Rosto mais consensual para um automóvel que ganhou sobriedade (Foto Honda Newsroom)

Maior distância entre eixos para as mesmas dimensões (Foto Honda Newsroom)

Traseira perdeu apêndices desnecessários (Foto Honda Newsroom)

A virtude da simplicidade sobre boa construção (Foto Honda Newsroom)

Painel de instrumentos combina digital com analógico (Foto Honda Newsroom)

Informação própria de um híbrido no ecrã tátil central (Foto Honda Newsroom)

Comando de teclas pouco prático para o seletor de marcha (Foto Honda Newsroom)

Bancos recetivos e com o apoio necessário na versão Sport (Foto Honda Newsroom)

Faróis em LED com suporte de máximos (Foto Honda Newsroom)

Efeito 3D nas luzes traseiras e a designação do modelo (Foto Honda Newsroom)

Jantes em liga com aros pretos e 18 polegadas (Foto Honda Newsroom)

Foram vários coelhos de uma só cajadada… O renovado Honda Civic em 11ª geração ficou resumido à versão híbrida, ganhou sobriedade, oferece ambiente de acordo com esta imagem, o espaço satisfaz, conforto idem e a dinâmica continua marcada por aquele ”jeito especial”. Os consumos são simpáticos e o preço está alinhado com a oferta: desde 42 500€. Está melhor e deixa boa impressão!

Estilo controverso, o Civic, para o meu gosto, como que andava fora da caixa e de volta a tempos em que a marca se deixou levar pela fantasia… Confrontado com esta nova versão, disse para mim que era mesmo fácil fazer melhor. E foi o que aconteceu, poupando-o àqueles toques de exagero em meia dúzia de pormenores que estavam, claramente, a mais num modelo do segmento. Type R só há um!

Fastback de propensão desportiva, basicamente as mesmas dimensões (tem mais 3,1 cm de comprimento, ganhou 3,5 cm na distância entre eixos, e perdeu 2,7 cm na altura), parece outro, mais sério, mais vistoso e elegante, mais automóvel. Até mais robusto.

No interior, a transformação é enorme. Quem entra e se senta noutro lugar que não o do condutor, não se coíbe de dizer: “olha que interessante!” É mesmo mais do que isso, já que ao design do tablier, com aquela original faixa central em malha metálica para as saídas de ar, acresce uma criteriosa escolha de materiais valorizada por uma construção muito cuidada. Combinação impressiva de design e qualidade.

Mais sóbrio e elegante, ambiente agradável a bordo, espaçoso, apenas híbrido com 184 cv à custa de um quatro cilindros 2.0 a gasolina, motor elétrico e gerador, o Honda Civic é outro automóvel. Despachado q.b. e a dinâmica do costume, consumos atrativos e agradável de guiar traz vida nova a um modelo que já vai na 11ª geração

Como nem tudo é perfeito, lamenta-se que face a uma excelente posição de condução, num banco bem recetivo, e a um volante multifunções bem concebido, com boa pega e dimensão certa, o seletor de marcha na consola seja confiado a uma barra de botões, todos diferentes e pouco práticos de utilizar, pelo menos nas manobras de parqueamento, já que se torna necessário desviar a vista para os acionar. São várias as marcas a optar por este tipo de sistemas nestas transmissões automáticas e, parece-me, estão a fugir do caminho da lógica e da facilidade de utilização.

 

Excelente chassis e direção adequada contribuem para condução agradável e comportamento eficaz (Foto Honda Newsroom)

Na mesma linha, não faz grande sentido a combinação entre digital e analógico no painel de instrumentos, graficamente até interessante. Quanto ao ecrã central, é um problema japonês. Eles não acertam, o que, no mínimo, parece inconcebível num país onde a tecnologia é o que se sabe. De todo o modo, está bem melhor, é mais informativo.

De registar é o facto de o ar condicionado merecer comandos físicos separados, evitando as dedadas no ecrã e muitas vezes aquele quebra cabeças, enquanto não se ganha prática.

Boa habitabilidade, bagageira de capacidade vulgar

Habitabilidade não é problema, à frente ou atrás, onde temos muito espaço para as pernas e o pequeno túnel no piso deixa claro que o conforto é mais para quatro e nem falta o apoio de braços central. A inclinação do tejadilho, que obriga a alguma ginástica no acesso e na saída, é o único reparo a fazer.

A bagageira tem 410/1 220  litros de capacidade (perdeu algum espaço), o plano de acesso é um nadinha elevado, mas continua a ser difícil gerir esta questão nos híbridos, por força da bateria, pequena que seja, como é regra num híbrido. A chapeleira é invulgar, uma cortina lateral de correr – prático.

