Maior, mais espaçoso, a mesma imagem com presença reforçada o novo Captur aí esta para defender o título europeu de B-SUV mais vendido, face a uma concorrência que promete não dar tréguas. Mas os argumentos do bem sucedido Renault são mais. Conduzi o 1.3 de 130 cv e parece-me que as virtudes batem os defeitos num automóvel bem amadurecido. Consegui consumos simpáticos e o preço mantém a competitividade.

Cresceu 11 centímetros, mede agora 4,22 metros, ganhou dois centímetros entre eixos com a nova plataforma (a mesma do Juke) pronta para receber, dentro em breve, a versão Plug-in e, numa análise global simplista, o Captur está mais automóvel. Também por ser outra a aposta na qualidade percebida; sempre muito plástico, é verdade, mas mais superfícies almofadadas, sobretudo no tablier. E por a habitabilidade nos remeter para a tentação de procurar comparação nas ofertas superiores.

O novo Renault Captur é o produto amadurecido, o automóvel que cresceu numa medida que não trai expetativas. Parece igual e é muito diferente. Bem feito o trabalho de apurar um SUV que tem feito história no segmento B

A imagem do interior é familiar, partilhada com o Clio, mas a renovação é… uma revolução. Ganha relevo a consola suspensa, solução que dá mais espaço para as arrumações no interior, aspeto em que continua a pontificar a grande gaveta do porta-luvas e a pequena caixa sob o apoio de braços. Não falta onde arrumar o que trazemos nos bolsos.

Painel de instrumentos digital (e há duas opções), ecrã tátil verticalizado, como se tornou hábito na Renault ao estilo de tablet assente no tablier em posição correta – não é preciso baixar os olhos para operar o sistema Easy Connect… – meia dúzia de teclas para “atalhar” algumas funções, o que continuo a achar que dá muito jeito, tudo simplificado, e agora também o travão de parque elétrico (assistido na lógica da marca). O resultado é um Captur mais amigável.

Habitabilidade beneficiada

O crescimento da distância entre eixos e o aumento da largura (+1,9 cm) beneficiam a habitabilidade, muito razoável na dianteira, à medida das necessidades atrás, já que o banco tem um curso transversal de 16 cm, solução que permite ter um espaço invulgar para as pernas ou potenciar a bagageira, a qual, sem rebater os bancos vai dos 422 aos 536 litros de capacidade. O banco traseiro, sem a possibilidade de contar com apoio de braços central, é mais cadeira do que cadeirão, e o mesmo é dizer “durinho”, na opinião de quem viajou atrás. A “dobradiça” que permite o rebatimento das costas do banco (60×40), é demasiado proeminente a acaba por condicionar a forma como nos sentamos. Registe-se a existência de saídas de ar condicionado e a existência de duas fichas USB normais e uma entrada de 12 volts.

No que respeita à bagageira, e sem surpresa, o plano de carga é alto e o desnível para o fundo considerável, com os inconvenientes próprios quando se carrega algum objeto mas pesado. A situação pode amenizar-se utilizando a prateleira que pode servir para ocultar um fundo falso. É uma solução que dá sempre jeito.

Motorização de 130 cv é complemento ideal

A bem conhecida motorização 1.3 de 130 cv  (a tal dos Mercedes) “encaixa” na perfeição no Captur e a caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades, que torna o carro mais rápido do que o manual,  é o complemento ideal para uma condução agradável. As patilhas no volante podem servir mais para compensar algumas hesitações do que para uma condução empenhada, uma vez que a velocidade de resposta continua a não ser referencial.

Importante é a forma como o motor responde, a generosidade na aceleração e nas recuperações que fazem deste Captur um SUV ágil e desembaraçado. A suspensão, mais firme e seca do que esperamos num automóvel francês, explica a resistência à inclinação da carroçaria em curva e um comportamento são e previsível, mesmo que o resposta não surpreenda pela assertividade, até por a direção a isso não ser propensa. Uma receita equilibrada que permite, sobretudo no modo Sport, alguns atrevimentos com aquela sensação de segurança própria do carro que parece não ser capaz de pregar partidas e em que a intervenção do ESP passa despercebida. O sistema My Sense disponibiliza ainda as opções Normal e Eco – a escolha faz-se no ecrã central.

A posição de condução, ligeiramente elevada, é agradável e, como de costume na Renault, os bancos fornecem bom apoio lateral. Quem gosta de ver a frente, vai ter de levantar muito o assento.

Consumos interessantes em modo ECO

Em termos de consumo, e recorrendo ao modo Eco, em que a diferença de performance é sensível, consegui resultados interessantes; seis litros redondos em autoestrada com o cruise-control nos 120 Km/h; 6,1 no percurso de passeio com quatro adultos a bordo; 6,5 num misto com via rápida e alguma cidade.

A versão Exclusive que guiei é a oferta intermédia e tem um pacote de equipamento interessante que inclui a travagem de emergência com reconhecimento de ciclistas e peões, reconhecimento de sinais, alertas de transposição involuntária de faixa e das distâncias de segurança, travão de parque assistido, faróis traseiros em LED e luzes de presença na mesma tecnologia, sensores de luz e chuva, Sistema My Sense (três modos e condução), cruise-control e limitador de velocidade, banco traseiro deslizante, consola central com apoio de braço e arrumação. A solução bicolor, no caso tejadilho pintado de branco, acrescentava 650 euros ao preço.

O novo Captur é o produto amadurecido, o automóvel que cresceu numa medida que não trai expetativas. Parece igual e é muito diferente. Bem feito o trabalho de apurar um SUV que tem feito história no segmento B.

FICHA TÉCNICA

Renault Captur TCe 130 EDC FAP

Motor: 1332 cc, quatro cilindros, turbo, injeção direta, filtro de partículas, start/stop

Potência: 130 cv

Binário:240 Nm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades

Aceleração 0-100: 9,6 s

Velocidade máxima: 193 km/h

Consumos: média WLTP – 6,2/6,4

Emissões CO2: 141/146 g/km

Bagageira: 422/1275 litros

Preço: versão ensaiada, 27 495 euros; Exclusive, 25 790 euros; desde 19 608 euros