Primeira abordagem da Citroën aos eletrificados, o C5 Aircross Hybrid vem alargar a oferta dos SUV plug-in, trazendo com ele os valores de conforto reconhecidos à marca e a tecnologia usada no Grupo PSA. Agradável de conduzir, comedido nos consumos, vulgar na autonomia elétrica, tem dinâmica competente mas não nasceu para fazer brilhar os 225 cv. Tem preço a partir dos 40 mil euros.

Os Plug-in são o que se sabe e não vale a pena falar outra vez das suas virtudes e das limitações que a logística do carregamento impõe para rentabilizar a solução. Quem compra sabe ao que vai, principalmente os empresários que podem aproveitar uma série de vantagens fiscais.

Este C5 Aircross Hybrid distingue-se das versões a gasolina e Diesel apenas por molduras azuis nas entradas de ar dianteiras e na proteção lateral mas nem o peso excedentário das baterias dá a ideia de influenciar as coisas. De qualquer modo, comportamento satisfatório em curva, com uma direção de peso bem doseado que dá para reconhecer agilidade a registar. É um automóvel que acama ligeiramente sem adornar em excesso. E, sobretudo, transmitindo sempre uma grande sensação de segurança. A exemplo das versões a combustão, aquilo de que ele gosta especialmente é de mostrar a souplesse do seu pisar.

A eletrificação assenta bem no Citroën C5 Aircross Hybrid que continua a ser referência no conforto mas assume a filosofia de valer mais pela economia e compromisso ambiental do que pelo lado das prestações, apesar dos 225 cv de potência, a garantir o quanto baste em termos de despacho

A receita mecânica junta um quatro cilindros 1.6 a debitar 172 cv com um motor elétrico de 110 cv e 320 Nm de binário instantâneo. Na prática, temos um SUV com 225 cv de potência combinada. As razoáveis prestações, 8,9 segundos de 0 a 100 e 225 km/h não correspondem, porém, a qualquer propensão desportiva. Este é um SUV despachado mas não dado a grandes explosões mesmo quando acionamos o modo Sport (os outros são o Elétrico e o Híbrido), em que a combinação dos motores e a ação da caixa automática de oito velocidades se mostram mais audíveis do que seria desejável.

Em modo elétrico, com aquele silêncio reconfortante, promete-se uma autonomia de 55 km, valor, para mim, muito otimista. Fiquei pelos 37 em andamento normal e acredito que se conseguem 40 quilómetros e talvez um pouco mais ainda à custa da bateria mas, também, de muita calma… A capacidade regenerativa, que pode ser reforçada pela função Break, pareceu-me satisfatória.

Fazendo contas ao consumo, aproveitando o “balanço” do resultado em modo elétrico, consegui uma média de 3,7 litros aos 100 nos primeiros 100 quilómetros. Em modo híbrido, num percurso suburbano, o computador de bordo registou 4,5 L/100 e na autoestrada, com o cruise control nos 120 km/h o consumo subiu para 6,5. No final, 160 quilómetros percorridos, média geral de 5,4 L/100. Honesto mas não de molde a surpreender.

Este C5 Aircross, novo rosto de família da Citroën, é um SUV de formas originais para sugerir compacidade e rigidez numa carroçaria tipo bloco lapidado, com cintura elevada e boa superfície vidrada. Não lhe falta originalidade, apesar da singeleza do design a privilegiar o objeto útil. Um automóvel que se “percebe” e faz sentido. Até pelo remate da traseira, esculpida q.b., impactante pela naturalidade. Bem resolvido e no fundo vistoso pelo equilíbrio das proporções.

No interior, ambiente interessante, com a questão do predomínio do plástico bem resolvida, primeiro pela escolha dos materiais que se alargam ao piano black e alguns vivos cromados, depois pela própria conceção, na qual desponta o tablier horizontalizado e rasgado por uma barra a toda a largura, interrompida apenas pelo espaço do painel de instrumentos e pela incrustação do ecrã tátil de grandes dimensões. A tentação de simplificar nos comandos foi bem doseada, restando o mínimo necessário. De todo o modo, a digitalização, adaptada à informação própria dos PHEV, é total, e recorre à solução do painel de instrumentos intermutável, no caso com cinco cenários à escolha, numa linha futurista, hoje transversal à oferta – a compor a modernidade combinada com um toque de clássico. Simples e simpático ao olhar, numa outra forma de interpretar a necessidade de ser diferente que está de volta à Citroën.

Uma grande consola divide o cockpit e define espaços dos dois lados do grande apoio de braços que oculta uma caixa de dimensões muito razoáveis. Quem viaja à frente tem espaço de sobra para se evitar o conflito de cotovelos.

Atrás, o banco faz-se de três lugares iguais, com a particularidade de todos eles serem reguláveis longitudinalmente e na inclinação das costas, neste caso a partir das alças colocadas entre as costas e o assento; são ainda escamoteáveis. Qualquer das operações é fácil e favorece a modularidade, um sem número de soluções a valorizar o lado prático da utilização do C5 Aircross, para o qual conta uma bagageira de capacidade razoável  460/600 litros (ligeiramente reduzida pela bateria), um pouco penalizada pela altura do plano de carga. Um pequeno fundo falso permite guardar o cabo de carregamento. Há uma pequena chapeleira que funciona em articulação com o movimento do portão. O depósito de combustível foi limitado a 43 litros.

No que respeita aos tempos de carregamento, são prometidas duas horas se tiver uma wallbox e o carregador opcional de 7,4 kW (de origem 3,7 kW). Numa tomada Green’Up a carga máxima atinge-se em quatro horas e numa tomada doméstica deve contar com sete horas.

A gama conta com dois níveis de equipamento, separados por dois mil euros: Feel e Shine

A eletrificação assenta bem no Citroën C5 Aircross Hybrid que continua a ser referência no conforto mas assume a filosofia de valer mais pela economia e compromisso ambiental do que pelo lado das prestações, apesar dos 225 cv de potência, a garantir o quanto baste em termos de despacho.

FICHA TÉCNICA

Citroën C5 Aircross Hybrid

Motor: 1598 cc, gasolina, injeção direta, turbo, intercooler
Potência: 172 cv

Motor elétrico: síncrono permanente
Potência:  80 kW/110 cv
Binário: 320 Nm
Bateria: Iões de lítio – 13,2 kWh
Autonomia elétrica: 55 km
Potência combinada: 225 cv
Transmissão: caixa automática de oito velocidades
Aceleração 0-100 km/h:  8,9s

Velocidade máxima: 225 km/h
Consumo médio (WLTP): 1,4 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP): 32 g/km
Tempos de carregamento: sete horas em tomada doméstica; quatro horas numa tomada Green’up de 14 A; duas horas com WallBox de 32ª e carregador opcional de 7,4 kW
Dimensões: (C/L/A) 4500/1840/1654 mm
Peso: 1825 kg
Bagageira: 460/600 litros
Preço: desde  44.146€