Impressionante o Alfa Stelvio Quadrifoglio. Só podia, claro, com o 2.9 V6 biturbo de origem Ferrari a debitar 510 cv, 600 Nm de binário e quatro rodas motrizes. Também pelo estilo, as formas da força tratadas com a subtileza italiana. Ainda pela envolvência do ambiente desportivo a bordo. Enfim, pela dose de adrenalina que serve a quem se senta ao volante. Um super SUV que não é para todos – pelo preço, 132 mil euros, mas também porque pode requerer um kit de unhas…

A imagem deste Stelvio Quadrifoglio foi apurada – preto brilhante no trilobo frontal e novos grupo óticos traseiros em LED com lente escura – mas aquilo que mais me continua a impressionar é o equilíbrio das proporções que até faz parecer mais pequeno o “bisonte” de 4,70metros e quase duas toneladas assente em espetaculares jantes de 20 polegadas, que deixam ver as pinças vermelhas dos travões Brembo. A pureza das formas, fluidas e naturais recebem com naturalidade os toques de agressividade das grelhas no capô em concha e na traseira as quatro saídas de escape (podem ser Akrapovic!) que fazem a diferença num conjunto que combina elegância e força.

Chega de elogios, ou melhor passemo-los para o interior, igualmente retocado nos pormenores que dão tratamento refinado a um ambiente desportivo de design muito conseguido e valorizado pelos acabamentos em pele, pespontada, obviamente, frisos em fibra de carbono, dois bancos desportivos dignos do nome, um novo volante que literalmente nos cai nas mãos, inclui o botão de arranque e tem atrás, agarradas à coluna, as duas impressionantes e práticas patilhas da caixa automática de oito velocidades. O seletor manual, em pele, também é outro e domina a consola redesenhada, muito técnica, “bem arrumada” e com mais espaço. Um regalo para a vista, um prazer para os sentidos.

Este Alfa Stelvio Quadrifoglio é um verdadeiro super SUV desportivo. Motor e prestações de alto nível, dinâmica impressiva, toda a tecnologia e um estilo, interior incluído, que ajuda a fazer dele um automóvel de paixão. Pior mesmo é o preço, 132 000€ facilmente inflacionáveis com a dose de equipamento que lhe assenta bem

Houve alterações no computador de bordo e sobretudo no software do ecrã central,  um desfile infindável de menus para medir tudo e mais alguma coisa – desde a temperatura dos principais componentes mecânicos até ao débito de binário, à pressão do turbocompressor e à potência utilizada em tempo real, além de cronómetros digitais para medir as prestações de aceleração e de velocidade máxima. A apresentação no ecrã de 8,8 polegadas é tripartida, o que até facilita as coisas, se bem que gerir tudo aquilo é trabalhoso!

Espaço e conforto de um grande SUV

Em termos de habitabilidade, nada a dizer à frente, a largura do Stelvio ajuda, não há conflito de cotovelos, e atrás o espaço digno de um grande SUV, para as pernas (os bancos da frente são altos e dá quase para esticar as pernas…) e para não ser necessário aos mais altos viajarem de cabeça encolhida nos ombros. Cabem cinco, mas já se sabe, quatro e o apoio de braços em baixo é a imagem do conforto.

A bagageira  é digna e um SUV, a versatilidade idem. São 525 litros de capacidade, um fundo falso dividido em compartimentos que ainda permite algum aproveitamento. A altura do plano de carga é minimizada pelo facto de a moldura do portão alinhar com o fundo, o qual só é pena não ser plano com os bancos traseiros rebatidos (60×40). Mas este, afinal, não é bem um qualquer SUV familiar…

… Passemos então à ação, muito bem sentados ao volante, cinto de segurança vermelho (é extra ) e com todas as regulações para o facilitarem complementando uma ergonomia sem mácula.

Convite irrecusável para a emoção

A música do escape Dual Mode, mesmo na posição Normal do habitual sistema de modos de condução ADN, aqui ainda complementado pela função Race, é um convite irrecusável a experimentar as sensações de um automóvel que acelera de 0 a 100 em 3,8 segundos e chega aos 283 km/h. A capacidade permitida pelos 600 Nm de binário máximo tem de impressionar, e quando se pisa forte as costas como que colam ao banco.

A condução torna-se mesmo um desassossego nas zonas mais sinuosas. É preciso aprender que, apesar de tração integral e da direção super direta, 510 cv são potência de respeito. Não surpreende assim que a entrada em curva tenha de ser doseada com precisão para a frente não alargar em excesso, apesar da aderência dos Pirelli P Zero que fazem a ligação ao solo… Lição decorada, é vibrar com o “disparo” possível na saída de curva daquele bisonte de quase duas toneladas, massa considerável, principalmente quando há que travar forte e comprovar toda a capacidade dos Brembo. À pressão no acelerador este Stevio quase salta a caminho da curva seguinte sem dificuldades de tração.

