Uma conseguida expressão de luxo. Esta é a forma mais simples que encontro para caraterizar o Lexus UX 250h, o SUV, híbrido pois claro, que passa a ser entrada de gama na marca pérola do Grupo Toyota. Tem tudo quanto há de melhor no conceito do automóvel nipónico. E mesmo quem possa ser insensível à imagem terá dificuldades em não reconhecer a qualidade do produto – um premium que não precisa de anunciar aquilo que é! Paga-se, naturalmente, pelo mínimo de 42 500 euros.

Demasiado encomiástico? Para não fazer de tudo um exemplo posso desde já apontar-lhe um defeito. A vantagem de ser um evoluído híbrido reduz-lhe a capacidade da bagageira à mediocridade – 320 litros – e o espaço atrás nao vai além da vulgaridade. A colocação da bateria de hidretos metálicos de níquel e do sistema de arrefecimento na traseira tem esse custo, mas também a virtude de baixar o centro de gravidade.

Pois, não há bela sem senão… É pena, de facto, mesmo que a marca anuncie um crossover urbano, poucos comprarão automóvel assim para o reservarem às voltinhas do quotidiano. Além do mais, este UX vale muito mais do que isso por aquilo que demonstra em capacidade dinâmica, agilidade, desembaraço prestacional – sem ter aptidões desportivas –e, já se sabe, nos consumos. Ora estes, mesmo que sejam mais impressivos na cidade, não deixam de nos convencer fora dela.

Este UX 250h é um belo espelho da imagem premium da Lexus. Às formas da diferença para um SUV, associa ambiente a condizer, qualidade invejável, muito equipamento, dinâmica a dispensar críticas e as virtudes da mais experimentada tecnologia híbrida, nos consumos e no resto

O percurso que fiz na apresentação, um misto entre o circuito urbano e a autoestrada, mesmo que a viagem não tenha sido longa, prometeu a quem já conhece as virtudes da motorização, mais evoluída do que no Corolla: 5,8 litros aos 100 no computador de bordo é sempre interessante num 2.0 litros híbrido com bateria recarregável automaticamente e 184 cv de potência combinada.

Excelente exercício nas formas e no estilo

Neste apanhado de impressões e sensações importa sublinhar as últimas. O Lexus UX que estreia a nova plataforma global da marca (GC-A) pretende ser a expressão refinada de quanto há de melhor no design japonês.

Acredito que haja quem não goste, mas é, para mim, um excelente exercício sobre as formas e o estilo, valorizado ainda pelas questões funcionais que se descobrem num ambiente que define o produto superior, ainda que só surpreenda quem não estiver a par da realidade Lexus.

A expressão de identidade da grelha dominadora é enquadrada por um impressivo conjunto de peças muito esculpidas que resultam num SUV musculado e poderoso ao ponto de parecer obra de culturismo. As proporções são tão equilibradas que nem parece ter 4,5 metros de comprimento (2,64 entre eixos), por 1,84 de largura e 1,54 de altura.

Os pormenores são variados, mas entre aqueles que pontificam sobram, além da agressividade da frente, as assinaturas luminosas, as setas das luzes diurnas e o remate da faixa traseira a toda a largura que integra 120 LED, umas e outra com invulgar força dinâmica. Bem feito, mesmo que possa ser muito modernismo para os mais conservadores.

No interior, temos um banho de qualidade – potenciado ao domínio da exclusividade se o acabamento for a versão Sport que me tocou em sorte, com duas bacqets que até merecem elogio das gentes das artes.

Entre o requinte e o menos prático

Os japoneses encontram resposta explicativa nas suas tradições, muito respeitáveis claro, mas nem é preciso chegar a esse domínio para reconhecer a qualidade do design e do acabamento sobre materiais de primeira escolha, trabalhados com rigor artesanal. O requinte salta à vista e ajuda a viver melhor um trabalho considerável do ponto de vista da ergonomia, para mim, no entanto, mais vistoso do que prático, penalizado pela dispersão de comandos em cerca de 50 botões e teclas. Parece-me de mais, mesmo não sendo defensor do exagero do táctil e da sua concentração nos ecrãs centrais. Do que também não gosto particularmente é do ”rato” na consola que permite navegar pelo ecrã. O hábito ajudará com certeza…

O que ajuda sempre é uma boa posição de condução e o facto de estar orientado para o condutor tudo aquilo de que ele precisa do ponto de vista da instrumentação, dominada pelo digital como já se tornou comum na marca. Em frente ao condutor há um painel TFT de efeito tridimensional.

Ao volante, numa posição mais baixa do que e habitual nos SUV, este Lexus UX revela-se um SUV confortável e agradável de guiar. A minha experiência foi numa versão F Sport, o que implica suspensão variável adaptativa (650 ajustes) e a possibilidade de pela escolha dos cinco modos de condução (Normal, ECO, Sport S, Sport S+ e Personalizado) ter um automóvel mais incisivo no comportamento em curva, resposta mais rápida ao acelerador e direção mais direta, como e habitual. Obviamente, as “coisas” mudam com a escolha, o UX tem outra vida no moto Sport S+, até ao nível do ruído, que pode ser trabalhado, e da “música” caixa e-CVT que permite, através das patilhas no volante, simular a utilização das relações convencionais. Não impressiona, porém.

O sistema híbrido do UX combina o novo 2.0 a gasolina com dois motores elétricos montados coaxialmente em vez de em linha, é mais leve e reduz as perdas de atrito em 25%. A força de travagem do motor faz-se automaticamente como através de uma caixa de seis velocidades, ou via selector ou patilhas, se elas existirem. O motor a gasolina passou a desligar aos 115 km/h quando em descida.

A gama inclui uma versão de tração às quatro rodas – E-Four – que usa um gerador específico no eixo traseiro. O sistema está preparado para ajudar corrigir situações de sobre ou subviragem.

Do ponto de vista das ajudas eletrónicas, a oferta contempla praticamente tudo e está dependente dos sete níveis de equipamento. Excluindo, nalguns casos, a versão base, todos contam com três modos de condução (ECO, Normal, Sport), volante multifunções, cruise-control adaptativo, sistema pré-colisão, faróis de nevoeiro, luzes diurnas em LED, sistemas de alerta e manutenção em faixa, reconhecimento de sinais, smart entry, travão de mão elétrico, ar condicionado bizona e jantes de 17 polegadas.

Em poucas palavras, este UX 250h é um belo espelho da imagem premium da Lexus. Às formas da diferença para um SUV, associa ambiente a condizer, qualidade invejável, muito equipamento, dinâmica a dispensar críticas e as virtudes da mais experimentada tecnologia híbrida, nos consumos e no resto.

A concorrência é de peso: Audi Q3, BMW X2, Mercedes GLA e Volvo XC40.

UX 250h visto e mostrado pelas imagens da Lexus

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FICHA TÉCNICA

Lexus UX 250h

Motor: 1987 cc, gasolina, injeção direta e indireta

Potência: 152 cv/6000 rpm

Binário máximo: 190 Nm/4400-5200 rpm

Transmissão: caixa e-CVT, relação única

Motor elétrico: síncrono de íman permanente

Bateria: hidretos metálicos de níquel/ 216V

Potência: 109 cv

Binário máximo: 202 Nm

Potência combinada: 184 cv

Aceleração 0-100: 8,5 s

Velocidade máxima: 177 km/h

Consumo WLTP: a partir de 5,3 litros/100

Emissões WLTP: a partir de 120 g/km

Bagageira: 320 litros

Preço: desde 42 500 euros