É mais impressivo ao olhar do que fotogénico, tem caráter e forte presença, modernidade e inovação, espaço razoável e o conforto habitual, elétrico e térmico a gasolina ou diesel, obviamente também privilegiando a caixa automática está aí o novo Citroën C4. É uma berlina, mas tem notas de SUV coupé para respeitar a moda. Só podia ter o emblema do duplo Chevron, até por respeitar a tradição.

Olha-se e tem força. Mais alto do que uma berlina convencional (4,36 metros de comprimento, 2 m de largura, 1,52 m de altura) assenta bem nas jantes de 18 polegadas que lhe dão o peso compatível com o compacto de ar robusto, mais até do que foi hábito na marca: agressivo à frente, musculado e elegante no perfil ao estilo do coupé de quatro portas, marcante na traseira cheia de força. Bom trabalho este a que a bordadura plástica – que integra os airbumps – empresta o toque do veículo habilitado a uma utilização virada para as atividades de lazer. Não é um SUV, atenção, mas permite algumas tentações e a distância ao solo reforça a ideia. Compromisso interessante em estilo vistoso. Mas, já se sabe, gostos não se discutem.

No interior, o cuidado de variar e relacionar o melhor possível os plásticos, com destaque para o material com acabamento decorativo que domina a face do tablier. A nota de novidade, afinal o retomar de um hábito antigo de apresentar sempre algo novo, a gaveta que permite ao «pendura» instalar um tablet que nunca distrairá o condutor, incapacitado de ver a imagem. Por baixo, continua o porta luvas.

A consola, alta e larga, tem espaço suficiente, incluindo a prateleira para o telemóvel (há carregador por indução) e uma caixa sob o apoio de braços de altura e dimensão certas. Os espaços de arrumação no habitáculo oferecem 39 litros de capacidade, o que é sempre de registar. Inclui os botões do travão de parque elétrico e dos modos de condução. No elétrico, o seletor de marcha é a cada vez mais comum palheta ao estilo de interruptor, solução replicada na caixa automática de oito velocidades, complementada com as patilhas atrás do volante.

Bom trabalho dos técnicos da Citroën no novo C4, uma berlina diferente e apelativa, que coloca o conforto associado à marca em plano elevado e surge com interessante nível de equipamento e todas as motorizações, com destaque para o 100% elétrico, o qual não deixará indiferente quem o experimentar

A propósito, o volante (aquecido como o para-brisas) apresenta o costumado ar de família e a posição de condução “encontra-se” facilmente. Os bancos Advanced Confort, com mais apoio lateral, dão uma ajuda pela indiscutível comodidade que representam, através de uma receção muito agradável e do bom doseamento das diferentes espumas.

Ambiente moderno e espaço razoável

É claro que o nível de acabamento difere na oferta, mas não falta o digital, sempre diferente no painel de instrumentos com grafismo típico e sem moldura e complementado no ecrã central tátil, sobrecomprido (10 polegadas) bem posicionado, utilização razoavelmente intuitiva. O ar condicionado tem comandos mistos, com botões físicos sob o ecrã e informação neste, aquilo que menos me agrada. Não falta também o head-up display a cores com a projeção em lâmina plástica retrátil.

O espaço está dentro dos parâmetros habituais na frente. A inclinação do tejadilho penaliza sempre o acesso aos bancos traseiros e, neste caso, também não deixa muito espaço para a cabeça dos mais altos; já o espaço para as pernas está em bom plano e a marca reivindica mesmo um Best in Class. Seja, mas conforto é para dois, ainda que o baixo o túnel central não prejudique a exemplo da consola pouco intrusiva.

Quanto à bagageira, 380 litros, capacidade razoável, valorizada pelo fundo falso com duas posições. No elétrico a opção é diferente, de modo a acomodar os cabos de carregamento. O banco traseiro tem uma abertura central para transportar objetos mais compridos.

