É um expoente do luxo francês, tem aquele toque de classe do grande costureiro, o brilho da peça do joalheiro famoso, a ousadia dos mestres da pintura e da escultura gaulesa… O novo DS 7, o primeiro nascido na maternidade da nova marca assume-se como o SUV premium do grupo PSA. Com certeza o melhor de todos, tem boas armas, mas a este nível a guerra depende de muito mais. Cumpre, mas é muito grande a armada alemã…

Guiei um DS 7 Opera superequipado e motorizado pelo Diesel 2.0 BlueHDi de 180 cv, com a caixa automática de oito velocidades. Muito caro, também: 65 988 euros. É, para já, o topo da oferta ainda mais à medida do gosto português – talvez menos na resistência à transmissão automática… –, no pacote com preços desde a casa dos 41 600 euros.

O SUV impressiona. As dimensões, que o estilo faz parecerem até maiores – 4,57 m de comprimento, por 1,89 de largura e 1,62 de altura – conferem-lhe um peso que o design marcante acentua e as jantes de 20 polegadas ajudam a vincar. Grande, alto, largo, postura impecável na estrada, DS 7 Crossback dificilmente passa despercebido. E se for dourado, como era o caso, mais ainda!

A filosofia deste DS 7 não é ser uma máquina, mesmo que as prestações se revelem interessantes: 8.9 segundos de 0 a 100 e 220 Km/h em velocidade de ponta. Espaço, conforto, equipamento, segurança, diferença e algum estatuto, com o despacho necessário e preços razoáveis são os aspetos marcantes da oferta

A frente, com a grelha “lapidada”, as originais asas e as diferentes luzes diurnas obriga-nos a olhar. Imponente, vistosa, sem igual. E quando os LED dos faróis fazem o seu bailado em resposta ao comando de abertura das portas até há alguma surpresa. Antes de me habituar, pensei mesmo num gadget “à medida” da China, o mercado onde este DS começou a sua vida comercial…

Essa sensação foi mesmo potenciada quando procurava o botão de arranque, no centro do tablier (!) em posição elevada e sobre ele, “escondido” pela tampa com a sigla BRM, despontou a rodar um original relógio retangular analógico – BRM, para fazer jus ao bom gosto francês.

Construção de uma imagem premium

O luxo pode ter cariz asiático mas vamos perceber que, afinal, é muito francês e vem de uma escola conhecida, como se nota na evolução dos comandos da consola e na teoria do habitáculo cockpit que marcou o DS 5. Um original trabalho de design, com aquele senão das obras dos grandes arquitetos: às vezes, esquecem-se do prático – e dá menos jeito, a mim pelo menos, ter ali os botões dos elevadores dos vidros dianteiros. Adiante.

O resto é pele, muita pele, bons plásticos, alguns alumínios, acabamento cuidado com aquele toque artesanal que se nota, por exemplo, nos bancos, obra de costura rigorosa, e numa série de detalhes que pode culminar na iluminação ambiente com original efeito nas portas, reprodução das “escamas” das luzes traseiras. Interessante e modernaço na construção da imagem premium!

Neste ambiente, é claro que o digital assume papel de relevo. E que relevo: ao ecrã central tátil de 12 polegadas, acresce um painel de instrumentos também com 12,3 polegadas, que é uma montra do quanto hoje se pode fazer neste domínio. São tantas as escolhas de apresentação da informação e mesmo as probabilidades de personalização que até parece de mais! Acho que vamos ter de nos habituar…

Tudo isto se vive num habitáculo com espaço de sobra para se experimentar aquele conforto muito francês que, neste DS 7 Crossback, até pode passar por bancos traseiros reclináveis. E como nem há túnel, melhor ainda, mesmo que a consola com as condutas do ar condicionado bizona para trás seja intrusiva e complique a vida a quem se senta ao meio – sem surpresa. O lugar central, aliás, integra o apoio de braços com porta copos, claro, e torna também menos apetecível viajar ao meio… O acesso implica vencer um “degrau”, como em todos os modelos do género, e pode ser menos simples para os mais velhos.

