Quem dá o que promete, a mais não é obrigado. Ora é o que acontece ao volante do renovado Mazda CX-5, agora um Mild Hybrid com corte de cilindros. Os consumos, apesar da tecnologia, não surpreendem, mas, verdade também, não ficam muito distantes dos números anunciados. Vinha a calhar era um bocadinho mais de vida no 2.0 e 165 cv neste caso com caixa manual de seis velocidades que faz andar um SUV reconhecidamente honesto e bem feito. Equipamento generoso e preço equilibrado.

Os sistemas de corte de cilindros, que a marca nipónica  já utiliza no Mazda 3, levam-nos sempre a pensar em milagres de consumo. Estão longe de o ser. Em matéria  de emissões e até como reforço da utilidade do start/stop em meio urbano, devem ser mais eficazes, mas essa é matéria que o automobilista comum não consegue medir…

O CX-5 é um velho conhecido do mundo Skyactiv da Mazda. A condução do Mild Hybrid de 48 V e a desativação de cilindros (1 e 4 ou mesmo todos) era a curiosidade da experiência que iniciei num percurso suburbano e em velocidade de passeio, sempre com os olhos postos no grafismo do painel central que indica como está a funcionar o motor.

Mais um Mild Hybrid de 48 V com corte de cilindros. A economia não é a que imaginamos, mas a tecnologia está aí, pronta para a vulgarização. Este Mazda CX-5 com motor 2.0 litros de 165 cv é um SUV bem feito, espaçoso e cómodo, à medida dos chefes de família sem pressas

Aprende-se depressa que é preciso levantar o pé e encontrar uma descida para conseguir o que se chama “andar à vela” e pisar muito suavemente o acelerador, para, em algumas situações, entre os 80/90 km/h, rolar apenas em dois cilindros. As mudanças são impercetíveis e a resposta do motor é imediata e suave.

No fundo nada que surpreenda quando a própria Mazda diz que o sistema funciona em situações de pouca carga, portanto a baixa velocidade, situação capaz de reduzir as perdas por bombeamento e a resistência mecânica.

Média de 6,9 aos 100 em ritmo de passeio

Em termos práticos, o passeio deu uma média de 6,9 litros aos 100 no computador de bordo. Daqui passei à autoestrada e ao exercício dos resultados à velocidade máxima de 120 km/h. Então, andei entre os 7 e os 7,3 e, naturalmente, o gráfico poucas vezes deixou de mostrar que estavam em funcionamento os quatro cilindros.

Ora, o consumo combinado WLTP anunciado é de 7,2/7,1 litros aos 100, portanto não ficamos muito longe dos valores anunciados. Mas fica a certeza de que em andamento mais rápido, é fácil entrar na casa dos 8 litros.

As retomadas de aceleração é que se mostraram aquém das expetativas. Sem o fulgor do turbo, a resposta deste CX-5 deixa claro que é preciso alimentar regimes altos para uma condução animada ao nível dos 165 cv. Logo, quando a estrada empina ou é preciso fazer uma ultrapassagem, em andamento descontraído, o selector de velocidades está lá para utilizar… Este é o familiar bem comportado, que até aguenta, sem queixume, as relações superiores a baixa velocidade, mas precisa da caixa para despertar e, mesmo assim, sem manifestações de grande nervosismo, sobretudo par um 2.0 litros.

Espaço e conforto de bom nível

Inconfundível na estética, estilo limpo, moderno e sóbrio o CX-5, no que respeita a habitabilidade, é uma oferta capaz de garantir conforto de bom nível. Espaço de sobra para quatro e, sobretudo, o desafogo suficiente atrás para movermos as pernas à vontade e não sentirmos a “pressão” do forro do tejadilho e aquela sensação de ter de dobrar o pescoço. O acesso é também bom, portas largas e altas com bom ângulo de abertura, mesmo que num SUV haja sempre um degrau a subir…

Neste particular, menos brilhante é a capacidade da bagageira: 506 litros. A modularidade e os aspetos práticos são bem melhores. As costas dos lugares traseiros têm dois níveis de inclinação (24/28 graus), o banco é tripartido (40x20x40) e o rebatimento pode ser feito a partir dos fechos nos “ombros”, como é habitual, mas também através de dois puxadores nas paredes da mala – solução comum na marca. O plano de carga (que não fica horizontal rebatido) é relativamente alto. Pormenor simpático, o funcionamento em conjunto com o movimento do portão da cortina que cobre a bagageira e esconde a carga. É sempre mais prático do que estar a puxar e recolher a persiana. E tudo se torna ainda mais simples, quando o portão tem abertura elétrica, como era o caso da versão ensaiada.

Satisfatório no plano dos aspetos práticos, o CX-5 tem as virtudes próprias de um Mazda no que respeita à dinâmica, aquele toque especial que o sistema Skyactiv empresta à condução dos modelos do construtor japonês. Bem sentados, posição elevada e cómoda ao volante, neste SUV sente-se a altura do centro de gravidade e a transferência de massas não passa despercebida, quando se circula mais depressa ou se passa em zonas ziguezagueantes. Nada capaz de penalizar o comportamento deste Mazda que curva com naturalidade, sempre transmitindo segurança, até porque a intervenção do sistema de controlo de estabilidade é progressiva, eficaz, sem alguma vez nos sujeitar a correções bruscas para levar o carro ao lugar.

Desfile de equipamento na Special Edition

A versão que guiei foi a mais equipada, Special Edition na qual pontificam os estofos em pele, volante e bancos aquecidos à frente e atrás, jantes de 19 polegadas, luzes de presença em LED, faróis adaptativos, porta bagagens elétrico, sistema de som Bose, abertura sem chave, cruise control inteligente, ecrã central de oito polegadas, navegação,  head-up display no para-brisas, câmara traseira, city break e monitor de visibilidade 360 graus. Ainda há mais, que todos têm, por menos 6300 euros.

Em resumo, mais um Mild Hybrid de 48 V com corte de cilindros. A economia não é a que imaginamos, mas a tecnologia está aí, pronta para a vulgarização. Este Mazda CX-5 com motor 2.0 litros de 165 cv é um SUV bem feito, espaçoso e cómodo, à medida dos chefes de família sem pressas

FICHA TÉCNICA

Mazda CX-5 2.0 165 cv 2WD Special Edition

Motor: 1998 cc, injeção direta, Mild Hybrid 48V

Potência: 165 cv/6000 rpm

Binário máximo: 213 Nm/4000 rpm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 10,3 s

Velocidade máxima: 201 km/h

Consumo: combinado WLTP – 7,2/7,1 L/100

Emissões CO2: WLTP – 163/160 g/km

Mala: 506/1602 litros

Preço: 39 213 euros, versão ensaiada; desde, 32 910 euros