As formas evoluídas, primeiro, o espaço, muito espaço depois, um nível de qualidade assinalável e tudo isto envolvendo imagem moderna são os argumentos que acompanham o lançamento do Skoda Scala, anunciado para Maio em Portugal. Os motores serão dois, bem conhecidos, o mais apelativo três cilindros 1.0 TSI, turbo a gasolina, com potências de 95 e 115 cv, e o 1.6 TDI de 115 cv também, para manter a chama do Diesel, este a partir de Junho. Os preços começam nos 21 800 euros.

Já o tinha visto, apenas em exposição, e falei aqui do Scala, quando de sua apresentação estática. E impõe-se dizer que é outra a presença deste Skoda quando o vimos no seu meio ambiente. O carro que substitui o Spaceback e lhe segue as pisadas no estilo ganha outra dimensão na rua e na estrada e a leitura da oferta obriga a vê-lo como produto interessante.

Sobre a plataforma do Polo – levada a dimensões máximas: 2649 m entre eixos! –, a marca checa apresenta um automóvel maior do que o Golf (4,36 m são mais 12 cm!) e que se posiciona muito bem no cotejo com este e os outros produtos da (acesa!) concorrência no segmento a todos os níveis. Desde logo, por deixar para trás (mais) algum cinzentismo associado ao emblema checo do grupo VW, que tem levado grande “volta”. As imagens são sugestivas, a realidade vai além da fotogenia das formas de conceito sem igual, recuperação de compromisso original para um compacto, dois volumes. Pode haver a tentação de o comparar com uma carrinha – e não é! Também de o associar, por via do tejadilho lemente descendente, à ideia de um pequeno coupé de quatro portas, que está longe de ser não obstante a silhueta desportiva. Diferente, isso sim: dianteira inconfundível quanto à origem, longo habitáculo, elegante e limpo, traseira bem elaborada, em Portugal valorizada pelo portão que prolonga o vidro. Um carro capaz de dispensar muitas críticas.

Proposta interessante pela diferença das formas, clara evolução na qualidade, menos cinzentismo e uma oferta em espaço difícil de igualar no segmento. Muito interessante a resposta do três cilindros 1.0 Turbo de 115 cv a gasolina

Se pode haver atrevimento no estilo – que até serve, pela em primeira vez na Europa, para a vaidade de estampar o lettering da marca em caixa alta no portão traseiro – a jovialidade transposta de forma simples para o interior empresta ambiente bem agradável ao Scala. Essa sensação é tanto mais marcante quanto é o plástico que impera; tecido só algum no forro das portas, além dos bancos, que podem ter bandas de microfibra. A imitação de fibra de carbono que reveste a face do tablier, alguns acabamentos em piano black e pormenores a sugerir frisos de alumínio amenizam esse peso. E peso porque só a parte superior do tablier é levemente almofadada! Ainda assim, a ideia de qualidade prevalece, também porque a montagem parece exemplar. Indiscutivelmente bem feito. E a fazer honras à forte imagem do Grupo VW.

Digitalização sempre mais presente

O salto qualitativo reflete-se igualmente na instrumentação e no que ela arrasta no campo da digitalização, cada vez mais presente e importante no automóvel. O Scala recorre a outra derivação do cockpit virtual – no caso com cinco cenários à escolha – e utiliza um grande ecrã tátil, com três propostas de infoentretenimento a cobrir uma vasto leque de facilidades – as dimensões: 92”, 8” ou 6,2”, dependem da escolha. É designadamente o primeiro Skoda a estar sempre on-line, para o que naturalmente existe um cartão eSim de alta velocidade.

Tudo isto ganha relevo quando se acede ao banco traseiro e se depara com uma oferta marcante em termos de espaço, pelo menos para duas pessoas, as quais experimentarão desafogo invulgar para as pernas. Único senão, o lugar do meio, penalizado pela altura do túnel central e pela intrusão da consola e ainda pela dureza do recosto, dado o aproveitamento para apoio de braços central. Nada que surpreenda.

À frente, o suficiente para uma viagem confortável. A consola comporta um pequeno apoio de braços e uma caixa a condizer. Aliás, neste aspecto, referência para o facto de serem reduzidos os espaços para os pequenos objetos. O porta-luvas é razoável.