Em termos mecânicos o Honda Civic e:HEV combina um quatro cilindros 2.0 de ciclo Atkinson com 145 cv de potência e o binário de 186 Nm com um motor elétrico, este com 184 cv e 315 Nm, havendo ainda um gerador. Ambos são alimentados por uma bateria de iões de lítio com 2,1 kWh.

A Honda replica o sistema Multi Modo Inteligente já utilizado no CR-V.  Sempre com arranque elétrico, temos três modos de funcionamento que alternam entre si sem intervenção do condutor. A unidade de controlo eletrónica alterna automaticamente e constantemente entre condução elétrica híbrida ou motor a combustão, recorrendo à solução mais eficiente para cada situação de condução.

Segundo a Honda, temos um Civic com eficiência térmica referencial (41%) e um sistema híbrido que nos remete para os bons resultados do CR-V. As informações que vamos lendo no painel digital são esclarecedoras: na verdade, vemos brilhar com frequência o símbolo verde “EV”, significando estarmos a tirar rendimento do modo elétrico. E se houver alguma preocupação de economizar ou, pelo menos, cuidado e atenção, isso reflete-se, de facto, no desafio dos consumos.

Média de 5,6 litros aos 100 e abaixo dos cinco em cidade

No meu caso, com quatro pessoas a bordo, ar condicionado ligado, muita autoestrada a 120 km/h, registei valores da ordem dos 5,6 litros aos 100. Para 1 329 quilómetros de condução muito variada, estavam assinalados  os mesmos 5,6 litros aos 100, muito razoável para um automóvel a gasolina que até tem 184 cv de potência. Na cidade, com a dificuldade de fazer dois percursos iguais, pareceu-me fácil, sem exageros, baixar dos 5 litros, e, curiosamente, o mínimo registado no computador de bordo eram 4,8!

Com quatro modos de condução (Eco, Normal, Sport e Individual), equipado com uma caixa e-CVT de relação única e com patilhas no volante para dosear a regeneração (quatro patamares, pouco efetivos na resposta; a escolha só “fixa” no modo Sport!), este Civic assenta num excelente chassis e conta com uma direção que ajuda a explorar as suas capacidades, naquele “jeito especial” da Honda: tração dianteira facilmente domável na tendência subvirante. O resto não significa uma grande máquina e as prestações deixam-no claro: 7,8 segundos na aceleração 0-100 e 180 km/h em velocidade de ponta.

De qualquer modo revela-se despachado q.b., é um daqueles automóveis com o qual se estabelece empatia fácil e que dá prazer conduzir. Até porque é silencioso (mesmo quando só trabalha o motor a combustão), a caixa e-CVT dá conta do recado e escapa a grandes críticas, os travões já nem parecem de um híbrido, mesmo que progressivos. O equilíbrio entre a eficácia e o conforto é bem conseguido.

Bom pacote de equipamento na versão Sport

A versão Sport que conduzi tem um bom pacote de equipamento. A saber: acesso mãos livres e arranque sem chave, Honda Sensing (travagem automática, aviso de saída de faixa, cruise control adaptativo com stop&go e limitador de velocidade) navegação (ecrã tátl de 9”, radio DAB, conectividade Apple CarPlay e Android Auto, Bluetooth), câmara traseira, infomação de ângulo morto, sensores de estacionamento, luz e chuva, faróis LED com suporte de máximos, luzes de nevoeiro na mesma tecnologia, bancos dianteiros aquecidos com apoio lombar de regulação elétrica para o condutor, ar condicionado automático bizona com saída para o banco traseiro, carregador wireless, bancos em pele e tecido, pedais desportivos, jantes em liga e 18 polegadas.

Mais sóbrio e elegante, ambiente agradável a bordo, espaçoso, apenas híbrido com 184 cv à custa de um quatro cilindros 2.0 a gasolina, motor elétrico e gerador, o Honda Civic é outro automóvel. Despachado q.b. e a dinâmica do costume, consumos atrativos e agradável de guiar traz vida nova a um modelo que já vai na 11ª geração.

FICHA TÉCNICA

Honda Civic e:HEV 2.0 Sport

Motor: 1993 cc, ciclo Atkinson, injeção direta, gasolina, start/stop

Potência: 145 cv/6 200 rpm

Binário máximo: 186 Nm/4 500 rpm

Transmissão: dianteira, caixa e-CVT, relação única

Sistema elétrico: motor e gerador

Potência: 184 cv

Binário: 315 Nm

Aceleração 0-100: 7,8 segundos

Velocidade máxima: 180 km/h

Consumo: combinado – 5 litros/100 (WLTP)

Emissões CO2: 113 g/km (WLTP)

Peso: 1 533 kg

Dimensões: c/l/a – 4,551/1,802/1,408 m

Bagageira: 410/1220 litros

Preço: desde 42 500€