Grelha original identifica a terceira geração HR-V (Foto Honda Newsroom)

Portão largo e óculo grande pontuam a traseira (Foto Honda Newsroom)

Tablier linear aumenta a sensação de largura (Foto Honda Newsroom)

Painel de instrumentos combina analógico e digital (Foto Honda Newsroom)

Modos de condução e controlo de descida na consola (Foto Honda Newsroom)

Navegação em ecrã de 9 polegadas é de série (Foto Honda Newsroom)

Iluminação em LED com suporte de máximos (Foto Honda Newsroom)

Jantes de 18 polegadas equipam a versão Elegance (Foto Honda Newsroom)

Não faltam as barras no tejadilho (Foto Honda Newsroom)

Sistema híbrido comporta dois motores elétricos, um deles gerador (Foto Honda Newsroom)

O Honda HR-V está de volta, agora em versão apenas híbrida, 130 cv, estilo sóbrio e apontado a servir àqueles que privilegiam o conforto num automóvel bem construído, com boa habitabilidade, versátil na utilização e capaz de consumos interessantes sem prestações de espantar. Um familiar honesto com preços desde 32 500€.

Uma grelha de barras que parece rasgada na carroçaria e grupos óticos ao estilo de boomerang unidos, ao nível da “pestana” das luzes diurnas, pelo único cromado da frente; para-choques avançado para receber a entrada de ar protegida  por uma malha em rede e a proteção inferior marcam a diferença estética desta terceira geração do HR-V. Fica a imagem de um SUV a sugerir o coupé que não é através dos fechos das portas traseiras integradas na moldura dos vidros.

Perfil simples e sóbrio, desligado da imagem familiar do construtor nipónico, pecará apenas pelo facto de a distância ao solo ser conseguida de uma forma que deixa a carroçaria como que suspensa sobre as rodas, que nem são pequenas – jantes 18.

A traseira foi esculpida com pragmatismo, óculo de dimensões generosas bem inclinado, coberto em parte pelo defletor, portão amplo e bem rasgado, luzes ligadas por uma barra apenas cortada pelo símbolo da marca e a inevitável proteção cinzenta sob o para-choques. A saída de escape fica por baixo e não merece tratamento especial.

Mais um híbrido com o estilo da moda, o Honda HR-V Hybrid com os seus 130 cv não está fadado para grandes prestações, mas marca pontos em termos de conforto, aspeto claramente privilegiado num SUV ainda muito versátil e que também sabe ser poupadinho

O interior está despido de fantasias, tablier linear, para sugerir maior largura, três “camadas” sobrepostas, ausência de superfícies almofadadas, mas escolha irrepreensível dos plásticos, os quais através da rugosidade, tiram frieza ao conjunto. A montagem, como de costume, convence.

Painel de instrumentos com velocímetro analógico e restante informação digital, com um computador de bordo pouco intuitivo. Mais amigável o ecrã central assente sobre a placa central do tablier. Um volante multifunções, de boa pega e dimensões ajustadas, com patilhas de controlo da regeneração completa o conjunto, beneficiado pelos comandos físicos para a climatização.

Resta a consola com um seletor de velocidades comum, comandos dos modos de condução, travão de parque elétrico, porta copos e dois espaços de arrumação, um à frente, o outro na caixa do apoio de braços central, bem posicionado.

Boa habitabilidade e muita versatilidade

A habitabilidade dispensa reparos à frente e os bancos em tecido desta versão Elegance, a entrada da oferta, garantem comodidade e o apoio lateral bastante. Atrás, dois adultos viajam confortavelmente, destacando-se o espaço para as pernas, beneficiado pela altura dos bancos dianteiros que permitem passar os pés sob eles e ter uma posição descontraída. Ao meio, mesmo sem a consola ou o túnel incomodarem, o assento é reduzido e, já se sabe, o encosto mais duro por via do apoio de braços central rebatível.

Quanto à bagageira paga o preço da bateria do híbrido, mesmo que o depósito de combustível esteja sob os bancos dianteiros. São 335 litros de capacidade com um compartimento razoável sob uma tampa, mas, ainda assim, o HR-V, oferece versatilidade a ter em conta: os bancos rebatem na proporção 1/3-2/3 e permitem um fundo plano. O plano de carga não é muito alto e não existe desnível significativo entre a moldura do portão e a base. Cereja no topo do bolo, os engenhosos bancos mágicos da Honda que permitem levantar os assentos do banco traseiro e encontrar o espaço para, por exemplo, transportar uma bicicleta.