O banco traseiro é rebatível através de teclas nas paredes de uma grande bagageira que vai dos 555 aos 1752 litros e permite aquela versatilidade própria dos SUV, no caso, até a chapeleira pode ficar sob o fundo (com altura regulável) que esconde a roda sobressalente. Grande – e elegante – portão traseiro (no caso motorizado) e um plano de carga normal ajudam a valorizar a oferta.

Suspensão inovadora… responde a câmara

Quanto a dinâmica, importa lembrar que estamos num carro construído sobre a plataforma EMP2, a mesma do 3008, por exemplo, mas no caso com um eixo multibraços atrás, logo mais conforto e apuro em curva.

O DS 7 Crossback propõe quatro modos de condução, Eco, Normal, Confort e Sport capazes das adaptações habituais em favor do consumo, conforto, direção, resposta do acelerador, caixa de velocidades e até da sonoridade do motor. A novidade a este nível é o sistema de amortecimento pilotado que responde às indicações de uma câmara e permite antecipar a resposta adequada da suspensão – chama-se DS Active Scan Suspension.

Ao volante, bem sentados, até com mais apoio lateral do que seria de esperar, volante com boa pega, patilhas (fixas na coluna) para controlar a caixa, havendo essa vontade, vamos descobrir um estradista por excelência. O DS 7 Crossback é um grande rolador, confortável, condução prazenteira. Nas zonas sinuosas é eficaz, mas naturalmente não deixa de sentir-se um natural adornamento da carroçaria, sobretudo havendo a tentação de pisar o risco. Nada, porém, que supere a normalidade.

O conhecido 2.0 BlueHDi de 180 cavalos, com 400 Nm de binário, porta-se muito bem nos baixos regimes. Depois, é natural que acuse os 1700 quilos de peso do conjunto. A caixa automática de oito velocidades cumpre bem a função, suave nas passagens, rápida o suficiente para não comprometer – ótimo complemento do meu ponto de vista. De resto, direção apropriada, travões algo esponjosos. Mas a filosofia deste DS 7 não é ser uma máquina, mesmo que as prestações sejam interessantes: 8,9 segundos de 0 a 100 e 220 Km/h em velocidade de ponta. Espaço, conforto, equipamento, segurança, diferença e algum estatuto, com o despacho necessário e preços razoáveis são os aspetos marcantes da oferta.

Em matéria de consumos, consegui 7,1 litros aos 100 na estrada, em ritmo de passeio com quatro pessoas a bordo. Juntando as voltas na cidade, o computador registou 8,7. Quando se pisa o risco, claro, entra-se, facilmente, nos dois dígitos!

O DS 7 Crossback que guiei era um Grand Chic e tinha 8700 euros de extras (!) para fazer a diferença. Tome nota do mais caro: inspiração Opera, 2000 euros; pack Grand Chic (com Night Vision), 2400 euros; sistema hi-fi Focal, 900 euros; tejadilho deslizante panorâmico, 1000 euros; acesso mãos livres e portão motorizado, 500 euros; jantes em liga de 20 polegadas, 750 euros.

A DS produziu esta pormenorizada apresentação do seu grande SUV

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FICHA TÉCNICA

DS 7 Crossback 2.0 BlueHD1 180 cv Grand Chic/Opera

Motor: 1997 cc, turbodiesel, injeção direta, start/stop

Potência: 180 cv/3750 rpm

Binário máximo: 400 Nm/2000 rpm

Aceleração 0-100: 8,9 segundos

Velocidade máxima: 220 km/h

Consumos: média – 5,9 litros/100

Emissões de CO2: 134 g/km

Preço: 65 958 euros, inspiração Opera; 57 258 euros, Grand Chic; desde 41 608 euros