O Yaris é o Toyota mais vendido na Europa e estas coisas nunca acontecem por acaso. E a quarta geração do citadino nipónico feito em França e muito ao jeito do Velho Continente constitui prova cabal disso mesmo. Transfigurado sem perder identidade, nova plataforma, exemplo da procura de afirmação pela qualidade e bem fazer, o pequeno híbrido conjuga agilidade com economia. É fácil gostar. Sobram dois reparos: em termos de espaço anda pela mediania e o preço do 1.5 topo de gama que conduzi é puxado, 25 990€.

Mais atrevido, silhueta muito original com músculo bem trabalhado, proporções na medida certa – é mais largo (5 cm!), mais baixo e ligeiramente mais pequeno (5mm) –, o Yaris ganha personalidade e uma imagem mais robusta, assinalável a este nível.

O interior acompanha a modernidade e a preocupação anunciada da Toyota de renunciar a algum cinzentismo. Sentados mais atrás e mais baixo em frente a um volante menos alto e mais pequeno e usufruindo de bancos com excelente apoio e uma boa receção do corpo vamos descobrir, antes de mais, um nível de acabamento assinalável. Domina o plástico, claro, mas a sua qualidade e a combinação de diferentes tipos e texturas (almofadado no topo do tablier), até pormenores em piano black, resulta muito bem. A montagem é de nível superior e a preocupação com o pormenor destaca-se no feltro (tipo pied de poule) que reveste parte das portas trazendo ao habitáculo o calor capaz de amenizar o frio do plástico. Bem feito e com bom gosto.

Um híbrido económico, despachadinho, agradável de guiar, bem vestido e recheado com ambiente a condizer. Pena que o espaço não seja mais generoso neste novo Toyota Yaris, para se gozar mais à-vontade uma comodidade a registar e a insonorização melhorada. O preço paga a tecnologia e o catálogo de equipamento

À digitalização só escapa, e bem, o ar condicionado, automático e com botões e verdade – neste caso sempre mais prático. Painel de instrumentos interessante, com dois mostradores circulares, um que nos remete para a utilização do sistema híbrido, outro para a velocidade. E claro, o computador de bordo. O ecrã central, flutuante, tem a informação habitual dos híbridos, mas continua a ter software e grafismo que deixam a Toyota uns furos atrás da concorrência (como é diferente o sistema do Supra com origem BMW). Não percebo a insistência perante tantas críticas.

Em termos de espaço, apesar do aumento da distância entre eixos (5 cm), o Yaris não passa da mediania do segmento B. Generoso à frente, acanhadinho atrás, tanto no espaço para as pernas como na distância para o tejadilho. A bagageira, com os seus 284 litros é limitada, o desnível entre a moldura do portão e o fundo também não ajuda, sobretudo nas operações de descarga. Há um pequeno fundo falso, com o kit de reparação de pneus e algum espaço, mas o acesso é pouco prático.

Novo motor 1.5 três cilindros

A quarta geração do Yaris recebe um novo motor 1.5 de três cilindros e ciclo Atkinson e mais uma evolução do experimentadíssimo sistema híbrido da Toyota que dispensa comentários, além do registo de funcionar na perfeição e conseguir consumos notáveis – e agora a Toyota até tem estudos segundo os quais pode funcionar até 80%do tempo em modo elétrico a velocidades até 130 km/h….

Entre as mudanças, a bateria passou a ser de iões de lítio é mais potente e mais leve. A caixa de velocidades, sem surpresa, continua a ser a CVT eletrónica, mas deve registar-se que o excelente trabalho de insonorização realizado até ameniza o ruído de funcionamento da transmissão quando se pede mais ao motor ou, por exemplo, se recorre ao modo Sport de forma a ganhar mais alguma vivacidade. Continua a ser, para mim, mais para experimentar do que para usar frequentemente. Aliás, as honestas prestações – 9,7 segundos de 0 a 100 e 175 km/h em velocidade de ponta – não convidam a grandes habilidades.

Ora, não convidam mas a verdade é que este Yaris é despachado e serve-se da nova plataforma para dar uns ares de graça em termos de agilidade e comportamento em curva, apesar da suavidade da suspensão. Há uma ligeira tendência para o adornamento e o ESP contraria, serenamente, as veleidades quando se passa dos limites. Mas curva depressinha e mostra-se bem mandado. Receita equilibrada, que faz deste Toyota um carro agradável de guiar, até por ter uma direção muito equilibrada para o tipo de proposta.

Consumos interessantes e mancheia de equipamento

Em termos de consumos consegui resultados interessantes, desta vez só comigo a bordo. É fácil rolar ligeiramente abaixo dos cinco litros e a eficiência é notória em cidade. No percurso suburbano e sem preocupações de poupar, o computador de bordo registou 5,5 e na autoestrada, com o cruise control nos 120 e algum tráfego, 5,3 litros aos 100.

Quanto a equipamento esta Premier Edition é um verdadeiro catálogo e tão vasto que até justifica o preço: tejadilho panorâmico, vidros escurecidos, ar condicionado automático bizona, bancos desportivos em tecido e pele sintética, botão start/stop, acesso mãos livres, sensores de luz e chuva, câmara de marcha atrás, travão eletrónico, sistema de som JBL com oito colunas, volante multifunções em pele, faróis LED, tecnologia usada na iluminação diurna, luzes de nevoeiro e óticas traseiras, máximos automáticos, reconhecimento de sinais, head-up display projetado, cruise control adaptativo, aviso de saída de faixa, travagem de emergência, sistema pré-colisão e jantes de 17 polegadas em liga maquinadas.

Um híbrido económico, despachadinho, agradável de guiar, bem vestido e recheado com ambiente a condizer. Pena que o espaço não seja mais generoso neste novo Toyota Yaris, para se gozar mais à-vontade uma comodidade a registar e a insonorização melhorada. O preço paga a tecnologia e o catálogo de equipamento.

Este Yaris, concorrente a Carro do Ano e nas categorias de Citadino e Híbrido do Ano, tem garantia de sete anos.

FICHA TÉCNICA

Toyota Yaris Hybrid Premier Edition

Motor: 1490 cc, três cilindros, injeção direta, ciclo Atkinson

Potência: 92 cv/5600 rpm

Binário máximo: 120 Nm/3600-4800 rpm

Motor elétrico:  síncrono de magneto permanente

Bateria: iões de lítio (0,76 kwh)

Potência: 80 cv

Binário: 141 Nm

Potência combinada: 116 cv

Transmissão: variação contínua com controlo eletrónico

Aceleração 0-100: 9,7 segundos

Velocidade máxima: 175 km/h

Consumo: 4,1 litros/100 km

Emissões CO2: 92 g/km

Dimensões: /C/L/A) – 3940/1745/1500 mm

Bagageira: 286 litros

Peso: 1085 kg

Preço: 25 990€, versão ensaiada; desde 24 840€