Em modo Race, sem ajudas eletrónicas, direção, suspensão e caixa adaptadas para outro tipo de resposta, atenção que as coisas entram no domínio da pilotagem. O Stelvio é um SUV, centro de gravidade alto e não pode haver distração nem momento de descanso… Somos até convidados a usar o modo manual de caixa de oito velocidades e impressiona a capacidade e resposta nas trocas – 150 milisegundos! – que podem ser muitas dadas as oito relações disponíveis… Uma “trabalheira”.

Automóvel que não se esquece

Percebe-se a razão de serem tantos os prémios internacionais que este Stelvio tem recebido. O trabalho realizado pela Alfa Romeo está à altura da melhor tradição de uma marca que continua o esforço de melhoramento em termos de fiabilidade e padrões de qualidade, mesmo que ainda haja alguns pormenores em que fica a perder para o rigor dos alemães. Mas, para quem compra um Alfa com o trevo de quatro folhas, prevalece o coração! E este é um daqueles automóveis que não se esquece.

E registe-se que, não obstante esta vertente desportiva o Selvio Quadrifoglio até pode nem dispensar a condução autónoma de nível 2, naquela panóplia de ajudas eletrónicas que tem de figurar na receita de um automóvel assim, como a assistência ao engarrafamento em autoestrada, o qual mantém o Alfa no meio da faixa enquanto o cruise control adaptativo ajusta a velocidade em função dos limites do momento. Extras, está bem de ver.

Consumos para “enganar” amigos e um Alfa à medida

Então e consumos? Bem, isso é preocupação sem sentido pois os números podem ser “pornográficos”. Mas, importa dizê-lo, o Stelvio Quadrifoglio é capaz de fazer 10,1 litros aos 100 na autoestrada a 120 km/h – parece o mesmo que estar parado! –, e no suburbano, respeitando os limites das vias rápidas andará pelos 13,3. Mas se quer um número para não assustar os amigos, avance com uma média de 15 l/100… dando desconto!

Quando se combina tanta maravilha, é evidente que não há milagres: 132 500 euros é o preço antes de dotar o Stelvio daquilo que o deixa à sua medida. No caso da versão ensaiada, os opcionais valiam 11 350 euros… e daí 145 918€! O preço de uma paixão cara! E como se pode gastar tanto, pois bem, tome nota: pintura vermelho Competizione, 2 800€; vidros escurecidos, 400€; Pack Driver Assistance Plus Quadrifoglio (condução autónoma nível 2, deteção de ângulo morto, reconhecimento de sinais, cruise control adaptativo com travagem automática),2 000€; aquecimento dos bancos traseiros, 400€; pinças Brembo em vermelho, 300€, jantes em liga leve pétala de 20”, 550€; volante com inserções em carbono, 500€; pesponto interior, 500€; portão com abertura inteligente, 500€; bancos dianteiros aquecidos, com regulação elétrica do apoio lateral, banco elétrico e com memória para o condutor, volante aquecido, 1 500€; sistema áudio Harman Kardon (14 altifalantes e luz ambiente), 1400€; carregador wireless, 200€; cintos de segurança vermelhos, 350€. E há mais…

Todos contam com o sistema de modos de condução DNA, suspensão ativa, sistema de travagem sobredimensionado e travagem de emergência, travão de parque elétrico, faróis bi-xenon com máximos automáticos, sistema multimédia compatível com Apple Car Play e Android Auto e navegação em ecrã de 8,8”, sensores de chuva, luz e estacionamento, câmara traseira, aviso de colisão frontal, aviso de saída de faixa, ar condicionado bizona, rádio DAB, pedaleira e inserções em alumínio, jantes em liga leve de 20”.

Este Alfa Stelvio Quadrifoglio é um verdadeiro super SUV desportivo. Motor e prestações de alto nível, dinâmica impressiva, toda a tecnologia e um estilo, interior incluído, que ajuda a fazer dele um automóvel de paixão. Pior mesmo é o preço, 132 000€ facilmente inflacionáveis com a dose de equipamento que lhe assenta bem.

A garantia é de quatro anos sem limite de quilómetros.

FICHA TÉCNICA

Alfa Romeo Stelvio Quadrifoglio*

Motor: 2891 cc, V6 cilindros, biturbo, injeção direta, gasolina

Potência: 510 cv/6500 rpm

Binário máximo: 600 Nm –2 500/5000 rpm.

Transmissão: integral Q4, caixa automática de 8 velocidades (conversor de binário), com patilhas no volante

Aceleração 0-100: 3,8 segundos

Velocidade máxima: 283 km/h

Consumo: misto – 11,5 litros/100 km

Emissões CO2: 261 g/km

Dimensões: (C/L/A) – 4702/1955/1681 mm

Peso: 1830 kg

Bagageira: 525 litros

Preço: versão ensaiada, 145 718€; versão base, 132 500

*Candidato a Carro do Ano e a melhor na categoria Desportivo/Lazer