Um carro interessante o Kia Sportage Eco-Hybrid, 1.6 Diesel com ajuda elétrica, solução a generalizar pela marca sul-coreana e que torna mais “correta” a utilização do combustível diabolizado nos últimos tempos. Os resultados práticos são mais ao nível das emissões do que dos consumos neste SUV a que nos afeiçoamos facilmente pelo indiscutível equilíbrio da oferta. Tem estilo, qualidade razoável, é confortável e espaçoso, ágil quanto baste sem ser uma máquina e concorrencial no preço!

E para começar pelo que preocupa quem opta por um híbrido vamos a resultados e, neste caso, sugestionados ainda pelo Diesel. Ora com quatro pessoas a bordo, em viagem de passeio, o computador de bordo registou 5,6 litros aos 100. Na autoestrada, cruise-control nos 120 km/h a média foi de 6 litros exactos. No balanço de duzentos e muitos quilómetros, com um pouco de tudo, até alguns exageros, a marca alcançada foi de 7,3!

Bom ou mau, para uma “base” Diesel?

Ora bem, este Sportage é um Mild-Hybrid com bateria de 48 volts e isso não é um híbrido convencional. A Kia até batiza a tecnologia de MHSG (Mild-Hybrid Start Generator), um sistema em que um motor e gerador elétrico substitui o alternador convencional e assiste o diesel 1.6 CRDI. A diferença para os híbridos convencionais é que o motor elétrico não transmite a potência às rodas e funciona antes como auxiliar do motor de combustão através de uma correia de transmissão. Daí, o efeito ser obter a mesma potência com maior eficácia, menos emissões e melhor consumo.

O motor elétrico funciona essencialmente nos arranques e nas subidas e em descida, desaceleração ou travagem a bateria, colocada sob a bagageira, é recarregada. Abaixo dos 30 km/h o motor de combustão desliga.

A Kia promete reduções de 15 por cento nas emissões e quatro por cento nos consumos. No que toca aos consumos anuncia 5.8 litros aos 100 e acordo com as regras WLTP.

Imagem impressiva, qualidade em alta, confortável e espaçoso, mas penalizado na mala, bem equipado, sobretudo na versão GT Line, o Sportage que estreia a motorização 1.6 CRDI semi-híbrida defende bem a ideia do diesel “correto”. Os 136 cv não são explosivos, os consumos são aceitáveis. E o preço continua a marcar pontos…

A condução é agradável e passa ao lado de qualquer efeito especial da tecnologia MHSG. No computador de bordo é possível, no entanto, ver como tudo está a funcionar.

Este GT Line, disponível apenas com a conhecida caixa automática de dupla embraiagem e sete velocidades do Grupo Hyundai está longe de ser uma máquina, como as prestações deixam claro: 11,8 segundos de 0 a 100 e 180 km/h em velocidade de ponta. Tem um binário razoável e recupera com a naturalidade de um carro com 136 cv e algum peso.

Relacionamento fácil

De todo o modo, relacionamo-nos facilmente com ele, depressa aprendemos que as patilhas no volante servem mais para passar a caixa no sentido da relação superior. No modo Sport, nota-se outra rapidez na transmissão, mas a filosofia é, decididamente, a de um familiar honesto, à altura do que espera o comum dos mortais que se senta ao volante.

Nota, porém, para o excelente comportamento em curva. Forçando a nota, é bem mandado, respeita as ordens de uma direção equilibrada e deixa perceber um controlo de estabilidade muito permissivo, resultado de o Sportage, apesar da altura (1,65 m), resistir muito bem às transferências de massas e não revelar tendência para enrolar ou “cair” em grandes inclinações. Uma agradável surpresa, até por a suspensão fazer acompanhar a eficácia de uma capacidade de absorção das irregularidades que torna o conforto um facto.

Maquilhagem bem conseguida

A novidade da Kia surge numa retocada quarta geração do Sportage, que até parece ganhar robustez com as alterações habituais nos facelift. E bem conseguido este, tornado ainda mais expressivo no GT Line, o topo de gama enriquecido com pormenores vistosos como os LED diurnos na forma dos ice-cubs agora integrados nas óticas, ao estilo dos Porsche… O Sportage, decididamente, não passa despercebido. Moderno e sóbrio, é um daqueles SUV para que se olha e remira!

