sucedida destes Grand Coupé com quatro portas da marca bávara. Um estilo que resulta particularmente se lhe acrescentarmos o Pack M e toda a agressividade que lhe empresta na estética, em especial na dianteira, na qual que pontifica a nova grelha, maior e mais personalizada.
Aí está um BMW que faltava, o Grand Coupé feito sobre o Série 1 que até oferece mais espaço na mala e se bate com ele em habitabilidade. Também tração dianteira, não será dos mais divertidos de guiar, mas o Diesel continua a ser despachado com o 2.0 litros de 190 cv, ainda muito económico. O preço depende do forro do fato…
O aumento das dimensões trouxe mais 50 litros (!) à capacidade da mala (430 litros) face ao Série1, e a habitabilidade, dada a mesma distância entre eixos, fica-se pelos mesmos valores, razoáveis sem deslumbrar, suficientes para transportar quatro pessoas com à-vontade. Apenas o acesso e a distância entre o assento e o tejadilho são penalizados, como em qualquer coupé. Mas o meu 1,73, com o banco na posição correta, não significou sentir-me de pernas tolhidas, encolhido, nem experimentar qualquer sensação claustrofóbica quando me sentei atrás.
Conforto e insonorização assinaláveis
Se esta constitui uma primeira surpresa, a outra foi o nível de conforto que, enquanto eu apenas digeria a sensação, foi registado por quem me fazia companhia à frente. O comentário foi tanto mais importante quando guiava uma versão com jantes 19 e pneus naturalmente de perfil mais baixo. Claro que este Grand Coupé não é exatamente o “sofá francês”, faz-se sobre uma suspensão que não prescinde da firmeza típica dos automóveis alemães, mas o equilíbrio merece elogio, até por vir acompanhado de uma insonorização modelar se atendermos a que debaixo do capô estava um motor Diesel. O ruído de rolamento é também perfeitamente normal e a aerodinâmica dá-se bem com os ares… Bem feito!
Obviamente, o ambiente a bordo é o do Série 1, aplicação no design e na qualidade de for, mas e soluções conhecidas, feitas da habitual sobriedade e do rigor germânico. Neste caso, a diferença, e grande, eram os bancos desportivos, que valem bem o que custam (422 euros). Com o extensor no assento, excelente apoio e regulação lombar ajudam a fruir melhor a posiçõ de correta num automóvel que, sem surpresa, é agradável de conduzir, sob as ordens daquela direção com o toque inconfundível da BMW.
Painel de instrumentos digital, completo e com grafismo legível mas, para mim, solução nem especialmente vistosa, um sistema de infoentrenimento com software assente em menus intuitivos e desdobrados em muitas soluções (já se sabe que o pacote depende do equipamento…) e aí está o remate de um habitáculo onde nos sentimos bem. Um carro moderno sem aquela preocupação de nos transportar para um ambiente futurista.
Despachado e ágil, também pouco entusiasmante
O 2.0 Diesel que usa a designação 220d é um motor sobejamente conhecido, lida bem com os 1580 quilos deste Grand Coupé. A versão que ensaiei contava com a caixa Steptronic de oito velocidades, com opção manual sequencial e patilhas no volante. Os 400 Nm de binário e os 190 cv de potência garantem um despacho significativo quando se acelera e a força suficiente para dar suporte à imagem desportiva. E ao peso do emblema, acrescente-se.
De todo o modo, na dinâmica, este não será o BMW mais entusiasmante de conduzir para quem espera resposta de tipo desportivo. Desembaraçado, ágil quanto baste, curva bem mas é demasiado bem comportado, mesmo com aquela “afinação” do ESP. que leva a sua intervenção ao limite. Não é carro “gingão”, para se balancear nas zonas sinuosas. A frente cumpre a preceito as ordens do volante, pode alargar ligeiramente a trajetória, e a traseira segue-lhe o caminho, bem mandada. As coisas não deixam de fazer-se rapidamente e a sensação de segurança até ganha com isso, porque parece não haver espaço para “partidas” sem forçar além do razoável.
A transmissão automática dá conta do recado com eficiência e se procurarmos o comando manual, a resposta está em plano elevado, como se sabe, mas fica a ideia de pouco valer a pena e ser solução para momentos de nostalgia… Mesmo no modo Sport, com os acréscimos que traz a um comportamento mais vivo e desportivo.
Consumos interessantes e longa lista de extras
E já que falamos de modos, registe-se que, por defeito, este BMW assume o registo Comfort, que chega e sobeja. Sobra o modo EcoPro que nos permite, sem penalizações muito sensíveis potenciar os números de consumo sempre interessantes de um Diesel. Neste caso, num misto de autoestrada, via rápida e estradas secundárias, respeitando os limites. o computador de bordo registou a média de 5,2 litros aos 100. Fiquei convencido de que em ritmo de passeio sem pressas baixa-se, facilmente, para a casa dos quatro litros. Números bem interessantes.
A versão que conduzi, como já disse, tinha o pack M e um conjunto de extras que elevavam o preço para lá dos 58 mil euros. São cerca de mais 11 mil euros em equipamento que fazem toda a diferença pois ajudam a viver o BMW 220d Grand Coupé de outra maneira. Registe o principal, quanto mais não seja para saber e adequar as coisas ao seu gosto se estiver interessado: versão desportiva M, 3130 euros; transmissão automática Steptronic, 155 euros; jantes de 19 polegadas, 528 euros; bancos desportivos M, 422 euros; pack innovation –luzes adaptativas em LED, assistente de máximos, head-up-display, – 2 357 euros; Pack Connectivity – carregamento wireless, controlo por gestos, hotspot WiFi – 1341 euros. E há mais…
Enfim, aí está um BMW que faltava, o Grand Coupé feito sobre o Série 1 que até oferece mais espaço na mala e se bate com ele em habitabilidade. Também tração dianteira, não será dos mais divertidos de guiar, mas o Diesel continua a ser despachado com o 2.0 litros de 190 cv, ainda muito económico. O preço depende do forro do fato…
FICHA TÉCNICA
BMW 220d Grand Coupé
Motor: 1995 cc, turbodiesel, injeção direta, intercooler.
Potência: 190 cv/2500-4000 rpm
Binário máximo: 400 Nm/1750-4000 rpm
Transmissão: tração dianteira; caixa automática Steptronic de oito velocidades
Aceleração 0-100: 7,5 segundos
Velocidade máxima: 235 km/h
Consumo: média – 5,1 L/100 km
Emissões CO2: 135 g/km
Bagageira: 430 litros
Preço: 58 262 euros, versão ensaiada; desde, 47 000 euros