Espaço, bom nível de qualidade, diferença no compromisso estético e uma dinâmica capaz de surpreender ao volante são, para mim, os argumentos que valorizam o Skoda Scala na versão com o motor de três cilindros 1.0 de 116 cv e caixa automática. Consumos de gasolina aceitáveis e preço razoável são aspetos a ter ainda em conta.

Proposta mais irreverente na gama Skoda, este Scala, com 4,36 metros e maior do que um Golf (+12 cm) é original no estilo, namoro entre a carrinha e o coupé, agora rematado por um portão que pode ter maior superfície vidrada num reforço da imagem, e sobre a qual surge em destaque o lettering tridimensional da marca.

Tem imagem jovem e ambiente interior bem defendido, apesar de só haver uma réstea de tecido nos apoios de braços das portas e o mais ser uma combinação cuidada de plásticos, muitos plásticos. Mas não falta o piano black na consola, a imitação da fibra no tablier nem um fio prateado para dar largura ao conjunto. Bem pensado.

O design é interessante, a instrumentação digital com vários fundos e o grande ecrã ao estilo de tablet assente no tabliet trazem um cunho de modernidade a um conjunto que marca pontos pela construção, rigorosa, a qual nos leva a aceitar os materiais utilizados.

O Skoda Scala é um daqueles automóveis dos quais fica a ideia de valer mais do que os resultados comerciais traduzem. A motorização 1.0 a gasolina de 116 cv combinada com a caixa automática é uma aposta que nos parece racional, para quem quer um carro diferente, espaçoso e com gama de preços razoável

Bem sentados ao volante, um multifunções que “encaixa” bem na imagem e, pelas dimensões e pega, ajuda a fruir a posição de bem estar, e com espaço generoso. Só poderemos lamentar a caixa quase decorativa sob o apoio de braços central.

Habitabilidade acima da média

Atrás, o Scala eleva a parada ao estilo da marca. Habitabilidade acima da média e conforto em plano aceitável – aspetos em que este Skoda não teme comparações e desafia mesmo produtos de segmentos superiores. Verdade que a consola (transporta o ar condicionado para trás) é algo intrusiva, o túnel e o apoio de braços central fazem com que de deva olhar-se para o banco traseiro como ideal para dois. Nada que surpreenda, afinal. É assim neste segmento, mesmo que a lotação sejam os cinco passageiros.

O tejadilho panorâmico com cortina potencia a sensação de espaço quando nos sentamos naqueles bancos bem recetivos, valorizados pela decoração do almofadado central. E tudo isto experimentando uma mobilidade pouco vulgar para as pernas.

No que respeita à mala, é referencial nos seus 467 litros de capacidade, pena só o grande desnível entre a moldura do portão e o fundo, pormenor que complica principalmente a retirada de objectos mais pesados. A chapeleira é rígida e está articulada com o portão suficientemente amplo.

Bom pisar e assertividade em curva

Em termos dinâmicos, uma bela surpresa. Bom pisar, com as jantes de 18 polegadas (extra de design menos conseguido, para o meu gosto), a conferir outro peso à imagem, o Scala é um daqueles carros que, favorecido ou não pelo estilo, permite-nos uma condução pelo balanceamento da carroçaria, o que é sempre divertido. Aponta-se a frente e ele como que ajuda posicionando-se da melhor forma para descrever a curva com rigor e até sem se fazer rogado quando se anda mais depressinha. O ESP intervém, é claro, mas sem que a sua atuação suscite embaraços. Interessante compromisso de suspensão, neste caso adaptável (outro extra), e que gere bem a eficácia e o conforto. Um bom trabalho sobre a plataforma do Polo, aqui bem “esticada” (2,649 metros entre eixos, o máximo possível).

A caixa DSG é o que se sabe, gere bem os 200 Nm de binário que emprestam algum nervo ao Scala e, usando o modo Sport (também opcional), experimenta-se uma pontinha de agressividade que pode tornar tudo mais interessante. As patilhas, continuam a não ser um modelo de rapidez. Quanto à direção tem aquele toque comum aos automóveis do grupo VW e ajuda a tornar a condução mais envolvente, com uma assistência “no ponto” para o tipo de automóvel.

Resultados interessantes no consumo

No que respeita a consumos, este três cilindros continua a proporcionar resultados interessantes, mesmo com a caixa automática que alguns ainda temem sob o prisma da economia. Em autoestrada, a 120 km/h e com o cruise control ligado, o computador de bordo registou 5,8 litros aos 100; no percurso suburbano o valor subiu para 5,9. No registo do longo prazo e para 712 quilómetros, com diversos tipos de utilização, ficaram assinalados 7,4 de média.

A versão que conduzi era a Style, topo de gama e no caso com mais 2675 euros de equipamento que fazem grande diferença e incluíam as jantes pretas de 18 polegadas (510 euros), bancos desportivos, pedais em alumínio, volante multifunções Sport e forro do tejadilho preto (460 euros), tejadilho panorâmico, faróis full LED dinâmicos, luzes de nevoeiro com função cornering (490 euros), chassis sport com suspensão adaptável e seletor de modos de condução (405 euros).

O equipamento de série inclui travagem de emergência, ar condicionado automático, sistema mãos livres, cruise control, care connect e sistema de infoentretenimento com um ano de contrato, câmara traseira, cockpit virtual, retrovisores retráteis elétricos e aquecidos anti-encandeamento.

O Skoda Scala é um daqueles automóveis dos quais fica a ideia de valer mais do que os resultados comerciais traduzem. A motorização 1.0 a gasolina de 116 cv combinada com a caixa automática é uma aposta que nos parece racional, para quem quer um carro diferente, espaçoso e uma gama de preços razoável.

Toda a gama Skoda tem atualmente incluída um programa de quatro anos de manutenção ou 80 mil quilómetros.

 

FICHA TÉCNICA

Skoda Scala 1.0 TSI 116 cv Style DSG

Motor: 999 cc, três cilindros, turbo, gasolina, injeção direta de alta pressão, start/stop

Potência: 116 cv/5000-5500 rrpm

Binário máximo: 200 Nm/2000-3500 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades e patilhas no volante

Aceleração 0-100: 9,9 s

Velocidade máxima: 199 km/h

Consumo médio: 5,5 – 6,8 litros/100

Emissões de CO2: 124,10-153,8  g/km

Mala: 467/1401 litros

Preço: 27 290 euros, versão ensaiada; Style, 26 542 euros; desde 20 542 euros