Foi retocado há um ano mas a diferença maior continua a ser a aposta da Mazda num motor 2.2 e num esforço para, apesar disso, manter o CX-5 com um preço (desde a casa dos 33 mil euros)  aproximado da concorrência menos musculada que manda no segmento dos SUV 4×2. Uma proposta a ver com atenção, mesmo que a capacidade, potência e binário do motor não resultem num exemplo de economia para os parâmetros de um diesel…

Em termos estéticos, o CX-5 é inconfundível e a altura não lhe rouba equilíbrio nem prejudica as proporções. A Mazda continua com um estilo limpo, simples, moderno e sóbrio, na interpretação do chamado Kodo design. A isto acrescenta um interior em que a qualidade percebida está ao nível do melhor da escola japonesa. Bons materiais, combinações de bom gosto, acabamentos irrepreensíveis, ergonomia a dispensar críticas. No caso, ajudava o facto de a versão ensaiada ser a Excellene Pack Leather Beije Navi, uma das mais ricas…. Bancos em pele a perfumarem o ambiente com um toque de classe, reforçado por um rico pacote de equipamento que, também é verdade, leva o preço para valores menos concorrenciais. Mais dez mil euros (!) faz deste CX-5 outro SUV…

No que respeita a habitabilidade, uma oferta capaz de garantir conforto elevado. Espaço de sobra para quatro e, sobretudo, o desafogo suficiente atrás para movermos as pernas à vontade e não sentirmos a “pressão” do forro do tejadilho e aquela sensação de ter de dobrar o pescoço. O acesso é também bom, portas largas e altas com bom ângulo de abertura, mesmo que num SUV haja sempre um degrau a subir…

Fica a ideia de um SUV para lavar e durar, cómodo e espaçoso q.b, com uma bagageira vulgar e que não surpreende em matéria de consumos para um diesel. Também a possibilidade de ter um carro com “mais motor”, potência e binário, um 2.2 quase ao preço de um 1600

Neste particular, menos brilhante é a capacidade da bagageira: 477 litros (há um pequeno espaço sob o fundo), valor que perde para a maioria da concorrência. A modularidade e os aspetos práticos são bem melhores. As costas dos lugares traseiros têm dois níveis de inclinação (24/28 graus), o banco é tripartido (40x20x40) e o rebatimento pode ser feito a partir dos fechos nos “ombros”, como é habitual, mas também através de dois puxadores nas paredes da mala – solução comum na marca. O plano de carga (que não fica horizontal rebatido) é relativamente alto. Pormenor simpático, o funcionamento em conjunto com o movimento do portão da cortina que cobre a bagageira e esconde a carga. É sempre mais prático do que estar a puxar e recolher a persiana. E tudo se torna ainda mais simples, quando o portão tem abertura elétrica, como era o caso da versão ensaiada.

Virtudes habituais

Satisfatório no plano dos aspetos práticos, o CX-5 tem as virtudes próprias de um Mazda no que respeita à dinâmica, aquele toque especial que o sistema Skyactiv empresta à condução dos modelos do construtor japonês. Bem sentados, posição elevada e cómoda ao volante, neste SUV sente-se, é verdade, a altura do centro de gravidade e a transferência de massas não passa despercebida, quando se circula mais depressa ou se passa em zonas ziguezagueantes. Nada capaz de penalizar o comportamento deste Mazda que curva com naturalidade, sempre transmitindo segurança, até porque a intervenção do sistema de controlo de estabilidade é progressiva, eficaz, sem alguma vez nos sujeitar a correções bruscas para levar o carro ao lugar.

Para tudo isto contribui o G-Vectoring Control, novidade nesta segunda geração do CX-5 lançada em 2017, um sistema que integra o controlo do motor, transmissão e chassis e que, na prática, otimiza a distribuição do binário aplicado a cada roda. É por isso capaz, como explica a Mazda, de reduzir, momentaneamente, o binário transmitido às rodas dianteiras transferindo mais peso para o eixo e aumentando o nível de aderência. Deste modo, quando se mantém um ângulo constante o sistema recupera o binário e transfere-o para as rodas traseiras com natural influência na agilidade do CX-5. Resulta – e contribui para um nível de confiança muito grande a juntar à agradabilidade de condução! Para a qual contribui a excelência da caixa de seis velocidades manual, muito agradável de manejar, e o bom trabalho ao nível da insonorização que aumenta o conforto de marcha.

Bom rolador

Capacidade e potência do motor têm naturalmente reflexo no desempenho do CX-5 quando se olha à concorrência, nos valores e aceleração (9,4 segundos de 0 a 100 e 204 km/h de velocidade máxima). Mas até é mais na facilidade das recuperações que o CX-5 marca pontos, fazendo alarde dos 340 Nm de binário que contribuem para toda a diferença quando se pisa o acelerador.

Ainda assim, não estamos face a uma máquina, um bom rolador, com certeza, despachado e desinibido, também quando se procuram outros pisos, pois a distância ao solo (20 cm)  proporcionada pelas generosas jantes de 19 polegadas permite algum à-vontade fora de estrada.

No que respeita a consumos, o CX-5 não surpreende. Consegui 7 litros redondos em autoestrada para uma média geral de 7,3 em pouco menos de 500 quilómetros. A autonomia nem chega a tanto, o que me parece curto para um SUV a diesel. A média geral assinalada no computador de bordo, para cerca de 7500 quilómetros era de 7,8.

Fica a ideia de um SUV para lavar e durar, cómodo e espaçoso q.b, com uma bagageira vulgar e que não surpreende em matéria de consumos para um diesel. Também a possibilidade de ter um carro com “mais motor”, potência e binário, um 2.2 quase ao preço de um 1600, desde que não se carregue no equipamento. E, dispensar certas coisas, é difícil quando se chega a este patamar… A versão base terá de ser diferente desta que vale o juízo sobre o CX-5. Nem todos precisarão de arranque inteligente, faróis em LED com máximos automáticos, travão de mão elétrico, sensores de luz e chuva, câmara de marcha atrás, ar condicionado automático, bancos elétricos, head-up display, reconhecimento de sinais, navegação, sistema áudio Bose, jantes de 19 polegadas, portão traseiro de comando elétrico, só para dar meia dúzia de exemplos daquilo que ajuda – e muito – à diferença e encarece um automóvel.

FICHA TÉCNICA Mazda CX-5 Excellence Pack Leather Beije Navi

Motor: 2191 cc, turbodiesel, injeção direta, intercooler, start/stop

Potência: 150 cv/4500 rpm

Binário máximo: 380 Nm/1800-2600 rpm

Transmissão: 4×2, caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 9,4 segundos

Velocidade máxima: 204 km/h

Consumos: média – 5,4 l/100; estrada – 4,9; urbano – 6,3

Emissões CO2: 132 g/km

Mala: 477/1620 litros.

Preço: 44 453 euros (versão ensaiada); desde 34 490 euros