É o oitavo SUV da Toyota e recebe a importante designação Corolla Cross. Do carro mais vendido no mundo do mundo herda a plataforma e só o interior para o identificar com ele. Híbrido, claro, 197cv, honra a família como familiar competente, bem construído e equilibrado no preço. Desde 38 190€. Outro bom Toyota.
Com quatro menos e 86, dimensões que o deixam entre o RAV 4 e C-HR, pode dar ares ao primeiro, mas tem imagem muito própria e não surpreende. Grelha com dupla moldura, faróis rasgados que se ligam à bordadura do capô modelam uma frente pouco ousada. A silhueta, marcada por ligeira curva do tejadilho, dispensa os esculpidos e usa também os familiares guarda-lamas quadralizados a enquadrar jantes de 18 polegadas. A traseira é também ela discreta e sóbria. No fundo a imagem geral do Corolla Cross, mais conservador do que é costume na Toyota.
No interior, foi adotada filosofia semelhante com a herança do estilo do Corolla. A nota de modernidade é dada pela digitalização total dos instrumentos, replicada em painéis de 12,3 polegadas e 10,5 para o ecrã central, literalmente uma moldura assente onde cabia – destoa. É fácil de utilizar, mas podia haver uma solução mais elegante. De qualquer forma, melhorou o software do sistema de infoentrenimento agora atualizável over the air, no que respeita à navegação e informações de trânsito, mas persistem os gráficos pouco interessantes e um grafismo cinzentão.
Era o SUV que faltava na família Toyota, defende a força da designação Corolla à qual soma o Cross, estreia a quinta geração do sistema híbrido e continua a marcar pontos na tecnologia. Nem tudo é perfeito, mas a eficácia, qualidade, desempenho e consumos são de primeira ordem
Os materiais, esses são o costume, marcados pela qualidade – plástico almofadado, frisos de decoração prateados, acabamento irrepreensível. Pele só nos confortáveis bancos que equipam o Luxury, topo de gama, à frente com o apoio suficiente. Mas um nível geral elevado.
Pouca habitabilidade traseira e mala mediana
Em termos de habitabilidade, se o espaço é generoso para condutor e acompanhante, atrás não se revela brilhante para as pernas e vale o facto de poderem passar-se os pés sob os bancos dianteiros para melhorar as coisas. Em termos de altura e facilidade de acesso nada a dizer.
Esperava melhor e não sei se fica a dever-se à colocação da bateria sob o banco traseiro esta arrumação que deixa o Corolla Cross uns furos abaixo do que era de admitir face à concorrência.
Quanto à bagageira, tem a capacidade mediana de 428 litros e é penalizada pela grande caixa que cobre o pneu sobressalente e, talvez, por imposições derivadas do posicionamento da bateria. Sucede em quase todos os híbridos.
Tração dianteira, em termos de motorização o sistema híbrido é a quinta geração, aqui em estreia, que traz mais binário e mais capacidade elétrica, mesmo com uma bateria de iões de lítio 40% mais leve e ainda assim mais potente. Assenta no bloco 2.0 a gasolina de 152 cv, neste caso associado a um motor elétrico de 111 cv, geridos, como habitualmente, por uma caixa de variação continua. A soma dos propulsores vale a potência combinada de 197cv. É filosofia da Toyota não inflacionar as capacidades dos seus híbridos, com vista a passar imagem desportiva – isso á para a Gazoo. De qualquer forma, a aceleração 0-100 faz-se em 7,6 segundos e a velocidade máxima, limitada, é de 180 km/h. Razoável para um SUV com 1 540 quilos!
