Um excelente SUV era frase bastante para o retrato do BMW X2 xDrive 20D. Mas há muito para dizer sobre um automóvel que conquista e seria mesmo uma tentação fora outro o preço. Eu sei que são 2.0 litros, 190 cv, diesel, tração integral e caixa automática, mas 70 000 euros, mesmo para uma versão M, logo muito equipada, é valor mais para sonhar do que comprar, ainda que o modelo base custe 54 840 euros. É ver e aguardar outras motorizações e os 4×2…
O BMW X2, desenvolvido sobre a plataforma do X1, mais pequeno e mais baixo parece-me do melhor que o design da BMW nos tem oferecido em tempos recentes. Gostos são o que são, mas vejo neste SUV composto, elegante e desportivo um modelo de equilíbrio até nas proporções. Tudo “saiu” bem, inclusive a “viagem” ao passado com o emblema da marca incrustado a meio do pilar C. Conseguido; afigura-se difícil não gostar!
Belo automóvel no duplo sentido, estético e dinâmico; razoável na habitabilidade, na modularidade e capacidade de carga; pouco brilhante nos consumos e, sobretudo, muito, muito caro quando vestido a rigor! Mas essa é questão que a BMW atenuará com próximas versões
Por dentro, idem, mesmo que seja simples reprodução do X1. A frieza da escola alemã e a forma especial de a BMW interpretar a modernidade é desconcertante. Sóbrio e vanguardista a um tempo, banho de qualidade no acabamento e na construção. Que combina bons e vários plásticos, almofadados – e a estes nem falta cuidada imitação do pesponto próprio da pele –, piano black e negro baço onde faz sentido, mais alumínio e tecido, mescla de bom gosto “vestida” com elegância. Os bancos, em tecido e alcantara, são o complemento perfeito, primeiro na imagem e depois no excelente suporte, valorizado pela regulação elétrica dos apoios laterais.
A posição de condução, mais baixa do que é habitual, agrada, mas convém subir um pouco o banco para ter visibilidade sobre o capô. Visibilidade que é medíocre para a retaguarda, dada a exiguidade do óculo traseiro. Os retrovisores exteriores também são pouco generosos.
O painel de instrumentos respeita a tradição e tem aspeto e grafismo desportivo. A meio do tablier, e sobre controlo do rádio e da climatização, o tablet flutuante tátil com seis escolhas no menu: Media/Rádio; Comunicações; Navegação; Connected Drive; O meu Veículo; Notificações. Como de costume, e ainda bem, o iDrive e logo o comando de tudo isto no botão rotativo na consola, com cinco interruptores, que permitem remeter diretamente para os campos disponíveis. Na consola, ainda, o corte do ESP, travão de mão elétrico, controlo de descida, comando dos quatro modos de condução (Eco, Confort, Sport e Individual). E o ergonómico seletor da caixa automática de oito velocidades, a qual nos abre a porta para outro mundo…
Condução a nível elevado
… A máquina é outro mimo. O quatro cilindros 20D de 190 cv, sem surpresa, “entra” aqui muito bem e com a ajuda da tração integral automática xDrive e, no caso, ainda com suspensão M, leva a condução para níveis elevados. E o mais surpreendente é que um carro de suspensão seca e firme, o que não deixa de penalizar o conforto, sobretudo atrás (jantes de 20 polegadas também não ajudam), revela inusitada suavidade na prática da eficácia, onde outros ao mesmo nível, para serem tão mordazes e incisivos respondem de forma mais brutal. Brilhante!
Tanto mais que a carroçaria resiste muito bem ao balanceamento das mais exigentes transferências de massas e o ESP, sempre mais tardio nestes BMW, apenas “desperta” quando a provocação é grande. E põe ordem nas coisas, depressa e bem.
A agilidade é notável, nos encadeados estreitos, situação em que além da suspensão brilha a caixa de velocidades, quer em modo automático como utilizando as patilhas no volante e o modo Sport, o qual, como habitualmente, melhora algumas respostas. Nas curvas rápidas e longas, o apoio está ao nível do que se espera de um BMW. Aqui, em vez de depressinha, pode ser mesmo depressa… com confiança e segurança.
O motor, por vezes, deixa a sensação, de nem ser especialmente rápido a subir de rotação, de estarmos a pedir de mais, mas a verdade é que os 400 Nm do binário estão lá e o andamento pode ser sempre muito rápido, novamente com ajuda da muito eficiente caixa de oito velocidades .
Quanto a consumos, nada de brilhante, para os padrões diesel: consegui entre os 6,8 (autoestrada e quatro a bordo) e os 7,2 de média geral. De todo o modo, nada que, com certeza, preocupe quem pode pagar os 70 000 euros…
Proposta razoável na habitabilidade
O espaço, e não faço comparações com o X1, é o suficiente à frente e razoável atrás. Aqui, o acesso revela-se fácil e a altura dos bancos contribui para encontrar espaço para os pés. O que não ajuda é o tunel, naturalmente alto e a penalizar o quinto passageiro, solução, para mim, mais de recurso – e já é normal!
A bagageira (470 litros) não espanta, mas é razoável, sobretudo porque há muito espaço sob a tampa do fundo: os pneus são runfltat, logo nem kit antifuro. O rebatimento dos bancos é tripartido e faz-se através de alças na base do recosto. Modularidade habitual permite gerir a capacidade de carga que chega aos 1355 litros. Plano de carga está alto e desnivelado. Fecho elétrico do portão é obrigação cumprida… entre os extras deste pacote.
Em termos de equipamento, o carro que guiei carregava 12 524 euros de extras! O grosso da fatia paga o pacote M, 5444 euros (muito mais do que a suspensão), outros 2439 iam para a navegação Plus, mais 1065 para o tejadilho panorânico, o resta fica para minudências como o spoiler traseiro M (186 euros), barras no tejadilho (252), transmissão Steptronic (126), apoio para bancos dianteiros (195), sensores e estacionamento (300), conectividade, Bluetooth e carregamento wireless (346), informação de trânsito em tempo real (134). Com tanta coisa, a câmara de estacionamento, que até faz falta, fica de fora… É claro que não faltam é o volante multifunções, de boa pega dimensões ajustadas, nem o ar condicionado automático, no caso também o head-up dissplay. E, claro, assim é tudo muito diferente. Para quem pode!
Em suma: um belo automóvel no duplo sentido, estético e dinâmico; razoável na habitabilidade, na modularidade e capacidade de carga; pouco brilhante nos consumos e, sobretudo, muito, muito caro quando vestido a rigor! Mas essa é uma questão que a BMW atenuará com as próximas versões. É esperar para ver… Só o 18D sDrive tem preços a partir de 41 050 euros, valor que faz toda a diferença!
FICHA TÉCNICA
BMW X2 xDrive 20D
Motor: 1995 cc, turbodiesel, injeção direta, intercooler, start/stop
Potência: 190 cv/4000 rpm
Binário máximo: 400 Nm/1750-2500 rpm
Transmissão: tração integral; caixa automática Steptronic de oito velocidades
Aceleração 0-100: 7,7 segundos
Velocidade máxima: 221 km/h
Consumos: variam de acordo com o equipamento
Emissões CO2: variam de acordo com o equipamento
Bagageira: 470/1355 litros
Preço: versão ensaiada – 70 245 euros; versão base – 54 840 euros. Motorização 1.8 sDrive, desde 41 050 euros