Bagageira no topo da oferta

Quanto à mala, bastará dizer que é referencial: 467 litros que podem chegar aos 1410 rebatendo os bancos (60×40). Há um fundo falso, cuja tampa alinha com o plano de carga a altura que não causa dificuldades para carregar objetos mais pesados.

São dois aspetos habituais nos carros da marca checa, que atribui grande importância à habitabilidade e à capacidade de carga. Com eles há sempre também alguma novidade na filosofia do Simply Clever. Desta feita, a graça é a tampa do reservatório da água para o limpa para brisas uma vez aberta funcionar como funil para facilitar o enchimento. Ninguém se tinha lembrado… e dá jeito.

Em termos de tecnologia a oferta só pode merecer reparo pela ausência de um travão de mão elétrico, pelo menos em opção. Exagero meu, talvez, mas o resto lá está: travagem de emergência com reconhecimento de peões e lane assist de série e depois, consoante a versão ou o pacote escolhido, side assist, detetor de ângulo morto, aviso de trânsito à retaguarda, estacionamento assistido, cruise control ativo, full led e máximos automáticos, piscas dinâmicos, o costume ao nível da oferta do segmento.

E ao volante? Pois bem, tive ocasião de guiar a versão mais potente a gasolina e o Diesel, este também na versão com a caixa DSG de sete velocidades. A imagem que sobra é a de um automóvel bem comportado e razoavelmente confortável mesmo na versão com a suspensão desportiva, mais baixo 15 mm e com as opções habituais: Eco, Normal, Sport e Individual.

Três cilindros interessante

A capacidade do Diesel é sobejamente conhecida, mas o agora tão apetecível motor a gasolina continua a impressionar, sobretudo nos consumos face à concorrência e no comportamento a baixa rotação. O silêncio de marcha é também assinalável – até por comparação a outros produtos do grupo – e as vibrações passam ao lado…

Em termos de consumos, com um e outro, bem sei que sem exageros, muitos radares e limitações consideráveis, três pessoas a bordo, o Diesel assinalou 4,8 litros aos 100 no computador de bordo, com ambas as transmissões; o três cilindros ficou-se pelos 5,2. Números interessantes e prometedores.

Em Portugal, o Scala será proposto em duas versões, Ambition e Style. A versão base oferece desde logo ar condicionado automático, cruise-control, Smartlink e jantes de 16 polegadas. A versão mais equipada acrescenta câmara traseira, Care Connect com um ano de dados gratuito, jantes de 17 polegadas, luzes assistidas, piscas dinâmicos, navegação Amudsen e cockpit virtual.

Os preços arrancam nos 21 800 euros para o 1.0 TFSI Ambition e ainda não há valores para o Diesel. Todos beneficiam de quatro anos de serviço gratuito limitado aos 80 mil quilómetros. A garantia é de dois anos.

Balanço geral? Proposta interessante pela diferença das formas, clara evolução na qualidade, menos cinzentismo e uma oferta em espaço difícil de igualar no segmento. Muito interessante a resposta do três cilindros 1.0 Turbo de 115 cv a gasolina.

As coisas de que eles se lembram…

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FICHAS TÉCNICAS

Skoda Scala 1.0 TSI 115 cv*

Motor: 999 cc, três cilindros, turbo, gasolina, injeção direta de alta pressão, start/stop

Potência: 115 cv

Binário máximo: 200 Nm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades ou DSG de sete velocidades

Aceleração 0-100: 9,8 s

Velocidade máxima: 201 km/h

Consumo médio: 5 litros/100

Emissões de CO2: 113 g/km

Mala: 467/1401 litros

Preço: a anunciar; comercialização em Maio

*Ainda não existem dados para a versão de 95 cv nem para as prestações com caixa DSG

Skoda Scala 1.6 TDI

Motor: 1598 cc, turbodiesel, injeção commom-rail, start/stop

Potência: 115 cv

Binário máximo: 250 Nm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades ou DSG de sete velocidades

Aceleração 0-100: 10,1 s (10,3 s)*

Velocidade máxima: 201 km/h (200 km/h)*

Consumo médio:  4,2 litros/100 (4.1)*

Emissões de CO2: 108 g/km

Mala: 467/1401 litros

Preço: a anunciar; comercialização em Junho

*Valores com caixa DSG