Do ponto de vista tecnológico, a Citroën propõe um verdadeiro desfile de ajudas: nada menos de 20! Ou seja, praticamente tudo quanto hoje está disponível, desde a travagem automática, com reconhecimento de peões, à vigilância do ângulo morto, alerta de transposição de faixa de rodagem, condução semiautónoma de nível 2, leitura de sinais, cruise-control adaptativo com stop&go, comutação automática de luzes, câmara de marcha atrás, visão de 360 graus, ajuda ao estacionamento. Haja dinheiro…

Prazer do elétrico “arrefece” o térmico

E a condução?

Começando pelo elétrico, importa dizer que é difícil não reconhecer o equilíbrio do ë-C4. O silêncio de marcha, associado ao conforto tradicional da Citroën é o casamento feliz. Muito agradável de conduzir, ágil e ligeiro quanto baste para os 136 cv de potência e 260 Nm de binário, não impressiona na aceleração mas tem o bastante para ultrapassar com facilidade. O modo Sport, já se sabe, não compensa, do meu ponto de vista, o “desbaste” na bateria de iões de lítio com 50 kwh (400  V), anunciada como capaz de uma autonomia de 350 km/h.

As prestações estão de acordo com o nível da oferta: 9,7 segundos na aceleração 0-100 e 150 km/h em velocidade de ponta.

Num percurso maioritariamente de autoestrada e percorrido aos 120 km/h regulamentares o consumo ficou-se pela média de 23 kw/100 km. Um vê se te avias… na carga da bateria, reduzida a 68% da capacidade em pouco tempo.

Os tempos de carga são de 24 horas numa tomada doméstica normal e 15 horas numa tomada reforçada. Com wallbox de 32 A entre cinco horas (sistema trifásico com carregador opcional de 11 Kw) e sete horas e meia (sistema monofásico). Num posto rápido (100 kW), os 80% da carga conseguem-se em meia hora.

A versão térmica que conduzi foi um PureTech 1.2 de 130 cv com a caixa automática de oito velocidades. É uma combinação conhecida. Bem insonorizada e cómoda, propõe-nos um automóvel despacho, mas não exatamente de temperamento a corresponder à imagem desportiva da carroçaria – a sua feição é de estradista ágil e desembaraçado. Mais leve, centro de gravidade mais alto, quando convidado a pisar o risco em estradas mais exigentes, “chama” o ESP a intervir com frequência. A gestão da caixa automática continua a agradar e as patilhas, mesmo que a rapidez não seja referencial, permitem outra envolvência na condução.

Equipamento e preços

Em termos de equipamento, matéria em que os portugueses são pouco adeptos das versões base, tomemos por exemplo o segundo nível, Feel Pack, para registar que não faltam faróis de nevoeiro, travão de parque elétrico, LED Vision com assistência de máximos, banco do condutor com regulação do apoio lombar, ar condicionado automático bizona, gaveta no tablier e suporte para tablet, retrovisores exteriores rebatíveis com desembaciamento, volante em pele, sistema áudio MP3 e rádio DAB com seis altifalantes, tomada USB para os lugares traseiros e jantes de 18 polegadas.

Bom trabalho dos técnicos da Citroën no novo C4, uma berlina diferente e apelativa, que coloca o conforto associado à marca em plano elevado e surge com interessante nível de equipamento e todas as motorizações, com destaque para o 100% elétrico, o qual não deixará indiferente quem o experimentar.

O novo modelo é proposto em quatro níveis de equipamento: Feel, Feel Pack, Shine e Shine Pack. À versão 100% elétrica (37 607€) juntam-se seis opções térmicas: a gasolina – 1.2 PureTech 100 cv (23 60€), as versões de 130 cv com caixa manual de seis velocidades (24 908€) ou automática (28 108€) e ainda a motorização de 155 cv só com caixa automática (33 107€); a diesel – 1.5 BlueHDI, 100 cv, caixa manual de seis velocidades (27 707€) ou automática (30 508€).