O sistema e:HEV e um carro a pensar no conforto

O HR-V Hybrid conta com a exclusiva solução híbrido da Honda. O sistema (e:HEV) consiste em dois motores elétricos (131 cv) compactos, um deles gerador, que trabalham em conjunto com um motor a combustão i-VTEC 1.5 litros (107 cv), uma bateria de iões de lítio (1 kW) e uma transmissão de variação contínua acoplada a uma unidade de controlo de potência inteligente. Na prática, temos três modos de funcionamento que alternam entre si sem intervenção do condutor. A unidade de controlo eletrónica alterna automática e constantemente entre condução elétrica (sempre no arranque, e muitas vezes por alimentação do motor de combustão, que funciona também como gerador), híbrida ou motor a combustão, recorrendo à solução mais eficiente para cada situação de condução. Tudo isto combinado dá 130 cv de potência, 253 Nm de binário máximo e prestações pouco impressivas; 10,6 segundos na aceleração 0-100 e 170 km/h em velocidade de ponta.

Ao volante, as passagens do sistema passam despercebidas, e a condução em cidade é agradável, mesmo com o motor de combustão. Em estrada, as coisas são diferentes e quando se acelera, por exemplo numa subida ou numa ultrapassagem, o ruído e aquela sensação de arrasto das caixas de variação contínua, no caso potenciado por um efeito artificial de mudança de velocidade, penalizam o conforto acústico. Em autoestrada e com o cruise control ligado chega a dar a ideia de um motor em grande esforço.

Os modos de condução são três, Eco, Normal e Sport e acionando este, que privilegia o motor a combustão, ganha-se outro tipo de resposta, verdade, mas é uma solução que não está fadada para a potência e prestações deste HR-V, o qual não deixa de acusar a altura quando se lhe “medem” as capacidades numa zona mais sinuosa: a carroçaria inclina, naturalmente, sem pôr em causa a segurança, até por que o ESP intervém lesto para evitar exageros.

De qualquer modo, apesar de afinada para um carro a privilegiar o conforto, a suspensão consegue uma boa relação com a eficácia em curva e o comportamento da frente denota, ainda assim, uma assertividade muito própria dos Honda, para o que contribui uma direção bem calibrada.

Os travões cumprem e com a caixa na posição B reforçam a regeneração que pode controlar-se nas patilhas no volante. A redução de velocidade é sensível mas nada que se pareça com o sistema “one pedal”.

Interessantes resultados nos consumos

No que respeita a consumos, numa vigem de 160 quilómetros, metade dos quais em autoestrada (com cruise control nos 120), quatro adultos a bordo e ar condicionado ligado, o computador de bordo registou 5,8 litros aos 100, uma média aceitável. Em autoestrada, o resultado subiu para 7,1. Na cidade, estes valores descem consideravelmente e pareceu-me fácil um valor em torno dos 5 litros.

A versão que guiei, Elegance, proposta de entrada tem equipamento razoável: navegação, rádio bluetooht, compatibilidade Appe CarPlay e Android Auto em ecrã de 9 polegadas, acesso e arranque sem chave, faróis em LED, suporte de máximos e piscas sequenciais em LED, estofos em tecido, bancos aquecidos à frente, sensores de luz, chuva e estacionamento, câmara de marcha atrás, ar condicionado automático com saídas traseiras, retrovisores aquecidos, volante em pele e jantes de 18 polegadas.

Mais um híbrido com o estilo da moda, o Honda HR-V Hybrid com os seus 130 cv não está fadado para grandes prestações, mas marca pontos em termos de conforto, aspeto claramente privilegiado num SUV ainda muito versátil e que também sabe ser poupadinho.

FICHA TÉCNICA

Honda HR-V Hybrid Elegance

Motor: 1 498 cc, injeção multiponto + dois motores elétricos

Potência combinada: 131 cv

Binário máximo combinado: 253 Nm

Bateria: 1 kW, iões de lítio

Transmissão: caixa de variação contínua, tração dianteira

Aceleração 0-100 km/h: 10,6 segundos

Velocidade máxima: 170 km/h

Consumos: média WLTP – 5,4 l/100 km

Emissões de CO2: 122 g/k /WLTP)

Dimensões: c/l/a – 4,340/1,896/1,582 m

Peso: 1 380 kg

Bagageira: 335/1 305 litros

Preço: 32 500€