O ambiente é também ele simpático. Pena que seja tanto o plástico, a merecer pelo menos outra macieza, toque mais esponjoso, solução apenas utilizada nos apoios de braços das portas, onde também surge o piano black, o qual, a par com alguns frisos prateados – saídas de ar, volante, consola – dão toque muito ligeiro de requinte. A construção convence e o design, consola incluída, ajudam a minimizar a ideia de que o Sportage merecia mais…

A instrumentação ainda é analógica, exceptuando, claro, o computador de bordo e o ecrã digital tátil, neste caso com oito polegadas,  encastrado sobre a consola e bloco de comandos do ar condicionado automático. Como é costume, há muitos botões: 48 nas contas mais simples, 70 se incluirmos os “acessórios”… Começa a ser incomum.

Espaço em recheio sugestivo

Nesta versão, há uns excelentes bancos em pele perfurada, como o volante multifunções, espaço suficiente e um nível de conforto assinalável, seja porque existe lugar para os pequenos arrumos ou por não faltarem apoio de braços à frente, tampa da grande caixa da consola, que não interfere com a mobilidade, e atrás, através da reclinação das costas do lugar central, numa prova de que dois vão sempre melhor… Cabem cinco no Sportage, o túnel é baixo, a consola, que integra o ar condicionado para a traseira, nem é muito intrusiva, mas já se sabe, não há milagres. Quem se senta atrás beneficia de acesso fácil e também de considerável distância ao tejadilho, o melhor, no entanto, é o espaço para as pernas, até por os pés passarem com facilidade sob os bancos dianteiros.

Quanto à bagageira, é penalizada pela colocação da bateria, fica limitada a 439 litros, menos 52 em relação às versões não eletrificadas. O plano de carga, sem surpresa, é alto, mas a plataforma alinha com a moldura da porta o que sempre facilita as operações de carga e descarga. Os bancos rebatem na proporção habitual (60×40) e a chapeleira é do tipo cortina extensível.

Em termos de equipamento, uma oferta muito rica: detetor de ângulo morto, controlo de descida, alerta de colisão frontal, faróis de nevoeiro, manutenção em faixa, sensores de chuva, luz e estacionamento, bancos em pele, ar condicionado automático, ecrã tátil de oito polegadas compatível com Android Auto e Car Play, câmaras de estacionamento de 360 graus e traseira, cruise control, retrovisor eletrocromático, porta bagagens automático, chave inteligente e botão start, volante multifunções em pele, pedais em alumínio, sistema de som JBL, travão de mão elétrico, faróis dianteiros full-LED, jantes de 19 polegadas, barras no tejadilho, piscas nos retrovisores, vidros escurecidos.

Imagem impressiva, qualidade em alta, confortável e espaçoso, mas penalizado na mala, bem equipado, sobretudo na versão GT Line, o Sportage que estreia a motorização 1.6 CRDI semi-híbrida defende bem a ideia do diesel “correto”. Os 136 cv não são explosivos, os consumos são aceitáveis. E o preço continua a marcar pontos…

A garantia, como de costume, é de sete nos e 150 mil quilómetros e há uma campanha que facilita a compra com um desconto que chega aos 4750 euros.

FICHA TÉCNICA

Kia Sportage 1.6 CRDI ISG 7DCT MHEV GT Line

Motor: 1598 cc, diesel, injeção directa, start/stop, Mild-Hybrid

Potência: 136 cv/4000 rpm

Binário máximo: 320 Nm/2000-2250 rpm

Bateria: 48 Volts

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem e sete velocidades

Aceleração 0-100: 11,8 segundos

Velocidade máxima: 180 km/h

Consumos: média WLTP – 5,8 litros/100 km

Emissões CO2: 153 g/km

Mala: 439 litros

Preço: 38 556 euros, GT Line; desde 28 739; versão frotas, 24 990 euros – preços com campanha que oscila entre os 4500 e os 4750 euros.