Esta opção do construtor nipónico tem a ver com valores que se prendem com a eficiência dos seus híbridos, sobretudo em termos de consumos e emissões. E a maioria dos compradores desta opção pensa em poupar combustível. A Toyota anuncia consumos interessantes: entre os 4,9 e os 5,2 litros aos 100. Eu consegui, em andamento normal, 5,4 litros/100 km num percurso suburbano e 5,5 em 232 quilómetros variados mas com muita autoestrada cumprida aos regulamentares 120 km/h. Nestas condições, e escolhendo o modo ECO, a média andou entre os 5,8 e os 6, número redondo que o histórico do computador guardava para 610 quilómetros. Nada mau, pois, relembro, o peso é considerável.
Sem surpresa, o Corolla Cross impressiona pela eficácia do seu sistema híbrido, principalmente a facilidade de regeneração, que permite ter sempre muita carga na bateria, como pode ver-se no gráfico de desempenho. E nem é preciso recorrer ao “B” no seletor de marcha para o notar. Em cidade, principalmente, o modo elétrico revela o seu silêncio durante grande parte da condução.
A transmissão CVT, que foi melhorada, continua a dar sinal de si, especialmente quando se usa o reforço da regeneração e em modo Sport (os outros são ECO e Normal). Explorando o máximo da capacidade, ganha-se algum “nervo”, subida gradual de rotações, generosa, e, no fim, números interessantes no velocímetro. Mas não conte com “explosões”, neste familiar despachado e bom rolador. O consumo, claro, ressente-se, se lhe pedir tudo quando ele pode e, comigo, chegou aos 6,8 litros/100 km! Não há milagres.
Normal é o compromisso ajustado, mas a opção Eco vai servir à maioria, pois o desempenho é o suficiente, até para ultrapassagens descansadas.
Bom compromisso de suspensão
Em termos dinâmicos, enquanto SUV e sem caraterísticas desportivas, registo para a galhardia evidenciada nas curvas de apoio prolongado, nas quais se revela muito estável e para a agilidade, além do esperado, nas zonas mais sinuosas. Bom compromisso de suspensão a garantir, além de conforto, boa resistência às transferências de massas mais bruscas e uma inclinação mínima para aquilo com que deve contar-se de um SUV. Inspira confiança.
Para tudo isto, conta uma direção ajustada e uns travões que aproveitam de toda a experiência da Toyota nos híbridos, que encontra para eles afinação muito equilibrada.
Em termos de equipamento, a versão Luxury que conduzi, contava com abertura sem chave e botão de arranque, luzes LED e faróis de nevoeiro, bancos em pele, dianteiros aquecidos e com comando elétrico para o condutor, ar condicionado automático, câmara traseira, volante multifunções em pele, cruise control adaptativo, detetor de ângulo morto, sensores de estacionamento e luminosidade, sistema multimédia compatível com Android Auto e Apple CarPLay, carregador por indução, retrovisores aquecidos e retráteis, tejadilho panorâmico, vidros traseiros escurecidos, portão da bagageira elétrico, barras no tejadilho, pneu suplente temporário e jantes em liga de 18 polegadas. Um bom pacote.
Era o SUV que faltava na família Toyota, defende a força da designação Corolla à qual soma o Cross, estreia a quinta geração do sistema híbrido e continua a marcar pontos na tecnologia. Nem tudo é perfeito, mas a eficácia, qualidade, desempenho e consumos são de primeira ordem.
FICHA TÉCNICA
Toyota Corolla Cross HEV 2.0 Luxury
Motor: 1 987 cc, injeção sequencial
Potência: 152 cv/6 000 rpm
Binário: 190 Nm/4 400-5 200 rpm
Motor elétrico: síncrono, magneto permanente
Potência: 111cv
Binário: 206 Nm
Bateria: iões de lítio (187 células)
Potência combinada: 197cv
Binário combinado: ND
Transmissão: caixa de variação contínua
Aceleração 0-100 km/h: 7,6 s
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo: 4,9-5,2 litros/100 km/h (WLTP)
Emissões CO2: 113/120 g/km (WLTP)
Peso: 1 540 kg
Dimensões: c/l/a – 4,460/1,825/1,620 m
Bagageira: 428 litros
Preço: versão ensaiada, 43 390€: desde, 43 190€